Análise do comportamento
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A análise do comportamento é a explicação de um evento comportamental dada pela descrição das relações que este evento sustenta com outros eventos (presentes ou passados). O que define a prática do analista do comportamento é a investigação de efeitos (conseqüências) cumulativos (dimensão histórica) de contingências ou interações (passadas e atuais) sobre o desempenho atual do organismo através de um recurso metodológico (a análise funcional, experimental ou não experimental). Baseia-se na identificação de relações funcionais, cujo objetivo é identificar e descrever o efeito comportamental, buscar relações ordenadas entre variáveis ambientais e a ação de um organismo, formular predições confiáveis baseadas nas descrições dessas relações e produzir controladamente esses efeitos predizíves.
- - O objeto da análise do comportamento é o evento comportamental:
- O comportamento é aquilo que se pode observar o organismo fazendo. É mais exato dizer que o comportamento é aquela parte do funcionamento de um organismo que está engajada em agir sobre ou manter intercâmbio com o mundo exterior. (Skinner, "The Behavior of Organisms: an Experimental Analysis").
- - Embora seja muito complexo, ele pode ser investigado como qualquer fenômeno observável:
- Desde que é um processo, e não uma coisa, não pode ser facilmente mobilizado para observação. É mutável, fluido e evanescente, e, por esta razão, faz grandes exigências técnicas da engenhosidade e energia do cientista. Contudo, não há nada essencialmente insolúvel nos problemas que surgem deste fato. (Skinner, "Ciência e Comportamento Humano").
A análise científica do comportamento começa pelo isolamento das partes simples de um evento complexo de modo que esta parte possa ser melhor compreendida. A pesquisa experimental de Skinner seguiu tal procedimento analítico, restringindo-se a situações suscetíveis de uma análise científica rigorosa. Os resultados de seus experimentos podem ser verificados independentemente e sua conclusões podem ser confrontadas com os dados registrados. Assim, fazer análise do comportamento é determinar as características/dimensões da ocasião em que o comportamento ocorre, identificar as propriedades públicas e privadas da ação e definir as mudanças produzidas pela emissão das respostas (no ambiente, no organismo). A essa tríade chama-se contingência tríplice, a unidade funcional da análise do comportamento.
Para Skinner, um evento comportamental é o produto conjunto da história anterior de reforçamento do sujeito. Por reforçamento, entende-se qualquer estímulo que aumenta a probabilidade de respostas. Assim, pode-se dizer que o ambiente (externo - físico, social; interno - biológico, histórico) seleciona grandes classes de comportamento.
Um erro freqüente nas críticas à análise do comportamento é acreditar que, dentro do behaviorismo, a causa de um comportamento é imediata. Pelo contrário, a causa de um comportamento não precisa estar próxima e imediata, já que a causação imediata se opõe à explicação histórica - que, por sua vez, pode ser classificada como a história da espécie, a história do indivíduo e a história da cultura, considerando-se essas três como três níveis de seleção do comportamento. Isso evidentemente ainda passa pelo crivo de uma Análise Funcional de cada elemento destes circunstancialmente. O que faz da Análise do Comportamento uma ciência preocupada com a "prática" e a "função das coisas" na vida do sujeito. Não é somente aniquilar um dado comportamento disfuncional, mas avaliar como implementar novos comportamentos adjuntos e de que maneira isto poderia ser útil na real vivência do paciente.
Embora Freud e os psicodinâmicos estivessem igualmente interessados na base ontológica da ação, Skinner adotou uma posição mais extrema, afirmando que todos estes fatores conhecidos tradicionalmente como mentais são apenas comportamento, e devem ser estudados como tal, sem ganhar posição de causa do comportamento (posição defendida em razão da epistemologia desta ciência, o Behaviorismo Radical, o qual se opõe a explicações do comportamento internalistas, sejam elas de carácter mentalistas ou organicistas). O comportamento pode ser totalmente descrito, isso é, ele é mensurável, observável e perceptível através de instrumentos de medida.
Segundo Skinner, os pensamentos e as emoções não podem ser causa do comportamento. Eles são, antes, classes comportamentais especiais.