Nelson da Rabeca
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Nelson dos Santos, conhecido como Nelson da Rabeca (Joaquim Gomes, 12 de março de 1929) é um instrumentista. e compositor brasileiro.
Assim como sua família, sua principal ocupação sempre foi a agricultura, principalmente a lavoura da cana-de-açúcar. Casado com Benedita, tem dez filhos.
Sem ter frequentado escola, portanto, sem saber ler, e sem precedentes musicais na família, aprendeu a tocar rabeca sozinho, já por volta dos cinquenta anos.
[editar] Dados artísticos
Sediado em Marechal Deodoro, em Alagoas, paralelamente ao trabalho na agricultura, toca rabeca e compões baiões, xotes, marchas e forró pé-de-serra. Também toca acordeão. Começou a construir rabecas na década de 1970, alcançando renomada originalidade e perfeição no ofício que aprendeu sozinho, seguindo um processo de experimentação, até chegar a um resultado que lhe satisfizesse. Para seu trabalho, pesquisa madeiras diferentes, objetivando a beleza e o resultado sonoro do instrumento. Sua madeira preferida é a jaqueira que, segundo ele "além de ser bonita e dar bom som, não acaba nunca". Escolhe madeiras duras e pesadas para a construção de seus instrumentos que têm como marca serem robustos e resistentes.
Com o apuro de seu trabalho como compositor, instrumentista e especialmente como construtor de rabecas, tornou-se conhecido na comunidade de Marechal Deodoro, mas foi com a pesquisa de José Eduardo Gramani, que ganhou reconhecimento não só em Alagoas, mas também de estudiosos de vários pontos do Brasil. Gramani, ao entrar em contato com a primeira rabeca de Nelson, ficou tão impressionado, com aquele meio de expressão musical e com sua riqueza timbrística que se sentiu inspirado a compor vários temas, que se tornaram peças específicas para aquela rabeca. Essas peças tiveram registro em um CD, gravado em 1994.
Em 1998, objetivando fortalecer esse reconhecimento, foi fundada a "Associação dos Amigos de Nelson da Rabeca", encabeçada por artistas, intelectuais e agentes culturais alagoanos, que vêem nele um dos mais legítimos representantes da cultura popular alagoana e que, voluntariamente, promovem seu trabalho artístico.
Seu processo de construção se mistura ao processo de composição, como esclarece a pesquisadora Ana Salvagni, sobre ele, em depoimento a Luiz Flaminghi: " A lembrança que tenho, é que, normalmente,ao tocar uma nova rabeca pela primeira vez, ele experimentava uma música feita para uma outra rabeca, e não funcionava. Exatamente para entendê-la, ele compunha uma peça. Entãoa música composta especificamente para aquela rabecanova surgia quase no momento em que ele a tocava a primeira vez. Era um processo natural, ele tinha uma rapidez para assimilar a sonoridade do novo instrumento e quando este possuía boas condições e som interessante, as composições iam surgindo muito depressa".
São diversos os músicos e pesquisadores que, atestando a qualidade dos instrumentos de Nelson, registraram sua admiração e respeito a ele, o musicólogo Wagner Campos, sobre ele, afirmou: "Dominando todos os processos de sua arte musical, do corte da madeira,passando por todas as etapas específicas da construção de cada um de seus instrumentos, até a criação e interpretação de suas próprias composições, Seu Nelson trabalha apoiado em um sabedoria secular, representando o ponto de chegada de conhecimentos muito antigos trazidos na bagagem dos colonizadores, diminuíndo distâncias entre passado e presente, tradição e atualidade".
Em 2003, foi convidado para entrevista, apresentando-se no "Programa do Jô", na TV Globo.
[editar] Dica de leitura
- GRAMANI, Daniella (Org.). Rabeca, o som inesperado. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 2002.