Walter Clark
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Walter Clark Bueno (São Paulo, 1936 — Rio de Janeiro, 24 de março de 1997) foi um importante produtor e executivo da TV brasileira.
Começou a trabalhar com comunicação aos 16 anos na Rádio Tamoyo, no Rio de Janeiro. Em 1956, foi para a TV Rio, onde ficou até 1965, para ser diretor-geral da Rede Globo, na época com menos de um ano de existência e muito longe de ser a potência que é hoje. É talvez o maior responsável pela "cara" que adquiriu a emissora ao longo desses mais de quarenta anos de história, aquilo a que se convencionou chamar de "Padrão Globo de Qualidade". Trouxe à TV a noção de continuidade - uma atração puxa a outra - criando o esquema "novela das sete/Jornal Nacional/novela das oito". Além desses programas, ainda criou o Fantástico e o Globo Repórter. Clark também foi responsável pela contratação de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que por muitos anos formava com ele a dupla "Boni e Clark", alusão à dupla do cinema "Bonnie & Clyde". Quanfo foi demitido, em 1977, Boni assumiu o seu lugar. Clark nunca escondeu que se sentiu traído por ele. Após a demissão, trabalhou na Bandeirantes (1981 a 1982), voltou à TV Rio (1988) e foi presidente da Fundação Roquette Pinto (1991 a 1992). No seu currículo, consta ainda uma passagem pelo Clube de Regatas do Flamengo, do qual foi vice-presidente à epoca da conquista do Mundial de Clubes, em 1981. Em 1991, publicou sua autobiografia, "O campeão de Audiência", em parceria com o jornalista e crítico Gabriel Priolli. Também foi um breve produtor de cinema, produzindo poucos mas relevantes filmes como A Estrela Sobe (1974), de Bruno Barreto e Guerra Conjugal (1975), de Joaquim Pedro de Andrade, ambos em associação com Luiz Carlos Barreto e Eu Te Amo (1980), de Arnaldo Jabor.
Clark casou-se quatro vezes (inclusive com a atriz Ilka Soares) e teve cinco filhos - com cinco mulheres diferentes. Homem poderoso e galanteador, conhecida figura da noite carioca, namorou, entre tantas, Dina Sfat e Sônia Braga. Para esta, produziu em 1981 o filme "Eu te Amo", com cenas gravadas no apartamento cinematográfico onde morava. Alguns afirmam que a neurótica história de amor e sedução contada no filme seria a verdadeira história do romance entre Clark e Sônia (com Paulo César Pereio o "interpretando"). Teve problemas com o alcoolismo (dizem que esta foi a causa de sua demissão na Globo) e faleceu de infarto em 1997, solitário, naquele seu apartamento, aos 60 anos.
Ele disse, numa entrevista à revista Isto É que não foi publicada, que "Roberto Marinho me entregou a Globo em estado pré-falimentar e eu disse a ele, vou construir um império que vai sobreviver a mim e ao senhor". Com a morte de Roberto Marinho em 2003, sua profecia se realizou.
Participou do polêmico documentário Muito Além do Cidadão Kane (1993), produzido para a televisão britânica e proibido no Brasil pelas Organizações Globo, uma obra que expõe as relações promíscuas da Rede Globo com o governo e com a sociedade. Ele analisa de forma franca e crítica a sua participação na emissora e a postura de seus ex-patrões. Numa das falas mais interessantes do filme, Walter, ao ser indagado se Roberto Marinho pode ser considerado um "Cidadão Kane", diz: "Eu acho só que ele não tem um 'Rosebud'".