Portugal visto pelos nazis. Documentos. 1933-1945
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Portugal visto pelos nazis, colectânea de documentos, na sua maioria trocados entre a legação alemã em Lisboa e o Auswärtiges Amt (ministério alemão dos Negócios Estrangeiros) em Berlim.
Neste conjunto de documentos, que é o principal, reflecte-se a atenção prestada pela legação alemã a diversos acontecimentos da política portuguesa, como a insurreição da Marinha Grande, em 1934, a Revolta dos Marinheiros e o atentado contra Salazar, em 1936.
Nesse período, contudo, raramente existem respostas de Berlim, o que mostra o significado muito secundário de Portugal para a política externa nazi.
Já com o início da Segunda Guerra Mundial, e principalmente com o ataque à União Soviética, em 1941, passa a existir um intenso intercâmbio entre o Auswärtiges Amt e a Legação.
O Ministério de Ribbentrop e por vezes o próprio Hitler acompanham ao milímetro as negociações com Portugal sobre o volfrâmio e sobre as contrapartidas alemãs em armamento.
Os documentos, por exemplo, sobre a cedência de facilidades logísticas aos Aliados nos Açores acrescentam alguma informação ao que já era conhecido sobre a reacção alemã a essa cedência.
Com efeito, sabia-se que a Alemanha aproveitara a oportunidade para pedir a Portugal um aumento da sua quota de volfrâmio, a título de compensação pela entorse cometida contra a neutralidade portuguesa. Com esta colectânea, fica a saber-se que foi o próprio secretário-geral do MNE, Teixeira de Sampaio, que sugeriu à legação alemã esta possível contrapartida.
Dois anexos ao conjunto de documentos principais referem também outras histórias. Uma é a do cônsul português em Munique, Wilhelm Schmidhuber, ligado à conspiração anti-hitleriana que tinha lugar sob a égide do chefe da espionagem, almirante Canaris, e em parte responsável pelo fracasso dessa conspiração.
Outra é a do cônsul português em Amsterdão, Johan Voetelink, que intermediou em Lisboa as diligências da Alemanha para vender à Junta do Crédito Público as obrigações do empréstimo externo português, de 1902, expropriadas aos seus portadores holandeses.