Teatro Municipal de São Paulo
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O Theatro Municipal de São Paulo (por razões históricas mantém-se oficialmente o "h") é um dos mais importantes da cidade e um dos cartões postais da capital, tanto por seu estilo arquitetônico semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo como pela sua importância histórica, por ter sido o palco da Semana de arte moderna de 1922, o marco inicial do Modernismo no Brasil. Foi construído para atender principalmente à ópera. Abriga a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e o Coral Lírico.
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[editar] História
[editar] Idealização, construção e inauguração
A idealização de um majestoso teatro para a capital paulista baseou-se na crescente importância da cidade em âmbito nacional, esta que no início do século XX abrigava a alta burguesia brasileira, da qual grande parte tinha seus negócios nas lavouras de café, que concentravam um bom número de italianos em São Paulo. A cidade contava apenas com o Teatro São Bento, que após um incêndio ficou incapacitado de receber espetáculos estrangeiros, e a aristocracia paulistana pedia pela criação de um novo teatro, com estrutura semelhante a dos melhores teatros do mundo e capaz de abrigar grandes espetáculos de ópera.
O local escolhido para a construção foi o Morro do Chá, que já abrigava o novo Teatro São José. Ramos de Azevedo foi o engenheiro designado para a construção, tendo também a colaboração dos arquitetos italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi. Em 1903 a obra pública foi iniciada e São Paulo ganhou um dos melhores palcos do mundo para a apresentação de espetáculos, principalmente óperas. Como era de costume as construções terem um estilo eclético, a maioria dos materiais foi importada da Europa, tendo como referência arquitetônica o Teatro alla Scala, de Milão. A obra durou cerca de 8 amos.
Em sua primeira noite de espetáculo, foi encenada a ópera “Hamlet”, de Ambroise Thomas, o que inseriu São Paulo no roteiro internacional dos grandes espetáculos. Antes dessa apresentação, a noite foi iniciada com “O Guarani”, pois a idéia inicial era a apresentação de um canto lírico brasileiro, mas a companhia, comandada pelo italiano Tito Ruffo, famoso barítono da época, não contava com nenhuma obra nacional no seu repertório. Outros problemas aconteceram antes da estréia. Os cenários não chegaram ao Brasil a tempo e, na nova data marcada mais um atraso, causando uma grande aglomeração de carros puxados a cavalo e automóveis.
A nova data, dia 12 de Setembro de 1911,superou todas as espectativas do público em geral e da alta sociedade paulistana, que compareceu a caráter e também, segundo relatos da época, se impressionou com a bela iluminação interna e externa do local além do próprio espetáculo, sendo que alguns ficaram nos jardins do local até tarde de noite após a exibição.
[editar] Os primeiros anos
No período de 1912 a 1926, o teatro apresentou 88 óperas de 41 compositores, sendo 17 italianos, 10 franceses, 8 brasileiros, 4 alemães e 2 russos, totalizando 270 espetáculos. Mas o fato mais marcante do teatro no período e talvez em toda a sua existência não foi uma ópera e sim um evento que assustaria e indignaria grande parte dos paulistanos na época: a semana de arte moderna de 1922.
[editar] A Semana de Arte Moderna no Theatro Municipal
De 11 a 18 de Fevereiro, o Theatro Municipal sediou um evento modernista que veio a ser conhecido como a Semana de Arte Moderna de 1922. Durante os sete dias de evento ocorreu uma exposição modernista e nas noites dos dias 13, 15 de fevereiro e 17 aconteceram apresentações de música, poesia e palestras sobre a modernidade no país e no mundo.
O Modernismo pregava a ruptura de todo e qualquer valor artístico que existira até o momento, propondo uma abordagem totalmente nova à pintura, à literatura, à poesia e aos outros tipos de arte. A "Semana" contou com nomes já consagrados e outros futuros grandes expoentes do modernismo brasileiro, entre eles: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti Del Pichia (que formavam o Grupo dos Cinco), além de Víctor Brecheret, Heitor Villa-Lobos e Di Cavalcanti.
[editar] Meados do século XX
Com o passar dos anos, o teatro que havia sido feito quase que exclusivamente para a ópera mostrou-se capaz de abrigar outros eventos artísticos, como, além da Semana de Arte Moderna, performances de bailarinas como Anna Pavlova e Isadora Duncan.
Nas décadas seguintes, sua opulência foi desaparecendo devido a outras construções nos arredores que acompanhavam o crescimento de São Paulo, como, por exemplo, o Edifício do Banespa. Na década de 60, durante a gestão do prefeito Faria Lima, suas instalações passaram pela primeira reforma, na qual as paredes do teatro foram pintadas e o projeto original ficou descaracterizado.
Quanto mais os anos passavam, apesar de ainda gozar de grande respeito, o Theatro Municipal, com suas exibições, foi perdendo espaço como centro de cultura para a população, que passou por diversas transformações sociais e culturais durante todo o século. Assim, as apresentações do teatro ficaram voltadas apenas para um público muito seleto.
[editar] Final do século XX aos dias atuais
Na década de 80, o teatro passou por uma segunda reforma, iniciada na gestão do prefeito Jânio Quadros. Essa teve como intuito restaurar o trabalho de Ramos de Azevedo. E para isso buscou-se tamanha fidelidade que a fachada externa foi restaurada com arenito vindo da mesma mina que forneceu o material para a construção original do prédio no início do século. A reforma terminou em 1991 já sob a gestão de Luiza Erundina.
Atualmente, estando próximo de completar 100 anos, o Theatro Municipal de São Paulo é considerado um dos palcos de maior respeito no país, tendo abrigado apresentações dramáticas e óperas de grandes nomes nacionais e internacionais.
[editar] Personalidades que passaram pelo Theatro Municipal
- Carla Fracci
- Rudolph Nureyev
- Titto Ruffo
- Enrico Caruso
- Maria Callas
- Bidu Sayão
- Tito Schipa
- Arturo Toscanini
- Procópio Ferreira
- Cacilda Becker
- Vivien Leigh
- Raymond Jérôme
- Mário de Andrade
- Oswald de Andrade
- Tarsila do Amaral
- Anita Malfatti
- Menotti Del Pichia
- Víctor Brecheret
- Heitor Villa-Lobos
- Di Cavalcanti
- Lasar Segall
- Márcia Haydée
- Mikhail Baryshnikov
[editar] Ver também
- Semana de arte moderna de 1922
- Ramos de Azevedo
- Viaduto do Chá
- Lista dos principais teatros do Brasil