Antônio Guedes de Brito
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Antônio Guedes de Brito (Salvador, c. 1627 - morro do Chapéu, 1692 ou 1694), foi um poderoso pecuarista brasileiro.
Era filho de Antônio de Brito Correia e Maria Guedes, cujo avô materno era tabelião (e Guedes de Brito lega o tabelionato a um enteado). Foi batizado em Salvador, a 13 de fevereiro de 1627.
Na Jacobina, tinha chãos de sua propriedade. Foi chamado dos «maiores e mais dignos nomes brasileiros na Colônia», um dos grandes sertanistas da segunda metade do século XVII na luta contra índios e contra escravos fugidos que se estabeleciam em quilombos.
Os cronistas consideram notáveis seus serviços de defesa à Bahia e ao Brasil nas lutas contra a invasão holandesa . Comandou forças cuja manutenção despendia de sua fortuna pessoal. Em fevereiro de 1667 foi empossado como Capitão de Infantaria, em dezembro de 1667 elevado a Sargento-Mor e em janeiro de 1671 Mestre de Campo.
Proprietário do ofício de tabelião, como o pai e o avô. Povoou terras entre o rio Jacuípe e Itapicuri. Estabeleceu numerosos currais de gado nas regiões que pacificava, sobretudo na Jacobina. Era chamado «mestre de campo e regente do São Francisco».
Descrito como «grande sertanejo e guerreador do índio hostil», em 1650 o encontramos à frente de bandeira na região da Jacobina, devassando os sertões do Morro do Chapéu. Acabaria dono de um dos maiores latifúndios do Brasil colonial, 150 léguas do Morro do Chapéu até as aguas do Rio das Velhas, tendo instituído o morgado da Casa da Ponte.
Em 20 de março de 1676 uma petição queixa da Companhia de Jesus ao Regente D. Pedro, futuro Pedro II, serviu de parecer ao Conselho Ultramarino desta data: João Peixoto Viegas, em 1672 e 1673 senhor de mais de 150 léguas de terras, potentado na Bahia, pedia aos jesuítas que assistissem e doutrinassem uns índios bárbaros tapuias do território onde tinha currais. Os padres aceitaram, civilizaram as almas pois dos índios, uns 900, 600 se tornaram cristãos. Viegas se opôs então à transferência desejada pelos dois missionários, para o litoral, para Serinhaém, a 15 léguas de Salvador! Munido de provisão do governador Afonso Furtado de Mendonça (que possivelmente desconhecia os antecedentes) se aposseou de 200 índios e os levou para novos territórios que, a título de minas que se haviam descoberto, estava a 70 léguas da Bahia - sem confessor, sem sacramentos, sem doutrina. E, por estranha combinação, este outro grande proprietário, Antônio Guedes de Brito, foi ao mesmo aldeamento com uma nova provisão do mesmo Governador e tirou outra quantidade que conduziu para seus currais próprios. Sobaram aos jesuitas 80 índios.
O mestre de campo Guedes de Brito tinha 111 léguas por heranças, compras e sesmarias. Além da metade da mata de São João e a sesmaria que ia do rio Itapecuru ao São Francisco e deste ao Rio Pernassu. Os limites dessa enorme sesmaria eram desconhecidos. Viegas tinha mais ou menos 150 léguas de terra, 120 só na sesmaria de Jacoipê até ao Pernassu.
Participou do Governo na Junta interina que governou o Brasil de 26 de novembro de 1675 a 15 de março de 1678, sendo elevado a fidalgo cavaleiro em 18 de março de 1679 por alvará em que era citado como «natural da Bahia onde o batizaram em 13 de fevereiro de 1627». Tudo isso assente no Livro 3 de matrícula fls 202. Pelos serviços prestados no Brasil desde o posto de soldado até o de mestre de campo: era capitão desde 27 de fevereiro de 1665; sargento-mor em 10 de outubro de 1667; mestre de campo em 31 de janeiro de 1671.
Em 1681 este coronel Antônio Guedes de Brito, juiz do senado da câmara da Bahia e grande proprietário de currais na região de Santana do Morro do Chapéu, acudiu ao vice-rei, e armou uma forte expedição com a qual desbaratou bandoleiros e índios, « limpando o caminho» até o rio das Velhas. Como prêmio dos feitos, obteve a concessão de vasto território onde fundou as Fazendas onde mais tarde assentaria a base de sua opulência o bandoleiro Manuel Nunes Viana, agregado de Guedes de Brito no início da vida. Estendeu sua ação até o atual distrito do Papagaio, hoje no municipio de Curvelo, onde deixou como administrador de suas propriedades outro seu agregado, o capitão de auxiliares Martinho Afonso de Melo.
[editar] Casamento e posteridade
Faleceu subitamente, entre 1692 e 1695 - no sertão do Morro do Chapéu ou em viagem ao Rio das Velhas. Alguns historiadores o dizem casado com uma Maria Madalena de Siqueira, paulista, irmã do sertanista Manuel Afonso Gaia; outros o dizem casado com Guiomar Ximenes de Aragão, de quem não teve filhos. Todos são unânimes em dizer que teve de uma Serafina de Souza ou de Souza Dormundo, filha de Manuel de Souza Dormundo e Maria Correia, uma filha, Isabel Guedes de Brito, legitimada, que passou a sua herdeira. Mais tarde, enviuvando, D. Isabel entregaria o trato de seus interesses e procuração ao notório Manuel Nunes Viana, aumentando enormemente seu poder, que se refletiu na Guerra dos Emboabas contra os paulistas na região do Rio das Mortes.
Com os restos mortais desta última senhora foram sepultados os seus em 1733, pois existe com tal data uma sepultura na antiga Igreja dos Jesuítas de Salvador.