São Brás de Alportel
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Município | |
Brasão | Bandeira |
Localização | |
Gentílico | Alportelense |
Área | 150,05 km² |
População | 10 032 hab. (2001) |
Densidade populacional | hab./km² |
Número de freguesias | 1 |
Fundação do município | 1 de Junho de 1914 |
Região | Algarve |
Subregião | Algarve |
Distrito | Faro |
Antiga província | Algarve |
Orago | São Brás |
Feriado municipal | 1 de Junho |
Código postal | |
Endereço dos Paços do Concelho |
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Sítio oficial | www.cm-sbras.pt |
Endereço de correio electrónico |
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Municípios de Portugal | |
Freguesia | |
Brasão | Bandeira |
Fundação da freguesia | |
Endereço da Junta de freguesia |
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Sítio oficial | www.jf-sbrasalportel.pt |
Endereço de correio electrónico |
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Freguesias de Portugal |
São Brás de Alportel é uma vila portuguesa no Distrito de Faro, região e subregião do Algarve, com cerca de 10 000 habitantes.
É sede de um município com 150,05 km² de área e 10 032 habitantes (2001), um dos cinco municípios de Portugal com uma única freguesia. É limitado a norte e leste pelo município de Tavira, a sueste por Olhão, a sul por Faro e a oeste por Loulé.
População do concelho de São Brás de Alportel (1920 – 2004) | ||||||||
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1920 | 1930 | 1960 | 1981 | 1991 | 2001 | 2004 | ||
11399 | 10291 | 9058 | 7506 | 7526 | 10032 | 11205 |
Índice |
[editar] História
São Brás tem sido identificada com o povoado muçulmano referido nas crónicas como Šanbraš (Xanbrache).
A primeira referência documental relativa a Alportel data de 1518, quando era Grão-Mestre da Ordem de Santiago, D. Jorge, filho ilegítimo do rei D. João II. S. Brás era, então, uma Ermida anexa à Igreja de Santa Maria de Faro. Ainda no reinado de D. João II, S. Brás de Alportel passa para o domínio directo da Coroa, entrando no património da Casa das Rainhas, porque o rei D. Afonso III não confirmou a doação da localidade à Ordem de Santiago, que havia sido feita por D. Sancho II.
Em 1591 o Bispo D. Francisco Cano ordenara que na Igreja de S. Brás se colocasse um sacrário, elemento indispensável para que o templo pudesse ser elevado a igreja matriz. Assim nasceria a freguesia de S. Brás. Em 1601, numa Bula concedida pelo Bispo Fernão Moniz de Mascarenhas, S. Brás é referido já não como templo ou igreja, mas como lugar. Anos antes, desde 1577, os dicionários corográficos chamam-lhe ou freguesia ou lugar. No ano de 1607 dá-se a separação de alguns povoados que hoje pertencem ao concelho, das suas regiões de origem.
A história contemporânea de São Brás de Alportel tem origem em 1912, quando o deputado Machado dos Santos apresentou ao Congresso um projecto de Lei para a criação do concelho de Alportel, que era então a freguesia rural mais populosa do concelho de Faro (ao qual viria a ser subtraída) e mesmo de todo o País, quer em área, quer em população (na altura rondava os 12 500 habitantes). Machado dos Santos, que era grande amigo do sambrasense João Rosa Beatriz, empenhou nessa tarefa grandes esforços até que alcançou a concretização dos seus desejos.
Em 1 de Junho de 1914 é publicada no Diário do Governo a elevação a Município da freguesia de S. Brás com a denominação de concelho de Alportel com sede na Aldeia de São Brás, donde a designação de São Brás de Alportel. O primeiro administrador do novo concelho foi o alportense João Rosa Beatriz, que mais tarde foi Cônsul em Marrocos.
A igreja de São Brás remonta, provavelmente, ao século XV. Era um templo de uma só nave, pois era uma capela “curada” anexa a Faro. Após a elevação da localidade a freguesia, nos meados do século XVI, logo se iniciaram as obras de reconstrução do templo. A responsabilidade de edificação do novo templo era da população local, que era então de seiscentas pessoas. A igreja estava praticamente concluída em 1565. Em 1587 o bispo do Algarve, D. Jerónimo Barreto, ordenou que o retábulo da capela-mor fosse dourado e pintado.
O terramoto de 1755 danificou o templo, nomeadamente a ousia que foi derrubada, mas de imediato o prior ordenou a sua reconstrução. Relativamente à talha, somente sobreviveu um retábulo setecentista proveniente da primeira capela do lado da epístola, junto ao cruzeiro. De grande valor é o património escultórico, composto por cerca de vinte imagens dos séculos XVII a XIX, de que se destaca a imagem de S. Libório do século XVIII.
Quando se efectuou a transferência da sede do bispado algarvio de Silves para Faro surgiu a necessidade de construir uma nova residência de Verão para os mais altos membros do clero da diocese.A localidade escolhida foi São Brás de Alportel, sendo os bispos D. Simão da Gama e D. António Pereira da Silva os responsáveis por grande parte das obras. Apesar do Palácio Episcopal ser só de um andar, era um edifício nobre com capela particular, salas espaçosas, pátio interior, galeria exterior, jardins com lago, fontes e tanques, alamedas arborizadas e floridas, casa de pombal e pomar. Actualmente o edifício está muito descaracterizado.
Em São Brás de Alportel existe também um Museu Etnográfico do Trajo Algarvio, que se encontra instalado na casa António Bentes.
[editar] Procissão Aleluia
No primeiro quartel do século XVII, a população de São Brás de Alportel começou a realizar a Procissão de Aleluia com todo o esplendor, tornando-se rapidamente numa das mais imponentes procissões do Algarve e a maior festa do concelho. Esta procissão, da Ressurreição, realiza-se na manhã do Domingo de Páscoa, depois da oração de Laudes. A procissão é um mar de tochas floridas e de canto ensurdecedor ao Cristo Ressuscitado.Apesar desta ter sido uma procissão muito popular em todo o Algarve, só continua a ser realizada no concelho de São Brás de Alportel.
As principais ruas da vila são embelezadas por milhares de rosas e flores campestres, dando forma a uma extensa passadeira florida que no Domingo de Páscoa descreve o percurso da Procissão da Aleluia, em São Brás de Alportel. Está já é considerada uma das mais genuínas manifestações culturais de cariz religioso do país.
Este trabalho é feito por muitos dos habitantes da vila, que se dedicam durante as semanas anteriores e toda a noite e madrugada de domingo, para que, na manhã de Páscoa, tudo esteja perfeito.
Os homens levam nas mãos tochas floridas e formam duas alas a abrir a procissão.
A explicação religiosa para o facto de serem só homens a erguer as tochas na frente da procissão, assenta na ideia de que as confrarias, o grupo que vai à frente do pálio, serem compostas apenas por homens. As irmandades, onde estavam as mulheres, seguiam atrás.
Ao longo da procissão os homens reúnem-se em pequenos grupos para se levantar o grito do «Aleluia». Pelas ruas, ouve-se uma voz forte a dizer «ressuscitou como disse» e em seguida os homens erguem bem alto as tochas e respondem «aleluia, aleluia, aleluia».
As tochas são ornamentadas com flores naturais da região ao critério de cada participante na procissão. As varandas que estão no percurso da procissão são também embelezadas com colchas coloridas e flores campestres.
[editar] Caracterização
Terra de bons ares, a freguesia é rica em qualidades ambientais, testemunhadas pela implantação do Sanatório Carlos Vasconcelos Porto, em inícios do século passado.
A nível geográfico, a freguesia é caracterizada pela transição entre as zonas do barrocal e da serra, divididas pela gola mediterrânica, de solos vermelhos. A norte, a serra ocupa cerca de 65% da área da freguesia, apresentando solos magros, pobres para a agricultura, com xistos e relevo muitas vezes declivoso.
Grande parte da sua flora é constituída por mato, com vegetação densa, mas em algumas áreas podemos encontrar espécies arbóreas de tradição mediterrânica, como sobreiros, medronheiros e azinheiros. No montado de sobro da antiga Serra de Mú, extrai-se uma das melhores cortiças do mundo, cuja exploração industrial, em inícios do séc. XX, foi responsável pelo grande crescimento da freguesia e pela sua autonomia do concelho de Faro.A História da comercialização e indústria da cortiça em Portugal está indiscutivelmente ligada à História de São Brás de Alportel.
A sul, o barrocal, onde os solos são calcários, do jurássico, e de melhor proveito agrícola. As terras aqui são mais férteis, acolhendo pequenas áreas hortícolas, como o pomar misto de sequeiro – as amendoeiras, as figueiras, as alfarrobeiras e as oliveiras – base da saborosa doçaria típica; que coexistem com algumas superfícies de mato, onde predomina o carrasco. O barrocal possui relevos mais suaves, com áreas mais abertas e cotas pouco elevadas. É maior a abundância de água, a justificar a existência de um valioso património etnográfico: fontes, poços e noras, que testemunham a História destes Lugares.
[editar] Outras informações
O famoso poeta árabe Ibn Ammar nasceu em São Brás de Alportel no século XII.
Já no século XVI, existia um convento na pequena localidade. Por causa do seu clima ameno, a localidade foi escolhida para a implatação da residência de verão do bispo do Algarve, cuja construção decorreu entre os séculos XVII e XVIII. No decorrer dos séculos seguintes, o palácio episcopal, construído para proteger do calor nos meses de Verão, foi modificado várias vezes. Actualmente encontram-se preservados apenas uma parte do complexo principal e o poço barroco.
A Igreja Matriz foi edificada após o terramoto de 1755 sobre os alicerces de uma antiga igreja do século XV. Uma visita à Capela de Senhor dos Passos vale igualmente a pena. O interior da igreja está decorado com entalhes em madeira, pinturas e estátuas, e do seu jardim disfruta-se de uma vista fantástica para o mar e da paisagem à volta.
No século XIX, São Brás de Alportel tornou-se um importante económico. As plantações de sobreiros incentivaram o desenvolvimento comercial e fizeram do município o maior produtor de cortiça de Portugal e do mundo. Por causa da transferência da produção de cortiça para o interior e Norte do país, a cidade viu-se obrigada a diversificar a sua economia nas últimas décadas.
O Centro Cultural António Bentes foi outrora a residência de um criador de caprinos que enriqueceu com o comércio da cortiça. O museu expõe os trajes típicos usados no Algarve nos séculos XIX e XX e é também um bom exemplo da arquitectura daqueles tempos.
[editar] Património
- Conjunto de Arquitectura tradicional