Negreiros
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Brasão | |
Concelho | Barcelos |
Área | 4,91 km² |
População | 1 724 hab. (2001) |
Densidade | 351,1 hab./km² |
Fundação da freguesia | século XII |
Orago | Santa Eulália |
Código postal | 4775 |
Endereço da Junta de Freguesia |
Rua do Monte, n.є 1064 / 4775-203 NEGREIROS |
Sítio | www.negreiros.maisbarcelos.pt |
Endereço de correio electrónico |
negreiros.jf@maisbarcelos.pt |
Freguesias de Portugal |
Negreiros é uma freguesia portuguesa do concelho de Barcelos, com 4,91 km² de área e 1 724 habitantes (2001). Densidade: 351,1 hab/km².
Índice |
[editar] Localização
A Freguesia de Negreiros está integrada no Concelho de Barcelos, Distrito de Braga, localizando-se numa planície da bacia orográfica do Rio Este e a cerca de 15 km da sede do concelho. Abrangendo uma área de 491 ha, o seu território confina a Norte com Chorente e Chavão; a Nascente com Grimancelos e Gondifelos (esta de Famalicão); a Sul com Balasar (de Póvoa de Varzim); e a Poente com Macieira de Rates. Acrescente-se, ainda, que esta freguesia é composta por 17 lugares: Aldeia de Cima, Aldeia Nova, Além, Bouça, Corgo, Ferreiros, Igreja, Mocha, Monte, Pedreira, Penas, Sardoeira, Seara, Terra Negra, Vila, Vilar e Xisto.
[editar] História
Certos topónimos como Eira ou Fonte dos Mouros indicam que Negreiros foi habitada por povos muito antigos; porém, apesar daqueles nomes se reportarem aos árabes, sabe-se que estes nunca tiveram nada a ver com alguns vestígios que dataram de antes do fim da época romana ou dos princípios da Idade Média. Talvez por esta razão, o Padre António Gomes Pereira afirma que è devido ao facto de o povo árabe ser de pele escura que esta antiga abadia da apresentação da Mitra deve o seu nome a Nigrarios, que significa “um pouco negro”, por causa de se ter aqui fixado alguma colónia de gente negra. No entanto, nada nos confirma esta versão. Contudo, o Padre Sousa Maia dê outra explicação. Para o autor do livro A Ver Terras, foram os chamados moinhos negreiros do milho “zaburro” (um milho mais grosseiro, escuro e quase roxo, que veio da índia no século XVII e se destinava ao pão dos mais pobres) que deram o ser ao nome desta Freguesia, nome esse que, nas Inquirições do século XIII, ainda nem sequer existia. De facto, por essa altura (1220), esta Freguesia ainda se chamava De Sancta Eolalia de Mazieira da Terra de Faria e Negreiros era, ainda e apenas, um apelido de família nobre.
Apresentando no século XVI cerca de 35 moradores, Negreiros foi crescendo, de forma que no século XVIII já contava 101 fogos e no século XIX tinha mais de 500 habitantes.
Do Dicionário “Portugal Antigo e Moderno”, edição de 1875, da Livraria Editora de Mattos Moreira & Companhia, consta:
“NEGREIROS – freguesia, Minho, comarca e concelho de Barcelos, 24 quilómetros a O. de Braga, 340 ao N. de Lisboa, 140 fogos.
Em 1757 tinha 101 fogos.
Orago, Santa Eulália.
Arcebispado e distrito administrativo de Braga.
É Terra fértil. Muito gado.
A mitra apresentava o abade, que tinha 360$000 reis de rendimento.
Vive nesta freguesia (Agosto de 1875) Joгo Nevoeiro, que nasceu em 1752! – Sua mulher tem mais de 80 annos. Estão ambos no goso de todas as suas faculdades intelectuais, e percorrem a freguesia, esmolando o sustento diário.”
[editar] Heráldica
A ordenação heráldica do BRASÃO, BANDEIRA e SELO da Freguesia de Negreiros, tendo em conta o Parecer da Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses de 16 de Março de 1999, foi aprovada, sob proposta da Junta de Freguesia, em Sessão Ordinária da Assembleia de Freguesia de 19 de Abril de 1999.
BRASÃO – Escudo de vermelho, uma espiga de milho de ouro, folhada do mesmo e, em chefe, uma mó de prata а dextra e uma mó cosida de negro а sinistra. Coroa mural de prata de três torres. Lintel branco, com a legenda a negro: “NEGREIROS – BARCELOS”.
BANDEIRA – Amarela. Cordão e borlas de ouro e vermelho. Haste e lança de ouro.
[editar] Tradições
[editar] Cortejo de Vasos
Ligado а Festa de Santa Justa e sendo uma tradição única que apenas acontece aqui em Negreiros, o espantoso Cortejo dos Vasos teve a sua origem por volta do ano de 1930. De acordo com o testemunho de Joгo dos Santos Guimarães (proprietário da “Casa do Regada”, actual Restaurante “Casa Donna Olímpia”) foi o seu avô – Joгo Lopes ou “Joгo Regada” como era conhecido pelo povo – o impulsionador ou o organizador do dito cortejo. Segundo o mesmo, o seu avô possuía um lindo jardim que cuidava com muito carinho e dedicação. Certo dia veio-lhe а ideia fazer um desfile com o intuito de animar a festa de Santa Justa. Falou com o pároco da freguesia que aprovou a ideia e realizou-se então o festejo, o qual teve muito sucesso. O desfile implicaria a participação das belas raparigas solteiras da terra, que desfilariam com os frondosos vasos do referido senhor, trajadas com o belo traje minhoto, que tanto caracteriza a nossa região e ricamente adornadas com objectos em ouro pertencentes às famílias das jovens, cujo valor se apresenta incalculável. Posteriormente, as raparigas solteiras passaram a levar os seus próprios vasos como se de um concurso se tratasse, desfilando com os mais lindos e os maiores vasos de toda a terra, alguns pesando cerca de 30 quilos. Nos últimos anos, o cortejo alargou-se também às mais pequeninas e, agora, até há quem vá comprar os vasos nos viveiros de flores, tendo-se perdido um pouco o carácter verdadeiramente tradicional do cortejo. Actualmente participam neste espectacular Cortejo de Vasos cerca de 200 jovens e й acompanhado por duas bandas de música que animam a festa, indo uma das bandas а frente das jovens e a outra atrás das mesmas. Sai а rua por volta das 9h30m do último domingo de Agosto, tendo inicia junto ao terreiro da Igreja e uma duração aproximada de 40 minutos, sendo percorrido cerca de meio quilómetro até ao cemitério da paróquia. Aн são depositados os vasos e й realizado um pequeno sermão em homenagem aos entes queridos já falecidos. Um cortejo que vale realmente a pena ver e cuja tradição pertence única e exclusivamente а bela freguesia de Negreiros.
[editar] Festas e Romarias
Na freguesia realizam-se festas em honra de São Sebastião, no fim-de-semana próximo do dia 20 de Janeiro, e de Santa Justa, no último fim-de-semana de Agosto.
[editar] Festa de São Sebastião
Devido а história da sua vida, o mártir São Sebastião é popularmente conhecido como o padroeiro dos jovens que vão cumprir o serviço militar, daí que, em Negreiros, seja tradição que a festa em sua honra seja organizada pelos jovens da freguesia. Embora antigamente as jovens raparigas não se integrassem no serviço militar, mesmo assim, é tradição ajudarem os rapazes na organização da festa em honra do Mártir.
Os festejos em homenagem a S. Sebastião merecem, também, destaque na tradição desta freguesia, por um lado, porque é a única festa de Inverno realizada na freguesia e, por outro, porque conta com a participação e organização dos jovens da freguesia que completam 20 anos de idade no ano anterior ao da realização da festa.
Começa com toda uma preparação prévia levada a cabo pelos jovens, logo após os términos da festa de Santa Justa, começando com a busca de patrocínios e selecção dos nomes que estarão contidos no cartaz musical da festa.
No fim-de-semana da festa, os jovens fazem os últimos preparativos para fazerem ver aos mais velhos que, afinal, também os mais novos são capazes de organizar uma festa digna de ser visitada. No sábado da festa há arraial nocturno, para posteriormente ter lugar o fogo de artifício. No domingo de manhã há uma missa cantada pelo Grupo Coral da Freguesia e que é participada pelos jovens organizadores. А tarde há a procissão que conta com vários andores, nomeadamente o de S. Sebastião, que é particularmente bem ornamentado, e vários figurados. Incorporados na procissão animada pelo Grupo Coral de Negreiros vão todos os jovens responsáveis pela organização, bem como os representantes das varias Confrarias, com os seus estandartes, e onde também é tradição a participação da Junta de Freguesia. À noite, normalmente, há a actuação de um Rancho Folclórico, sendo o dia e a festa terminados por uma sessão de fogo de artifício.
[editar] Festa de Santa Justa
Realizada sempre no último fim-de-semana de Agosto, a festa em honra de Santa Justa representa uma das maiores e mais importantes festas do vasto Concelho de Barcelos, pelo seu carácter religioso, mas principalmente pelo famoso “Cortejo dos Vasos”, tradição única existente no nosso pais.
Os preparativos da Festa de Santa Justa para um próximo ano começam logo no próprio dia da festa em que esta se realiza. Em primeiro lugar é escolhida uma Comissão de Festas, normalmente constituída por quatro Senhores da Terra e convidada pela comissão antecessora. Os elementos da Comissão de Festas trabalham arduamente durante todo o ano, dedicando uma boa parte do seu tempo para providenciar que a Festa seja um verdadeiro sucesso.
Na semana anterior ao fim-de-semana da festa começa a instalação das luzes na rua principal de Negreiros e também na própria Igreja, que fica deslumbrante com toda aquela variedade de cores. Na sexta-feira й instalado o som e iniciada a montagem do palco. А noite, por volta das 21h30m, dá-se inicio а Procissão das Velas, que conta com a participação de praticamente toda a freguesia de Negreiros e é animada com o Terço, rezado e cantado pelo Grupo Coral de Negreiros. A Procissão das Velas tem inicio na Capela de Nossa Senhora da Graça, no Lugar de Vilar, e termina na Igreja Paroquial, com um sermão feito por um dos muitos párocos, filhos da Terra, que normalmente regressam a Negreiros nesta altura do ano para a grandiosa Festividade. Durante o percurso da Procissão é possível ver, penduradas nas janelas das casas, ancestrais cobertas de linho, que são o orgulho não só do povo de Negreiros, como também do povo do Minho.
No sábado de manhã saem os Zés Pereiras que fazem uma visita em arruada a todos os Lugares da Terra. De tarde enfeita-se a zona principal da freguesia com flores de papel feitas ao longo do ano pelas jovens raparigas de Negreiros. Estas são gentilmente ajudadas pelos rapazes, cujo cavalheirismo não permite deixar que as jovens subam às escadas para prender as cordas das flores. Todos estes jovens são os chamados Mordomos que ajudam a Comissão na Organização da Festa e sem o seu precioso contributo o sucesso não seria possível. А noite й a vez do paganismo da Festa se pronunciar, paganismo este tão comum e também de certa forma evidente em qualquer festa de aldeia. Normalmente são convidados conjuntos musicais como atracão da noite. Um destaque para o tradicional fogo de artifício que ilumina toda a freguesia de cor, som e explosão.
No domingo de manhã, a Terra é invadida por centenas de visitantes e emigrantes que vêm ver o surpreendente “Cortejo de Vasos”. De tarde, tem lugar a procissão religiosa contando com a participação de todas as confrarias, autoridades, associações e paroquianos de Negreiros. Normalmente, esta tem inicio às 15h30m e uma duração aproximada de uma hora. Aqui pode ser admirado um considerável número de andores enfeitados com belas flores naturais, bem como a Igreja Paroquial que está sempre extraordinariamente bem ornamentada.
[editar] Lendas
[editar] Existem duas lendas sobre a Eira dos Mouros
A primeira conta-nos que existe uma “Cobra Moura” encantada, que aparece а meia-noite a quem lá for. E, conta-se que aparece porque, há muitos anos atrás, estavam umas raparigas a lavar na Fonte dos Mouros, no momento em que a cobra transformada em mulher apareceu e lhes pediu que quando voltasse a descer o monte não se assustassem que, então, em troca, lhes daria parte da riqueza escondida. Porém, quando ela desceu o monte vinha transformada em cobra e as raparigas assustaram-se. Devido a isso, a Cobra Moura ficou sempre encantada e a riqueza ficou por se descobrir. A outra afirma ainda existirem riquezas escondidas pelos Mouros na Eira, principalmente, um jugo, uma enchada e uma escada de ouro. Este ouro, segundo a lenda, foi enterrado pelos Mouros aquando da sua fuga, para o reaverem quando voltassem.
[editar] Lenda do Galo de Barcelos
Ao cruzeiro setecentista que faz parte do espólio do Museu Arqueológico de Barcelos, está associada uma curiosa lenda – A Lenda do Galo de Barcelos.
Os Habitantes do Burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, por não ter descoberto o autor. Certo dia, apareceu um Galego que se tornou de imediato suspeito do dito crime, visto que ainda não tinha sido encontrado o criminoso. As autoridades condais resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém o acreditou. Ninguém julgava crível que o galego se dirigisse para Santiago de Compostela em cumprimento de uma promessa como era tradição na época, e fosse devoto fiel de S. Paulo e da Virgem Santíssima. Por isso foi condenado а forca. Antes de ser enforcado, pediu que o levassem а presença do juiz que o havia condenado a tal destino. A autorização foi-lhe concedida, e levaram-no а presença do dito magistrado, que nesse momento se deleitava e banqueteava com os amigos. O galego reafirmou a sua inocência, e perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que se encontrava no centro de uma grande mesa, exclamando é tão certo eu estar inocente, como certo esse galo cantar quando me enforcarem», perante gargalhadas e risos, não se fizeram esperar, mas pelo sim e pelo não, ninguém tocou no galo. O que parecia impossível aconteceu. Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo ergueu-se na mesa e cantou! Após tal acontecimento, mais ninguém duvidava da inocência do Peregrino. O Juiz correu а forca e com espanto vê o pobre homem de corda ao pescoço, mas o nó lasso, impedindo o estrangulamento. O homem foi imediatamente solto e mandado em paz. Volvidos alguns anos, voltou a Barcelos e fez erguer um Monumento em Louvor а Virgem e a Santiago.
[editar] Instituições
- A. C. P. – Autogiro Clube de Portugal
- A. P. P. – Associação de Pilotos de Paramotor
- A. R. C. D. N. – Associação Recreativa, Cultural e Desportiva de Negreiros
A formação da Associação Recreativa Cultural e Desportiva de Negreiros remonta ao ano de 1998(a escritura de fundação apenas tenha sido celebrada em 23/11/2000), surgindo com a premente necessidade de dinamização da sociedade local. Os hábitos e as tradições deste Povo Negreiro, servem de mote para o intensificar do sentido de comunidade e de serviço a esta. O seu objecto social è “Promover actividades desportivas, culturais e recreativas”. Das diversas actividades realizadas destacam-se: Sessões de Esclarecimento subordinadas ao tema “Regionalização: Sim ou Não?”; Raides de Bicicleta; Magustos; Participaзгo em Projectos de Intervenção e Sensibilização Ambiental; Rally-paper; Torneios de Futebol; Conferência Sobre o Euro; Dia da Saúde: rastreio visual e auditivo, tensão arterial, diabetes e colesterol; Campanhas de Recolha de Natal para entrega a Instituições de Caridade; Espectáculos de Teatro.
- Ases Negros
Clube Motar
- Associação de Pais e Encarregados de Educação dos Alunos de Negreiros
- Futebol Clube de Negreiros
- Grupo Coral de Negreiros
- JUFRA – Juventude Franciscana
É uma fraternidade juvenil, como o próprio nome indica, inserida na Juventude Franciscana de Portugal, JUFRA/OFS. A Juventude Franciscana é a Fraternidade dos Jovens que viram no jovem Francisco de Assis, a plenitude da verdadeira experiência da vida cristã, sentindo-se por ela também atraídos. Deste modo não faria sentido se estes não se integrassem na Família Franciscana, (OFS), uma vez que comungam dos mesmos ideais. A JUFRA/OFS-Negreiros foi fundada pelo Frei Miguel de Negreiros, com o apoio da Fraternidade OFS local. Estas duas fraternidades reúnem na Casa de Nazaré situada no lugar do Monte, 4775 Negreiros
- O. F. S. – Ordem Franciscana Secular
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