Fortaleza General Artigas
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A Fortaleza General Artigas, popularmente conhecida como Fortaleza del Cerro ou Fuerte del Cerro, localiza-se na cidade e Departamento de Montevidéu, no Uruguai.
Em posição dominante sobre o monte mais elevado da região (popularmente denominado como El Cerro, na cota de 132 metros acima do nível do mar, no lado oposto da baía), tinha como função a defesa da povoação e seu porto, à margem esquerda do rio da Prata. Trata-se da última fortificação espanhola construída no Uruguai.
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[editar] História
[editar] Antecedentes
Desde 1680, com o primeiro estabelecimento da Colônia do Sacramento por tropas portuguesas oriundas da então Capitania do Rio de Janeiro, iniciou-se a disputa pela posse da margem esquerda do rio da Prata, superando-se o disposto no Tratado de Tordesilhas (1494). Após idas e vindas, militares e diplomáticas, conduzidas por ambas as Coroas, por volta de 1723, tropas portuguesas, sob o comando de Manuel de Freitas da Fonseca, principiam um novo estabelecimento na baía de Montevidéu. Em resposta, uma expedição oriunda de Buenos Aires, organizada pelo Governador e Capitão General do Rio da Prata, D. Bruno Mauricio de Zabala, expulsou essas tropas no ano seguinte, arrasando o estabelecimento. Visando prevenir futuras incursões, foi iniciado o povoamento espanhol do local, a princípio com seis famílias provenientes de Buenos Aires, às quais se juntaram, posteriormente, outras famílias, trazidas das Ilhas Canárias. A cidade foi, desse modo, fundada em 24 de Dezembro de 1726, denominando-se San Felipe y Santiago de Montevideo, vindo a converter-se no principal porto do Vice-reinado do Prata.
Datam deste contexto os primeiros projetos para a sua fortificação, da autoria do engenheiro militar Domingo Petrarca, de 1724 a 1727, visando implantar um vasto complexo fortificado semelhante ao Cartagena das Índias. De acordo com as Leis das Indias, a cidade recebeu planta ortogonal, tendo sido cercada de muralhas abaluartadas em todo o seu perímetro, convertendo-a em uma respeitável Praça-forte. A chamada Ciudadela localizava-se no lado Oeste da atual Praça da Independência, na Cidade Velha. No cimo da elevação do Cerro foi erguido um pequeno forte, sob a invocação de São Miguel (Fuerte de San Miguel).
[editar] A fortificação setecentista
Alguns autores afirmam que em 1781, foi estabelecida uma vigia no local, com a função de observação daquele trecho da costa.
A 3 de fevereiro de 1807, tropas britânicas sob o comando do general Sir Samuel Auchmuty e do almirante Sir Charles Stirling ocuparam Montevidéu, que seria libertada a 9 de setembro do mesmo ano, após a rendição de John Whitelocke diante das milícias combinadas de orientais e de argentinos oriundos de Buenos Aires. Posteriormente, na seqüência das lutas pela Independência da América Espanhola, na revolucão de Maio de 1810 e durante o levante revolucionário das Províncias do Rio da Prata, Montevidéu se manteve fiel às autoridades espanholas.
Foi nesse contexto que se construiu o Fuerte del Cerro, iniciado em 1809, com o objetivo de proteger o farol recém-construído no local (que se eleva a 148 metros acima do nível do mar), e de reforçar as defesas da cidade após a invasão britânica de 1807. Com projeto do engenheiro militar José del Pozo, a fortificação foi concluída em 1811, ainda sob o governo espanhol de Francisco Javier de Elío.
Montevidéu foi conquistada por tropas portuguesas sob o comando de Carlos Frederico Lecor em 1817, vindo a tornar-se capital da Província Cisplatina em 1821, às vésperas da Independência do Brasil, quando passou a integrar os domínios do novo país (1822).
[editar] Da Independência aos nossos dias
Com a Independência do Uruguai, Montevidéu passou a ser capital da República Oriental del Uruguay (1828).
No contexto da Guerra contra Oribe e Rosas (1850-1852), em virtude do Tratado de Aliança Ofensiva e Defensiva, assinado a 29 de Maio de 1851, entre o Império do Brasil, a República do Uruguai e a Província argentina de Entre-Rios, este forte, na capital uruguaia, foi guarnecido por 300 soldados brasileiros do 6º Batalhão de Caçadores.
Em 1882, a fortificação foi rebatizada como Fortaleza General Artigas, em homenagem a José Gervasio Artigas (1764-1850), herói da independência do país.
Após sobreviver ao terremoto de 1888, mas perdida a sua função militar, já no século XX a fortificação foi desativada, sofrendo uma primeira intervenção de restauro (1930), vindo a ser considerada como Monumento Histórico Nacional no ano seguinte, até vir a se converter em espaço museológico, em 1939, com projeto do historiador uruguaio Horacio Arredondo.
Atualmente, abriga um museu de armamentos (Museo Militar Fortaleza General Artigas) e uma exposição sobre a história militar do Uruguai, aberta diáriamente, de terça a domingo.
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