Adolfo Casais Monteiro
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Adolfo Casais Monteiro(1908,Porto - 1972,São Paulo), importante escritor da língua portuguesa.
Adolfo Victor Casais Monteiro, nascido na cidade do Porto em 1908, veio a morreu em São Paulo no ano de 1972. Exilara-se em 1954 no Brasil (onde ensinou em várias universidades, com uma breve passagem pelos EUA nos seus últimos anos) por motivos políticos, mas não só, na verdade, a opção pelo Brasil, deveu-se sobretudo a um desejo de liberdade.
Com uma educação típica de um filho da burguesia portuense liberal, sempre revelou capacidades artísticas. No decorrer da sua licenciatura, na Faculdade de Letras do Porto, em Ciências Históricas e Filosóficas, estreia-se nas Letras com os poemas de Confusão (1929). Embora nunca ostente a sua formação em Filosofia, ela será importante em dois aspectos: o interesse pela conceptualização e pela Linguagem, e o norte orientador da liberdade. Nessa altura já participava na direcção da segunda série de A Águia. Também nesses anos inicia a sua colaboração com a revista coimbrã Presença, em cuja direcção se integra em 1931, formando o que se torna a direcção «definitiva» da folha de arte e crítica até ao seu fim. A sua criação literária é já nestes anos dominada por dois géneros: a poesia e o ensaio. Poeticamente, fará a ponte, entre o Modernismo da geração de 1915 (da qual recebe forte influência de Álvaro de Campos) e a poesia da segunda metade do século, que terá na sua Obra um raro interlocutor com a geração dos anos de 1930/40.
Na década de [[1930] data também o início relevante da sua actividade política, no Movimento Renovação Democrática. Uma actividade anti-ditatorial aproximá-lo-á também, pelo menos em comparação com a imagem pública dos restantes directores da Presença, dos meios politicamente influentes entre os jovens oposicionistas dessa altura, denominados neo-realistas para melhor escapar à perseguição oficial aos comunistas. Contudo, como na altura todos perceberam e, mais tarde, já no Brasil, continuou a ser nítido, nunca foi comunista nem, sequer, marxista. Casa-se com Alice Pereira Gomes, irmã de Soeiro Pereira Gomes, de quem só se separa um ano após partir para o Brasil, duas décadas mais tarde. No final da década de 1930 e na década seguinte foi demitido do ensino (1937) e preso sete vezes. Os anos da década de 1940 são particularmente férteis em termos poéticos: Canto da nossa Agonia (1942), Noite Aberta aos Quatro Ventos (1943), Versos (1944, reunião dos três livros de poesia anteriores) e, com particular destaque, Europa (1946), longo poema lido por António Pedro aos microfones da BBC de Londres ainda durante a guerra (1945). Por fim, em 1949, outra colectânea poética, Simples Canções da Terra. Em 1945 publicara já Adolescentes, o seu único romance. E, sob anonimato, coordena o Mundo Literário, semanário literário. Não menos relevante é a sua ligação com Fernando Pessoa, que data dos dias em que dirigira Presença. Logo em 1942 organizara e prefaciara uma antologia poética de Fernando Pessoa, que conhecerá sucessivas reedições e influenciará sucessivas gerações de leitores.
Em 1954, ano em que parte para o Brasil para participar num congresso mas já com a intenção de aí ficar e enviar uma «carta de chamada» para a mulher e o filho (João Paulo Monteiro, que se lhe juntará em 1963), publica Voo sem Pássaro Dentro (poesia) e vê um antologia de poema seus surgir em castelhano. No Brasil mantém actividade poética (surgirá em 1969, como original nas Poesias Completas, O Estrangeiro Definitivo), além de continuar a organizar antologias, com destaque para A Poesia da Presença (1959, no Brasil, 1972, Portugal), recentemente reeditada em Portugal (2003). Contudo, é sobretudo à crítica e à teoria literária que se dedica. Colaborador habitual de órgãos de comunicação social influentes (O Globo, O Estado de São Paulo), publica regularmente crítica literária que incide equitativamente sobre autores brasileiros, portugueses e escritores de outras línguas. Tendo ensinado em várias universidades brasileiras, fixa-se em 1962 na Universidade de São Paulo (Araraquara), leccionando Teoria da Literatura.
Manteve sempre em vista a actividade artística e literária em Portugal (onde nunca voltou), como as dedicatórias dos poemas dos últimos livros deixam perceber.