Rino Lupo
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Cesare Rino Lupo (Roma, 15 de Fevereiro de 1888 — paradeiro desconhecido) foi um realizador italiano que, seduzido pelas belezas do país, trabalhou em Portugal na segunda década do século XX, na época do cinema mudo.
O historiador de cinema M. Félix Ribeiro dá-lhe erradamente o nome de Vitaliano Lino Rupo, resultado de uma gralha de imprensa do jornais da época. Georges Sadoul, na Histoire du Cinéma Mondial, faz outra gralha e chama-lhe Enio Lupo. Surge por vezes referido como Cezar Lupo. Na Polónia, onde esteve, seria conhecido como Caesar Lupow e em Espanha como Cesarino.
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[editar] Biografia
[[ Começou a actividade cinéfila em Itália, 1908-1910. No início dos anos dez, foi contratado pela produtora francesa Léon Gaumont. O responsável técnico e artístico da empresa era então Louis Feuillade, anti-academista encarniçado que se opunha ao Film d'Art, cultivado por elementos afectos à Comédie Française, que desenvolveram um conceito académico e elitista de cinema, decalcado da prática teatral, desprezando o uso do cinema como «espectáculo de feira» feito por Georges Méliès. Conciliando tendências, Feuillade teorizou uma ideia nova, a do Film Esthétique, que se propunha ser «bem mais uma obra pictórica que de teatro» (1910).
A partir desse ano, até 1917, a segunda figura emblemática da companhia Gaumont é Léonce Perret, realizador de sucesso, que opta por começar a fazer filmes ao ar livre, na província, o que Lupo em Portugal também faria. Nas palavras de Georges Sadoul, «Perret utilizou com brio todos os recursos da montagem, diferenciações de planos, contra-luzes, a belíssima fotografia do seu do seu operador Specht ». Todo um grupo representativo de realizadores iria explorar no cinema, cada um deles a seu modo, esta forma de linguagem e este gosto pela imagem.
Lupo chega a Portugal em Agosto de 1921. As origens, parte da sua vida e o seu desenlaçe são incertos. Terá entretanto estado em Espanha, onde lhe chamavam Cesarino e onde criou uma escola de arte dramática. Deambulou pela Europa, fazendo filmes em Copenhaga, em Moscovo de onde saíu com a Revolução Russa de 1917 e na Polónia, onde fundou a Academia Cinematográfica de Varsóvia. Chegou a ser dirigente da revista polaca Kinema.
Ainda em Varsóvia, ouviu falar dos progressos da Invicta Film por um jovem português, um tal António da Silveira, e daí veio directamente para Portugal. Seduzido pelo sol do país, ofereceu os seus préstimos à Invicta Film. Foi aceite por reconhecido mérito. A decisão foi tomada por Georges Pallu, dirigente da firma e também realizador, que integrava o grupo de técnicos francêses que, com a colaboração da firma Pathé Frères, daria início ao relançamento industrial da Invicta.
Rino Lupo explorou o melodrama rural e verista enquadrado em décors naturais da província, com fortes traços pictóricos, na mais pura linha do Film Esthétique. Mulheres da Beira (adaptação de um conto de Abel Botelho) é o seu primeiro trabalho. O segundo será Os Lobos (filme), ambos de 1923.
São estas as suas obras de referência. Lupo abandonará a Invicta Film por desentendimentos, questões de dinheiro e incumprimento de prazos.
Vem para Lisboa em 1923, cidade onde abre a chamada «Escola de Arte Cinematográfica», com sede no nº 182 da Rua da Palma. Instável, volta pouco depois para o Porto onde funda a «Escola de Cinema», da qual sairão formados os actores da melhor das suas obras, entre os quais Manoel de Oliveira: Os Lobos (1923), produção da Ibéria Film, que, com nova montagem, será depois aceite pela Gaumont para distribuição internacional (1924).
Rino Lupo dirigirá ainda em Portugal mais quatro filmes: Carmiña, Flor de Galicia, versão espanhola de Mulheres da Beira (1926), uma obra inacabada, O Diabo em Lisboa (1927), Fátima Milagrosa (1928) e uma primeira versão do José do Telhado (1929).
Lupo deixa Portugal em 1931, já na época do sonoro. Após uma suposta passagem por Espanha, uma estadia em Paris e Roma, instala-se em Berlim, em 1932. Depois disso, perde-se o seu rasto. Nem a sua mulher, Aida de Oliveira (Aida Lupo, seu nome de casada), que o acompanhou no trabalho desenvolvido na escola do Porto, soube o que lhe aconteceu. Suspeita-se que, dadas as suas quase certas origens judaicas, tenha sido deportado para um campo de concentração na Alemanha nazi.
[editar] Filmografia
- Mulheres da Beira (1923)
- Os Lobos (filme) (1923)
- O Diabo em Lisboa (1926) (inacabado)
- O Desconhecido (1926)
- Carmiña, flor de Galicia (1926)
- As Aventuras do Tenor Romão (1927)
- Fátima Milagrosa ( 1928)
- José do Telhado (1929) - (remake de Armando de Miranda em 1945)
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- Rino Lupo na IMDb