Glosa
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Glosa é uma forma de poema utilizada pelos poetas do Nordeste do Brasil, principalmente os cantadores, em forma de uma ou mais décimas (estrofe de 10 versos) que respondem a um desafio, expresso em forma de mote. O mote é, geralmente um dístico, ou seja, dois versos decassilábicos. Esses versos apresentam na glosa de duas formas mais comuns:
- Os dois versos aparecem no fim da estrofe, compondo a rima, que, na maioria das vezes, segue o esquema ABBAACCDDC.
- Um verso do mote aparece como quarto verso da glosa, e o outro verso na última posição. O esquema rímico é semelhante.
Mais recentemente, o poeta Paulo Camelo criou e apresentou o que ele denominou Glosa com mote migrante, um poema com mais de uma estrofe (de duas a cinco), onde o mote, em dístico, aparece em posições diferentes, ascendendo nas estrofes das últimas para as primeiras posições.
[editar] Exemplos
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- (1) Mote:
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- "Devagar, como fogo de monturo,
- a saudade invadiu meu coração".
- Glosa:
- Na fazenda, nasci e me criei,
- peraltava e fazia escaramuça,
- morcegava, no campo, a besta ruça,
- jararaca até mesmo já matei.
- Não me lembro da vez em que acordei
- assombrado com tiros de trovão,
- pinotava da rede para o chão
- e saía correndo pelo escuro.
- Devagar, como fogo de monturo,
- a saudade invadiu meu coração".
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- (2) Mote:
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- "Não meta a mão, que se corta.
- É caco de vidro só."
- Glosa:
- Se você chegar à porta
- e alguém de pronto a fechar,
- cuidado pra não tocar.
- Não meta a mão, que se corta
- ou fica com a cara torta
- e doendo a fazer dó.
- Não arrebente o gogó
- nem sente no seu batente.
- Ele tem vidro somente:
- é caco de vidro só.
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- ("Caco de vidro" - Paulo Camelo)
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- [(3)]
[editar] Referência
- CAMELO, PAULO. Glosas, sonetos e outros poemas. Recife: Paulo Camelo, 2004.
- CAMPOS, GEIR. Pequeno Dicionário de Arte Poética. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1960.
- CAVALCANTI, CARLOS SEVERIANO. Sertanidade. Recife: Ed. do Autor, 2004.