Abril Peres de Lumiares
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Abril Peres, senhor do couto de Lumiares, foi um rico-homem português da primeira metade do século XIII (c. 1190 – 1245), cuja violência, na época, se tornou proverbial.
Por via paterna (Pedro Afonso Viegas), era bisneto do aio de Afonso Henriques, Egas Moniz; por via materna (Urraca Afonso, senhora de Aveiro), era neto bastardo do primeiro rei português. O couto de Lumiares, de que era senhor, herdou-o por via de seu pai.
Abril Peres viveu a maior parte da sua vida adulta no conturbado período do reinado de Sancho II de Portugal, tendo assistido e mesmo tomado parte nas grandes lutas pelo poder que se verificaram durante o reinado do quarto rei português. Foi nomeado chanceler do reino em 1226, tendo exercido o cargo provavelmente até 1228, data em que os registos confirmam estar à frente da chancelaria Pero Anes da Nóvoa.
Foi depois tenens de um vasto domínio na Beira – que se estendia desde Lamego ao Norte até Gouveia (na região de Rio Torto) ao Sul –, sendo investido sucessivamente pelo rei na alcaidaria dos Castelos de Tarouca (a partir de 1227), São Martinho de Mouros (década de 1230), Numão (começos da década de 1240) e Lamego (depois de 1242 e até 1245).
Quando era alcaide de Numão, exigiu daquele Concelho os lugares entre Cedovim, Longroiva e Muxagata que, pela sua importância, conseguiu. Em Fevereiro de 1242, solicitou ao mesmo concelho que lhe fosse cedida a pequena paróquia de Touça, que há muito cobiçava. Como o concelho se recusasse a ceder-lhe a terra, por demasiada, Abril Peres usou da força para a tomar, tendo ferido três homens e morto um outro numa pequena escaramuça para obter o controlo do lugar. Dada a crescente debilidade do poder régio, incapaz de fazer frente às ambições dos grandes senhores terratenentes e de proteger os mais pequenos, o concelho não teve outra opção senão reconhecer a ocupação de Touça por Abril Peres.
Um pouco mais tarde, sendo ainda alcaide de Numão, conseguiu também receber do concelho de Penela da Beira, uma pequena povoação no termo da vila – a vila do Carvalho, totalmente subtraída ao controlo régio, segundo se depreende dum trecho das Inquirições levadas a cabo por Afonso III de Portugal em 1258-1259; Abril Peres construiu aí uma aldeia, na qual não entravam os mordomos e meirinhos do rei, sob pena de serem mortos pelos homens do senhor de Lumiares.
Em 1245, quando o D. Sancho é deposto pelo Papa no Concílio de Lyon, Abril Peres pega em armas juntamente com outros nobres adversos ao partido do rei. Acaba por encontrar a morte em batalha, na chamada lide de Gaia (ou do Porto), em que se opõe aos partidários de D. Sancho II comandados por Martim Gil de Soverosa. Diz-se que a sua mulher, Sancha Nunes de Barbosa, se encerrou na torre do seu Paço, em Lumiares, onde viria a falecer de desgosto.
Entre as disposições do testamento de Abril Peres, a povoação de Touça foi doada ao Convento de São João de Tarouca, e nove casais na vila de Lumiares foram doados ao Mosteiro de Salzedas.
[editar] Descendência
Casou com Sancha Nunes de Barbosa, de quem teve três filhos:
- Pero Abril de Lumiares
- Nuno Abril de Lumiares
- Urraca Abril de Lumiares