Sarcómero
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sinônimos: sarcômero, sarcómero, mió(ô)mero
O sarcômero é a unidade contrátil básica de um músculo estriado. São complexos multi-protéicos compostos por três complexos filamentosos diferentes, são eles:
- O filamento grosso (ou filamento de miosina) que é composto pela proteína miosina;
- O filamento fino (ou filamento de actina) é formado por monômeros de actina e nebulina;
- A titina que é uma proteína gigante e possui um alto grau de elasticidade, é responsável por evitar estiramentos excessivos do músculo.
Os sarcômeros se dispõem em serie para assim formar as miofrilas, uma célula muscular estriada é composta de muitas miofrilas dispostas paralelamente em alto grau de organização. Para se ter idéia uma célula muscular do bíceps, por exemplo, contem mais de 100 mil sarcômeros [1]. Os sarcômeros estão presentes no músculo estriado (cardíaco ou esquelético), mas estão ausentes no músculo liso.
Índice |
[editar] Bandas
Os sarcômeros são responsáveis por dar aos músculos cardíacos e esqueléticos o aspecto estriado. Ao interpretar essas estrias à microscopia eletrônica são facilmente identificáveis bandas e linhas:
- As linhas escuras dispostas em serie são denominadas linhas ou disco Z (do alemão “Zwischen”, que quer dizer algo como “no meio” em relação à banda I).
- Circundando a linha Z esta a região da banda I (de isotrópico);
- Seguindo a banda I esta a banda A (de alotrópico).
- Dentro da banda A existe uma região pálida chamada de banda H. (do alemão “Heller”, claro).
- Finalmente, dentro da banda H esta uma linha fina - a linha M (do alemão “Mittel”, meio/centro em referencia ao sarcômero).
Um sarcômero é definido como um segmento entre duas linhas Z (ou discos Z) adjacentes.
Obs.: Todas as nomenclaturas utilizadas têm como base a observação do sarcômero sob luz polarizada.
As relações entre as proteínas e as regiões do sarcômero estão a seguir:
- Os filamentos de actina correspondem pela maior parte da banda I e estende-se até parte da banda A;
- O filamento de miosina estendesse por toda a banda A. Reparar que entre a banda H e I há uma região mais escura, causada pela sobreposição dos filamentos de actina e miosina.
- A titina estende-se da linha Z, onde esta ligada ao filamento fino, para a linha M, onde acredita-se que haja interação com o filamento grosso[2][3][4].
- Os filamentos de actina e titina estão unidos na linha Z pela proteína alfa-actina[1].
Quando feito um corte transversal na banda A, mais especificamente na região onde há sobreposição dos filamentos de actina e miosina, observa-se que a miosina encontrasse envolvida por seis filamentos de actina [3]. A interação entre o filamento de actina e miosina é responsável pela contração muscular.
[editar] Contração
A contração muscular refere-se ao deslizamento da actina sobre a miosina.
[editar] Ativação
Para entender a contração do sarcômero é necessário primeiro compreender alguns aspectos da estrutura do filamento de actina. A proteína tropomiosina que está presente do filamento de actina cobre o sitio de ligação da miosina presente na molécula de actina. Para permitir a contração da célula muscular, a tropomiosina deve ser movida para “descobrir” os sítios de lição na actina. Os íons cálcio ligam-se com as moléculas de troponinas (que estão espalhadas ao longo da proteína tropomiosina) que, por conseguinte altera a posição da tropomiosina em relação a actina, forçando a revelação dos sítios de ligação na mesma. Portanto o cálcio é fundamental para o inicio de uma contração muscular, sua concentração no sarcoplasma é controlada pelo reticulo sarcoplasmatico (uma forma especializada do reticulo endoplasmático). Conseqüentemente a contração muscular termina quando o cálcio é bombeado de volta pra o reticulo sarcoplamatico.[1][2][3][4].
O músculo estriado só contrai quando um impulso nervoso é recebido de um neurônio motor. Durante a estimulação da célula muscular, o neurônio motor libera um neurotransmissor chamado acetilcolina na junção neuromuscular (a sinapse entre o botão terminal do neurônio e a célula muscular). O potencial de ação dissipa-se ao longo do túbulo T (Transverso) até que alcance o reticulo sarcoplasmatico; o potencial de ação do neurônio motor muda a permeabilidade do reticulo sarcoplamatico, permitindo o fluxo de íons cálcio para o sarcolema. Como foi abordado no parágrafo anterior, altas concentrações de cálcio no sarcoplasma permite que a cabeça da miosina tenha acesso ao sitio de ligação correspondente na actina, desencadeando a contração muscular que é o deslizamento da actina sobre a miosina causando encurtamento dos sarcômeros, como conseqüência, o encurtamento do músculo [1][2][3][4].
[editar] Nível molecular da contração
A banda A, banda I e linha Z são os únicos componentes visíveis ao microscópio óptico. Na contração muscular, a banda A mantém seu comprimento (1.6 micrometros no músculo esquelético de mamíferos) enquanto que a banda I é encurta [1].
Deve-se ter em mente que a cabeça da miosina tem dois sítios principais: um que interage com a actina e outro que se liga com um ATP, este último é uma ATPase.
- Etapa 1) Em repouso, a cabeça da miosina esta ligada a uma molécula de ATP em uma configuração de baixa energia e, neste momento, possui baixa afinidade pela actina;
- Etapa 2) Porem, a cabeça da miosina pode hidrolisar o ATP em ADP e um íon de fosfato inorgânico. Uma parte da energia liberada nesta reação muda a forma da cabeça da miosina e a promove uma configuração de alta-energia. Neste momento esta tem alta afinidade pela actina e se houver sítios de actina disponíveis haverá a formação do complexo actomiosina ou ponte cruzada;
- Etapa 3) Por causa do processo de ligação com a actina, a cabeça da miosina libera o ADP e o íon de fosfato inorgânico, retornando a configuração de baixa-energia, isto faz com que a miosina tracione a actina em direção ao centro do sarcômero e ao fazer isso a miosina libera o ADP e o íon fosfato;
- Etapa 4) Com a conclusão da etapa anterior, torna-se possível a ligação de uma nova molécula de ATP em seu respectivo sitio na miosina, isto faz com que a miosina perca afinidade pela actina desfazendo assim o complexo actomiosina. Apartir daqui pode haver um novo ciclo ou a contração pode cessar; como já foi abordado, isto depende da concentração de cálcio no sarcoplasma.
Cada ciclo causa um encurtamento no sarcômero de aproximadamente 10nm que ocorrem em torno de 5 vezes por segundo (se for uma contração rápida), deve-se ter em mente que este ciclo se refere a apenas uma cabeça de miosina e o filamento grosso possui algo em torno de 500 cabeças [2].
O rigor mortis deve-se a perturbação na quarta etapa que é causada pela falta de ATP, este tem duas implicações: sem ATP não é possível retirar o cálcio do sarcoplasma, com isso os sítios de ligação da actina vão estar expostos; e sem ATP o complexo actomiosina não pode ser desfeito. Em outras palavras o ciclo da contração para na 3º etapa fazendo com que o músculo fique enrijecido.
[editar] Imagens
[editar] Armazenamento de energia
A maioria das células musculares só armazena ATP para um número reduzido de contração muscular. Quando em repouso sob boas condições nutricionais, as células musculares armazenam glicogênio e creatina fosfato, assim em exercícios intensos e de curta duração a renovação de ATP fica por conta da glicolise anaeróbica e creatina fosfato. Por outro lado, quando a célula muscular é submetida a exercícios prolongados, quase todo ATP provem de fontes aeróbicas.
[editar] Bibliografia
[1] o artigo em inglês: http://en.wikipedia.org/wiki/Sarcomere
[2] GANONG, William F. Fisiologia Médica. 19° ed.
[3] BERNE, Robert M.LEVY, Matthew N. Fiosiologia. 4ª ed.
[4] GUYTON, Arthur C. HALL, John E. MEDICAL PHYSIOLOGY. 11ª ed.
[5] NELSON,David L. COX, Michael M. Lehninger Principles of Biochemistry. 4ª ed.