Ironclad
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ironclads é a designação original (em inglês) para navios encouraçados. O advento da couraça (não necessariamente o casco metálico) trouxe consigo uma série de confusões em relação à classificação das embarcações.
Pequenas embarcações com casco metálico já existiam desde o final do século XVIII. No entanto, a qualidade do ferro era baixa e o material tornava-se quebradiço e rachava quando recebia o impacto de um projétil naval, enquanto a madeira simplesmente absorvia ou se deformava. A adoção do ferro como material de construção nesta época não era utilizado por duas razões básicas: preconceito e falta de qualidade do material.
Índice |
[editar] Franceses, os pioneiros
Durante Guerra da Criméia o interesse por embarcações dotadas de couraça foi demonstrado pelo Imperador Napoleão III, após analisar os resultados da batalha naval de Sinope. Foi ordenado então que os estaleiros franceses produzissem cinco baterias flutuantes dotadas de couraças metálicas (batteries flottantes cuirassées). Eram embarcações retangulares com casco de madeira, protegidas por placas de ferro de 4 polegadas e propulsão a vapor. Atuaram de forma efetiva contra as defesas russas em águas interiores, mas não poderiam ser consideradas embarcações para mares abertos. Independentemente de qualquer coisa, foram considerados os primeiros encouraçados (ironclads) navais.
O sucesso das baterias flutuantes levou os projetistas franceses a investirem em navios oceânicos com casco de ferro e couraça. O resultado foi o Glorie, um navio protegido por chapas de ferro de 4 polegadas, presas externamente até alinha d´água. Mas antes mesmo que o Glorie começasse a navegar, os britânicos contra-atacaram com o HMS Warrior, lançado em 1860. As duas marinhas estavam então numa corrida que duraria mais de sessenta anos.
[editar] Progresso nos Estados Unidos
Por volta de 1840, o norte-americano Robert L. Stevens teve a idéia de adicionar placas de metal nos bordos dos navios para protejê-los de disparos de artilharia inimiga. Juntamente com seu irmão, Stevens realizou experimentos com placas de metal de 4,5 polegadas de espessura e descobriu que ela poderia sustentar um disparo de 65 libras a uma distância de 30 jardas. Em função dos altos custos, um protótipo nunca chegou a ser construído. O interesse por cascos encouraçados só foi retomado em 1861, com o início da Guerra Civil Americana.
A partir do casco da velha fragata USS Merrimack, os Conferedados construíram uma bateria encouraçada auto-propelida denominada CSS Virginia. A idéia do projeto era muito semelhante às baterias francesas da Guerra da Criméia. O exército da União também investiu em encouraçados ribeirinhos de pequeno porte e construiu sete deles antes mesmo que a Marinha dos Estados Unidos lançasse ao mar o USS Galena, primeiro encouraçado da União e um verdadeiro desastre naval.
A resposta da União veio mesmo com o lançamento do encouraçado USS Monitor. O Monitor, uma invenção do projetista Jonh Ericsson, era não só um navio dotado de couraça como também uma novidade no desenho de embarcações de guerra. Suas características eram tão singulares e revolucionárias que muitos passaram a adotar o termo "Monitor" para classificar embarcações semelhantes que copiaram o mesmo desenho. O Virginia e o Monitor enfrentaram-se num combate naval em 9 de março de 1862 que, embora não conclusivo, ficou famoso por ser o primeiro embate entre dos encouraçados.
[editar] Couraças de aço e canhões em torres - o encouraçado moderno
Um surpreendente número de embarcações encouraçadas surgiu entre 1860 e 1870. A variedade de tipos demonstrou que as marinhas estavam buscando o desenho ideal de encouraçado. Além disso, outras mudanças ocorriam simultaneamente como o desenvolvimento de novos armamentos e melhorias no sistema de propulsão. Era um período de rápida e constante evolução.
O projeto do Moinitor foi muito bem recebido na Europa, mas o navio só era eficiente em ambientes costeiros ou mares fechados. Uma solução marítima foi conseguida com o HMS Devastation, lançado ao mar em 1873. Além do casco metálico e couraça, possuía um armamento principal disposto em torres (uma a vante e outra a ré) e ausência de mastro para velas. Foi o golpe final à adesão da Royal Navy ao velame.
A ausência dos mastros (consequentemente de velas também) aumentava o arco de fogo dos canhões e reduzia a tripulação. Nesta época os britânicos já lideravam de longe os avanços nos encouraçados, mas outros países como Itália (Duilio e Dandolo com poderosos canhões Armstrong de 450 mm), França (o Redoutable, lançado em 1876, foi o primeiro navio a utilizar aço como principal material de construção), Alemanha e Rússia desenvolviam seus próprios projetos.
A geração seguinte foi marcada pela classe Royal Sovereigns. Projetados com uma borda livre mais elevada e o uso de couraça de aço (mais leve que o ferro), eles eram capazes de desenvolver velocidades maiores. Os Royal Sovereings definiram o padrão do encouraçado moderno e só foram suplantados pelo revolucionário projeto do Dreadnought já na virada do século XIX para o século XX. Nesta época o termo em inglês ironclad passou a ser substituído pelo termo battleship, que em português possui o mesmo significado - encouraçado ou couraçado.
[editar] Fontes
- IRELAND, B. Warships - from sail to nuclear age. London, UK: The Hamlyn Publishing Group Ltd, 1978.
- TUCKER, S. C., Handbook of 19th century naval warfare. Glouchestershire, UK: Sutton Publishing, 2000.
- PRESTON, A. Battleships. Greenwich, USA: Bison Books, 1982.
