Afonso de Portugal (1382)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
- Nota: Se procura outro significado de Afonso de Portugal, consulte Afonso de Portugal.
''[...] ao sabado foram pousar a Ellvas, que eram seis dias do mes de julho. [...] A rrainha, que andava prenhe, avendo treze dias que alli estava, pario hũu filho, e mostrou el-rei mui gram prazer e aquelles que da parte da rrainha eram; e acabados quatro dias morreo: e por sua morte tomarom todollos grandes, que com el-rrei estavom, capas de burell por doo, mais por seguirem voontade d'el-rrei, que por entenderem que era seu filho, ca muitos presumiam que era filho do conde Joham Fernandez, dizendo que el-rrei, por seer adoorado [cheio de dores], aviia tempos que nom dormia com a rrainha; e outros que sse mais estendiam a murmurar, deziam que el-rrei por esta rrazom ho afogara no collo de sua ama. [...]'' |
|
|
D. Afonso (Elvas, 19 — 23 de Julho de 1382), foi o terceiro e último filho havido do casamento do rei português D. Fernando I com D. Leonor Teles de Menezes.
O infante D. Afonso nasceu na alcáçova do Castelo de Elvas, por ocasião de o monarca português se ter deslocado àquela vila com sua esposa e com o seu conselho, por altura da III Guerra Fernandina em que se envolvera com João I de Castela.
Viria a falecer com apenas quatro dias de vida, correndo histórias várias sobre a sua morte. Uns dizem que se ficou a dever ao tempo abafado que se fazia sentir no Alentejo em pleno Verão; outros (como o cronista oficial e guarda-mor da Torre do Tombo, Fernão Lopes) sugerem que o rei D. Fernando, suspeitando da infidelidade da sua esposa, julgasse que o infante era filho do conde de Ourém, João Fernandes Andeiro (que as más línguas da época davam como certo manter uma relação com a rainha), tendo por isso, movido pela raiva, sufocado o jovem D. Afonso no berço. De resto, o próprio cronista afirma mesmo que a Corte só se vestiu de luto para não chocar o rei, visto que a maior parte dos cortesãos achava que Afonso não era filho d'el-rei.
Com a morte do infante, voltava a ser herdeira a única filha lídima e sobreviva do rei, D. Beatriz, então com dez anos de idade, a qual, pelos tratos que se firmariam em Elvas em Agosto seguinte, seria dada em mão ao rei de Castela, prenunciando o início da crise de 1383-1385.