António José da Silva
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António José da Silva (Rio de Janeiro, 8 de Maio de 1705 — Lisboa, 18 de Outubro de 1739) foi um dramaturgo e um escritor Português nascido no Brasil, de religião judaica, que viveu numa altura em que os judeus eram perseguidos em Portugal e nas suas colónias, tendo por isso que se afirmar católico (os segregadores chamaram-lhes Cristão-Novos, Marranos ou Conversos).
Nasceu em 1705 no Rio de Janeiro. O seu pai era advogado e poeta, tendo conseguido manter a sua fé judaica secretamente. Sua mãe, Lourença Coutinho foi menos bem sucedida. Foi acusada de ser judia e foi deportada para Portugal onde foi processada pela Inquisição. O pai de António decidiu então partir para Portugal, para estar próximo de sua mulher, levando o jovem António consigo.
António estudou direito na Universidade de Coimbra. Interessado pela dramaturguia, escreveu uma sátira, o que serviu de pretexto às autoridades para o prender. António foi acusado de práticas judaizantes. Foi torturado, tendo ficado parcialmente inválido. Acabaram por liberta-lo.
António iniciou-se na advocacia mas acabaria por se dedicar à escrita, tendo-se tornado o mais famoso dramaturgo português do seu tempo.
Foi um escritor prolífico, tendo escrito sátiras critizando os ridículos da sociedade portuguesa contemporânea. As suas comédias ficaram conhecidas como a obra do "Judeu" e foram encenadas frequentemente no Portugal dos anos da década de 1730. A sua obra seria publicada sob o título "Theatro comico portuguez".
António foi amigo de Alexandre de Gusmão, conselheiro do Rei D. João V.
Em 1737, António foi preso pela Inquisição, juntamente com a sua mãe e a esposa (Leonor de Carvalho, que era sua prima e também judia). A sua mãe e a mulher seriam libertadas.
António foi novamente torturado. Descobriram que ele se tinha circuncisado. Uma escrava negra testemunhou que ele observava o Shabbat.
António José da Silva foi estrangulado e queimado num Auto-de-Fé em Lisboa em Outubro de 1739. Sua mulher, que assistiu à sua morte, morreria pouco depois.
A história de António inspirou Bernardo Santareno, ele próprio de origem judaica, a escrever a novela "O Judeu".
Mais recentemente, a vida de António José da Silva foi encenada por Jom Tob Azulay no filme "O Judeu", de 1995.
[editar] Ver também
[editar] Peças e textos
- Vida do Grande Dom Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pança (1733)
- Esopaida ou Vida de Esopo (1734)
- Os Encantos de Medeia (1735)
- Anfitrião ou Júpiter e Alcmena(1736)
- Labirinto de Creta (1736)
- As Variedades de Proteu (1737)
- Guerras do Alecrim e da Manjerona (1737)
- Precipício de Faetonte (1738)
- Amor Vencido de Amor e Os Amantes de Escabech (ambas perdidas)
- El Prodígio de Amarante (Comédia, escrita em castelhano, cerca de 1737)