Cantigas de escárnio e maldizer
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As cantigas de escárnio e maldizer são um gênero de poesia da Idade Média. Fazem parte do período literário chamado Trovadorismo, que em Portugal encontrou expressão entre os anos de 1189 (ou 1198?) e 1385. Foram escritas, assim como todos os textos populares da época, em galego-português.
A principal característica dessas cantigas é a crítica ou sátira dirigida a uma pessoa real, que era alguém próximo ou do mesmo círculo social do trovador. Apresentam grande interesse histórico, pois são verdadeiros relatos dos costumes e vícios, principalmente da corte, mas também dos próprios jograis e menestréis.
[editar] Cantigas de Escárnio
As cantigas de escárnio utilizam sátiras indiretas para atingir a pessoa satirizada. Faz-se o uso de ironias e expressões de duplo sentido, e o objeto da sátira nunca é identificado, como neste exemplo de cantiga de autoria de João Garcia de Guilhade:
- Ai, dona fea, foste-vos queixar
- que vos nunca louv[o] em meu cantar;
- mais ora quero fazer um cantar
- em que vos loarei toda via;
- e vedes como vos quero loar:
- dona fea, velha e sandia!...
[editar] Cantigas de Maldizer
As cantigas de maldizer são bem mais diretas, chegando a identificar a pessoa satirizada, em alguns casos. O uso de expressões de baixo calão é freqüente, com a clara intenção de difamar o satirizado, como na cantiga de Pero Gargia Burgalés:
- Roi queimado morreu con amor
- Em seus cantares por Sancta Maria
- por ua dona que gran bem queria
- e por se meter por mais trovador
- porque lh'ela non quis [o] benfazer
- fez-s'el en seus cantares morrer
- mas ressurgiu depois ao tercer dia!...