O Pasquim
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- Nota: Se procura outro significado de Pasquim, consulte Pasquim (desambiguação).
O Pasquim foi o primeiro e mais influente jornal de oposição à ditadura militar no Brasil. O projeto nasceu no final de 1968 após uma reunião entre o cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral; o trio buscava uma opção para substituir o tablóide humorístico A carapuça, de Sérgio Porto (que acabara de falecer). O nome foi sugestão de Jaguar, inspirado na história de um monsenhor italiano chamado Pasquino, que segundo a lenda escrevia fofocas e notícias para serem lidas em praça pública.
Com o tempo figuras de destaque na imprensa brasileira, como Ziraldo, Millôr, Prósperi, Claudius e Fortuna, se juntaram ao time, e a primeira edição finalmente saiu em 26 de junho de 1969.
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[editar] Trajetória
De uma tiragem inicial de 20 mil exemplares, que a princípio parecia exagerada, o semanário atingiu a marca de mais de 200 mil em seu auge, em meados dos anos 70, se tornando um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro. A princípio uma publicação comportamental (falava sobre sexo, drogas, feminismo e divórcio, entre outros) o Pasquim foi se tornando mais politizado a medida que aumentava a repressão da ditadura, principalmente após a promulgação do repressivo ato AI-5. O Pasquim passou então a ser porta-voz da indignação social brasileira.
Além de um grupo fixo de jornalistas, a publicação contava com a colaboração de nomes como Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa, Carlos Leonam e Sérgio Augusto, e também dos colaboradores eventuais Ruy Castro e Fausto Wolff.
Em novembro de 1970 a redação inteira do O Pasquim foi presa depois que o jornal publicou uma sátira do célebre quadro de Dom Pedro às margens do Ipiranga, (de autoria de Pedro Américo). Os militares esperavam que o semanário saísse de circulação e seus leitores perdessem o interesse, mas durante todo o período em que a equipe esteve encarcerada - até fevereiro de 1971 - o Pasquim foi mantido sob a editoria de Millôr Fernandes (que escapara à prisão), com colaborações de Chico Buarque, Antônio Callado, Rubem Fonseca, Odete Lara, Gláuber Rocha e diversos intelectuais cariocas.
As prisões continuariam nos anos seguintes, e na década de 80 bancas que vendiam jornais alternativos como o Pasquim passaram a ser alvo de atentados a bomba. Aproximadamente metade dos pontos de venda decidiu não mais repassar a publicação, temendo ameaças. Era o início do fim para o Pasquim.
O jornal ainda sobreviviveria à abertura política de 1985, mesmo com o surgimento de inúmeros jornais de oposição e de novos conceitos de humor (Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva, egressos do Pasquim, fundaram O Planeta Diário). Graças aos esforços de Jaguar, o único da equipe original a permanecer no Pasquim, o semanário continuaria ativo até a década de 90. A última edição, de número 1.072, saiu em 11 de novembro de 1991.
[editar] O Pasquim no século XXI
Um primeiro ensaio para a volta da publicação deu-se através de um periódico entitulado Bundas, lançado em 1999 e que durou pouco tempo. O nome Bundas era uma paródia à revista Caras, e seu lema era "Quem mostra a bunda em Caras não mostra a cara em Bundas".
Em 2001, Ziraldo e seu irmão Zélio Alves Pinto lançaram uma nova edição do O Pasquim, renomeado OPasquim21. Esta versão não durou muito, apesar de contar com alguns de seus antigos colaboradores, e deixou de ser publicada em meados de 2004.
Ironicamente o jornal original acabou ganhando um documentário produzido com recursos do governo. O Pasquim - A Subversão do Humor foi lançado em junho de 2004 e exibido pela TV Câmara.
Em abril de 2006 a Editora Desiderata lançou O Pasquim - Antologia . 1969 - 1971, uma compilação feita por Jaguar e Sérgio Augusto de matérias e entrevistas das 150 primeiras edições do semanário.
[editar] Referências externas
- Jornal "Esquinas de S.P.", edição número 19 (novembro de 1999)
[editar] Ligações externas
- Pasquim - A Subversão do Humor (assista o documentário on-line)
- Entrevista com Ziraldo (abril de 2006)
- Brasileiros em Roma, por Chico Buarque (setembro de 1969)
- O Pasquim entrevista Lupicínio Rodrigues (anos 70)