João VI Cantacuzeno
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
João VI Cantacuzeno (em grego: Ιωάννης ΣΤ΄ Καντακουζηνός, Iōannēs VI Kantakouzēnos) ( 1292? – 15 de Junho de 1383), foi imperador de Bizâncio de 1347 a 1354. Nasceu em Constantinopla.
[editar] Vida
João Cantacuzeno era filho de um Cantacuzeno que fora noemado governador da Moreia por Teodora Paleologina Angelina Cantacuzena, descendente da casa dos Paleólogos. Era também aparentado com a dinastia imperial através da sua mulher Irene Asanina, uma prima em segundo grau do imperador Andrónico III Paleólogo. Com a subida ao trono de Andrónico III em 1328, João foi encarregado da administração suprema dos negócios de Estado. Depois da morte do imperador em 1341, João Cantacuzeno foi designado regente e guardião de João V Paleólogo, o filho de nove anos de idade do imperador.
Sob suspeita da imperatriz viúva e de uma poderosa facção cortesã, João revoltou-se e fez-se coroar imperador em Didimótico na Trácia, enquanto João V e os seus apoiantes se conservavam em Constantinopla.
A guerra civil que se seguiu durou seis anos, durante a qual os adversários pediram o apoio dos Sérvios, dos Búlgaros e dos Turcos Otomanos, e contrataram mercenários das mais variadas origens. Só com a intervenção decisiva dos Otomanos, com quem João VI fez um péssimo negócio, é que este conseguiu vencer a guerra. João VI é considerado o responsável pela entrada dos Turcos na Europa.
Em 1347 entrou triunfalmente em Constantinopla, e obrigou os seus opositores a aceitar um acordo segundo o qual ele seria co-imperador com João V e único administrador durante a menoridade daquele.
Fez do seu próprio filho Mateus Cantacuzeno co-imperador em 1353.
Durante este período o império, já de si reduzido a estreitas faixas de território, viu-se atacado por todos os lados. Houve guerras contra os Genoveses, que detinham uma colónia em Gálata e controlavam numerosas operações financeiras na corte imperial; guerras contra os Sérvios, que nessa altura se expandiam para criar um império ao longo da fronteira norte de Bizâncio; e havia ainda a perigosa aliança com os Otomanos, que fundaram o seu primeiro estabelecimento estável na Europa em Gallipoli na Trácia, em finais dos seu reinado.
Cantacuzeno demonstrou-se sempre demasiado pronto a invocar o auxílio de estrangeiros nas suas disputas europeias; e uma vez que não dispunha de meios para lhes pagar, este era um pretexto para que atacassem uma cidade. A carga financeira e fiscal imposta por João VI desde há muito o afastara dos seus súbditos, e João V Paleólogo dispunha de um forte partido de apoiantes. Assim, quando João V entrou em Constantinopla em 1354, o seu êxito estava garantido de antemão.
Cantacuzeno retirou-se para um mosteiro, onde adoptou o nome de Joás Cristódulo e dedicou-se a lavores literários. Morreu no Peloponeso e foi sepultado pelos seus filhos em Mistra, na Lacónia. Na sua "História" trata, em quatro volumes, dos anos entre 1320 e 1356. A obra é uma apologia da sua própria actuação governativa, e deve por isso ser lida com cautela; felizmente pode ser corrigida e completada através da obra de um seu contemporâneo, Nicéforo Grégoras. Tem o mérito de ser uma opbra bem estruturada e homogénea, com os principais incidentes na acção a se desenvolverem em torno da personagem principal que é o autor, mas a informação torna-se deficiente quando diz respeito a assuntos em que o próprio não interveio. Cantacuzeno também escreveu uma defesa do Hesicasmo, uma doutrina mística grega.
[editar] Família
Com a sua esposa Irene Asanina, filha de Andrónico Asan (filho do rei da Bulgária Ivan Asen III da Bulgaria e de Irene Paleologina, filha do imperador Miguel VIII Paleólogo), João VI Cantacuzeno teve os seguintes filhos:
- Mateus Cantacuzeno, co-imperador 1353–1357, veio a ser despotēs na Moreia
- Manuel Cancacuzeno, despotēs na Moreia
- Andrónico Cantacuzena
- Maria Cantacuzena, que se casou com Nicéforo II Orsini do Épiro
- Teodora Cantacuzena, que se casou com o sultão Orhan do Império Otomano
- Helena Cantacuzena, que se casou com o imperador João V Paleólogo
[editar] Referências
- The Oxford Dictionary of Byzantium, Oxford University Press, 1991.