Aleixo de Menezes (Aio)
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D. Aleixo de Menezes foi o 3º filho de D. Pedro de Menezes ou Pedro de Meneses, 1º conde de Cantanhede e de sua segunda mulher D. Beatriz de Melo, filha do Chanceler-Mor Rui Gonçalves de Alvarenga.
Aleixo morreu em 7 de fevereiro de 1569. Celebrizou-se como o aio de D. Sebastião de Portugal.
Muito novo estreou-se na carreira das armas assistindo com seu grande tio D. João de Meneses na tomada de Azamor, em 1513. Passando ao Oriente com o governador Lopo Soares de Albergaria, foi encarregado do comando, como Capitão de uma esquadra de oito navios, com a qual percorreu as costas da Arábia, entrou no combate de Djédá e na tomada de Zeila, e pouco depois defendeu Malaca contra o rei de Bintam (diz a Bibliotheca Lusitana, Tomo I, página 86, que foi «almirante da Armada que no Mar Roxo foi buscar ao soldão de Babilônia e se coroou com triunfos já na conquista de Zeila na costa da Etiópia, já obrigando o rei de Bintao a levantar o cerco de Malaca, tomando-lhe para testemunha da victoria o Forte de Muar guarnecido de 60 peças, já no socorro de Coulâo, reduzido ao ultimo perigo».
Durante uma ausência de Diogo Lopes de Sequeira, governou interinamente os estados da Índia, e voltando ao reino, «conhecendo D. João III que era igual a capacidade de seu juízo à valentia de seu braço», (diz a mesma obra, Tomo I, pag 86) foi de novo a África reformar e prover os presídios de Arzila, Azamor e Tânger, «de que eram Capitães D. João Coutinho, conde do Redondo, o conde do Prado e D. Álvaro de Abranches». «A fama das proezas que obrara no Oriente o habilitou para ser eleito Governador de tão grande Estado», mas D. João III quis «servir-se do seu talento em outros ministerios, de que resultava maior gloria à Coroa, como foram ser Embaixador à Majestade Cesárea de Carlos V, e concluir em o ano 1542 os augustos desposórios da Princesa Dona Maria com o Príncipe de Castela D. Filipe sendo condutor desta Senhora com o lugar de seu Mordomo Mor.» «Por nomeação dos dois monarcas foi eleito padrinho do príncipe D. Carlos (…)», Bibliotheca Lusitana, Tomo I pag 86.
D. João III, que teve sempre a maior consideração por ele, o nomeou aio de seu filho o infante D. João, «que ele modestamente recusou, lembrando do agudo sentimento que ainda conservava pela intempestiva morte da princesa D. Maria». rei o criou mordomo-mor de sua mulher, a rainha D. Catarina, «cujo ofício administrou com suma gravidade» (mesma obra, Tomo I, página 87) e por legado político no seu testamento, o deixou indicado para aio do seu neto D. Sebastião. A escolha era acertada, e poderia ter produzido os mais excelentes resultados se em Portugal não existisse o cardeal infante D. Henrique e não tivesse entrado a Companhia de Jesus.
Recebeu assim a guarda da criação e pessoa de D. Sebastião, aos 9 anos, melindroso encargo, de que tão nobremente se desempenhou até ao momento em que o seu real educando tomou as rédeas do governo, sendo aclamado rei de Portugal. Diz a Bibliotheca Lusitana, Tomo I, pag 87: «Muitas vezes se valia da severidade para reprimir os violentos impulsos daque Príncipe, que já em tão tenra idade degeneravam em excessos.» Com singular modéstia, recusou o condado de Vila de Rei, dizendo que era pobre para tão autorizado título, possuindo unicamente a Alcaidaria mor de Arronches, que se lhe deu em satisfação de uma comenda que se tirara a seu filho.
Prestes estava D. Sebastião a chegar aos seis anos de idade, quando pareceu indispensável tratar-se de escolher mestre que o ensinasse. Divididos foram os pareceres no conselho enquanto à escolha, prevalecendo afinal o do cardeal infante D. Henrique, que opinara e veemente instara para que fosse preferido o padre jesuíta Luís Gonçalves da Câmara. D. Aleixo votara contra a escolha dum religioso para mestre, e concluiu «que qualquer que o mestre fosse, se tivesse advertência em não ter mão em el-rei, mais que nas cousas tocantes a seu cargo, porque algumas vezes ouvira dizer ao imperador Carlos V, que os príncipes instruídos nas artes do governo e guerra tinham ciência bastante em sabendo rezar por umas horas.»
Foi desprezado, graças aos manejos e tenacidade do cardeal infante, grande protector dos jesuítas, seu voto. A carreira militar deste brioso guerreiro devia concorrer para ascender, ainda que involuntariamente, o fatal entusiasmo de D. Sebastião. D. Aleixo era muito sensato e tinha muito bons desejos, mas não podia de certo renegar todas as tradições da sua vida anterior; e o exemplo das acções do aio era mais próprio a excitar do que a moderar os ímpetos do génio cavalheiresco e arrojado do seu jovem pupilo.
Procurou opor-se aos excessos da índole guerreira e das inclinações ascéticas do príncipe, e num documento que os cronistas lhe atribuem, diligenciou chamar a atenção do seu educando para os mais graves perigos. Aconselhava o Rei a desconfiar dos aduladores que procurassem desviá-lo da intimidade de sua avó e do cardeal, precavia contra a exaltação dos seus brios belicosos, rogando-lhe que não arriscasse as forças do reino em impossíveis e temerárias empresas, pedia-lhe que não desse valimento sucessivo aos fidalgos moços, arredando de si os homens experientes e encanecidos na prática dos negócios, continuava manifestando o desejo de que os religiosos não fossem tão amiúde distraídos dos seus deveres próprios para se ocuparem nos negócios profanos da governação do estado, e por fim, como quem conhecia a índole severa e puritana de D. Sebastião, lembrava ao rei que para extirpar abusos inveterados era necessário proceder com grande tacto, e por isso lhe aconselhava, que não ordenasse de leve mudanças nos trajos e nos costumes, que ponderasse muito qualquer alteração na moeda ou nas medidas e pesos estabelecidos, porque tais providencias haviam de levantar sempre descontentamento dos interesses lesados no primeiro golpe e introduzir grande perturbação nas transacções comerciais.
Neste documento, que se encontra no tomo III das Memorias para a historia de Portugal, que comprehendem o governo d'el-rei D. Sebastião, por Diogo Barbosa Machado, há muitas alusões contra o padre Luís Gonçalves da Câmara e os planos da Companhia de Jesus, e no meio de traços fugitivos com que nele são desenhados em geral os perigos principais de que o novo monarca devia afastar-se, sobe esse a figura do confessor; é natural portanto que este, valendo-se da influência que alcançara do rei conseguisse fazer com que D. Aleixo perdesse as boas graças do monarca, mas a Companhia não precisou empregar luta, porque morreu em fevereiro de 1569. Os jesuítas viram-se à vontade, e D. Sebastião deixou-se dominar pela sua índole guerreira, que os lisonjeiros animavam, de que resultou a fatal batalha de Alcácer Quibir, em que Portugal perdeu a independência, ficando sob o domínio de Castela.
[editar] Casamentos
Foi casado duas vezes, a primeira com D. Joana de Menezes, sua sobrinha, filha de D. Henrique de Noronha, nascendo uma filha
- 1 - D. Luísa de Menezes, que casou com D. Pedro de Menezes, 8º senhor de Cantanhede a qual morreu sem filhos, de parto.
Desejando D. João III que «se eternizasse a memória de D. Aleixo na posteridade, ficando reproduzido na sua descendência, lhe ordenou que passaesse a segundas bodas, quando contava 75 anos de idade. Casou assim com D. Luísa de Noronha, filha de D. Álvaro de Noronha, de quem teve numerosa sucessão:
- 2 – D. Luís de Menezes, morto aos 23 anos na batalha de Alcácer Quibir
- 3 – D. Álvaro de Menezes, pagem da Campaninha do Rei D. Sebastião, casado com D. Violante de Távora, filha de D. Vasco de Gama, conde da Vidigueira;
- 4 – D. Pedro de Menezes, da Religião dos Eremitas de Santo Agostinho, ver abaixo seu nome religioso: Frei Aleixo de Menezes.
- 5 – Dona Beatriz, morta na infância
- 6 - D. Mécia, casada com D. Luís Coutinho, 4º conde do Redondo.
[editar] Obra
Obra mencionada na Biliotheca Lusitana, «Voto acerca da qualidade da Pessoa que devia ser eleita para mestre del Rei D. Sebastião», publicada em 1730; «Discurso acerca de ter sido eleito por confessor do Rei D. Sebastião o Padre Luís Gonçalves da Câmara, que era seu Mestre», «Prática feita a el-rei D. Sebastião no dia antecedente à sua coroação».