Sambaqui
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- Nota: Para outros significados de Sambaqui, ver Sambaqui (desambiguação).
Sambaqui (do tupi tamba'kï; literalmente "monte de conchas") são depósitos humanos de materiais orgânicos, calcários, empilhados ao longo do tempo e sofrendo a ação da intempérie, que acaba por promover uma fossilização química, pois a chuva deforma as estruturas dos moluscos e dos ossos enterrados, difundindo o cálcio em toda a estrutura e petrificando os detritos e ossadas porventura ali existentes. São comuns em todo o litoral do Atlântico, sendo mais raros no Pacífico, mas notando-se exemplares até no norte da Europa. O formato varia do cônica ao semi-esférico. São chamados de concheiros, casqueiros, berbigueiros ou até mesmo pelo termo em inglês shell-mountains ou dinamarquês kjökkenmöding.
No século XIX, esses monumentos pré-históricos foram visitados pelo Imperador D. Pedro II, exímio naturalista, que por eles se encantou; no século XX, foram alvos de estudos por parte da Universidade de São Paulo, e atraíram a atenção de Paul Rivet, o lendário Diretor do Museu do Homem de Paris, e “pai” da moderna Antropologia americana. No litoral sul do Brasil foram estudados pelo arqueólogo João Alfredo Rohr.
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[editar] Uso
Os especialistas definiram três teorias para o uso dos sambaquis:
- Os sambaquis não eram o local de moradia desse grupo; eram simplesmente os “lixões” onde eram depositadas as sobras da alimentação, as carcaças dos crustáceos e as ossadas de peixes e pequenos mamíferos que serviam de alimento; por motivos desconhecidos, passaram a abrigar sepulturas humanas, sendo que a intempérie dissolveu as camadas superiores do sambaqui, fazendo uma petrificação por cálcio dos esqueletos imersos no núcleo do sambaqui, conservando-os, e a seus adornos funerários, pelos milênios.
- Diferente na primeira no ponto sobre o uso como moradia. Os sambaquis seriam sim depósitos dos diversos materiais citados mas seriam usados como habitação temporária. Isso explicaria as sepulturas humanas encontradas.
- Os sambaquis teriam somente aproveitamento humano para acampamentos temporários.
[editar] Desaparecimento
O desaparecimento gradual dos sambaquis, principalmente da costa brasileiras deve-se a alguns fatores:
- Esgotamento de alimentos.
- O surgimento de grupos humanos agricultores, que absorviriam ou exterminariam a população habitante dos sambaquis.
Atualmente a desaparecimento dos sambaquis pelos següintes motivos:
- Destruição dos mesmos pela indústria extrativista para a produção de cal.
- Construções irregulares e crimes ambientais
[editar] Referências
- MADRE de Deus, Frei Gaspar da. Memórias para a Capitania de São Vicente, hoje chamada de São Paulo - obra rara, editada em 1923; um dos poucos exemplares remanescentes encontra-se sob a guarda do Arquivo Histórico da Prefeitura Municipal de Cubatão - SP;
- DUARTE, Paulo. O Sambaqui visto através de outros Sambaquis. SP: EDUSP, 1968.
- AGUIAR, Rodrigo L. S. (2000). Arte Indígena e Pré-histórica no Litoral de Santa Catarina. Florianópolis: Bristot.
- Anais do Museu de Antropologia da UFSC de 1984. Florianópolis: Imprensa Universitária.
- BASTOS, Rossano Lopes. (1994) . A utilização dos recursos naturais pelo homem pré-histórico na Ilha de Santa Catarina. Tese de Mestrado, UFSC.
- BECK, Anamaria . (1968). A variação do conteúdo cultural dos sambaquis. Arqueologia da Área do Prata. Pesquisas Nº18. São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas.
- BRYAN, Alan Lyle. (1961). Excavation of a brazilian shell mounds. Science of Man Magazine.
- DE MASI, Marco Aurélio Nadal. (1991). O sítio arqueológico da Armação do Sul. Tese de Mestrado. São Leopoldo: Unisinos.
- PASSERANI, Marildo & CUNHA FERREIRA, Cesar (2004). O Vale Perdido - Pré, Proto e História de Cubatão. Cubatão: Gráfica da SEDUC.
- PASSERANI, Marildo & CUNHA FERREIRA, Cesar (2005). Cubatão: Rainha das Serras - Coleção Conto e Encanto com minha cidade. São Paulo: Noova América.
- FARIA, L. de Castro. (1959) O problema da proteção aos sambaquis. Separata dos Arquivos do Museu Nacional. Rio de Janeiro: Vol. XLIX: 95-138, 31 de dezembro.
- LAMING, Annette & EMPERAIRE, José. (1959). A jazida José Vieira - Um sítio guarani e pré-cerâmico do interior do Paraná. Curitiba: Publicação do Conselho de Pesquisas da Universidade do Paraná.
- PIAZZA, Walter. (1965). Estudos de sambaquis. UFSC, Instituto de Antropologia, série arqueológica Nº2. Florianópolis.
- ROHR, João Alfredo. (1960) Pesquisas paleo-etnográficas na Ilha de Santa Catarina - Nº2. Pesquisas N 8. São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas.
- ROHR, João Alfredo. (1961). Pesquisas paleo-etnográficas na Ilha de Santa Catarina e notícias prévias sobre sambaquis da Ilha de São Francisco - Nº3. Pesquisas N 12. São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas.
- ROHR, João Alfredo. (1977). O sítio arqueológico do Pântano do Sul. Florianópolis: Edição do Governo do Estado de Santa Catarina.
[editar] Portugal
- Os concheiros de Muge (concheiro Cabeço da Arruda; Moita do Sebastião e Cabeço da Amoreira);
- Os concheiros dos Sado;
- Os concheiros algarvios.
[editar] Páginas Externas
- Dossiê sobre os sambaquis catarinenses
- Página pessoal sobre os sambaquis de Santa Catarina
- Sambaqui de Saquarema - RJ
- Estudo sobre os sambaquis
- Destruição dos sambaquis para a extração de cal
- Estudos químicos nos sambaquis
- Fotos de uma escola visitando um sambaqui
- Museu do Homem do Sambaqui "Padre João Alfredo Rohr, S.J."