A Viagem do Beagle
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A Viagem do Beagle é o título comumente dado ao livro escrito por Charles Darwin publicado em 1839 como Diário e Anotações, o que trouxe a ele considerável fama e respeito. O título se refere à segunda expedição de levantamento topográfico do navio HMS Beagle que zarpou em 27 de dezembro de 1831 sobre o comando do capitão Robert FitzRoy.
Embora a expedição tenha sido originalmente planejada para durar dois anos, ela durou quase cinco anos – o Beagle não retornou até 2 de outubro de 1836. Darwin gastou a maior parte do seu tempo explorando em terra (três anos e três meses em terra; 18 meses no mar).
O livro, conhecido como Diário de Pesquisas de Darwin é um vivido e excitante relato das memórias da viagem e também um detalhado diário científico de campo cobrindo áreas da biologia, geologia, e antropologia e que demonstra o grande poder observacional de Darwin, escrito em um período onde os europeus ocidentais ainda estavam descobrindo e explorando muito do resto do mundo. Embora Darwin tenha revisitado alguns lugares durante a expedição, para um melhor entendimento, os capítulos do livro estão ordenados por referências a lugares e locações ao invés de uma organização cronológica. Embora com compreensão tardia, Darwin iria posteriormente utilizar várias das idéias que são indicadas no livro para o desenvolvimento da Teoria da Evolução.
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[editar] Objetivos da Viagem
O principal propósito da expedição foi o levantamento hidrográfico das costas da parte sulista da América do Sul como uma continuação do trabalho de levantamentos anteriores, produzindo gráficos para guerras navais e comercio, desenhos de colinas da perspectiva do mar, com medidas de suas alturas. Em particular, a longitude do Rio de Janeiro que havia formado pontos de discordância entre levantamentos anteriores devido a discrepâncias nas medidas. Uma longitude exata deveria ser encontrada, usando cronômetros calibrados que deveriam ser corroborados por repetitivas observações astronômicas. Registros contínuos das marés e das condições meteorológicas também foram exigidos.
Em segundo plano estava o levantamento próximo às enseadas nas Ilhas Malvinas e, se estação permitisse, nas Ilhas Galápagos. Então o Beagle procederia para o Taiti e para Port Jackson Australia, pontos conhecidos para a verificação dos cronômetros. Uma exigência adicional foi realizar um levatamento geológico de um atol de coral circular no Oceano Pacífico, incluindo investigações do seu perfil e dos fluxos relativos a maré.
[editar] Contexto e preparações
As expedições anteriores de levantamento destinados a América do Sul envolveram o HMS Adventure e o HMS Beagle sobre o comando geral do comandante australiano Philip Parker King. Durante o levantamento o capitão da Beagle, Pringle Stokes, cometeu suicídio e seu comando foi transferido para o jovem aristocrata Robert FitzRoy. Após o retorno da expedição em 14 de outubro de 1830 capitão King se aposentou, e em 25 de junho de 1831, FitzRoy com 26 anos foi apontado como líder de uma segunda expedição comandando o Beagle. Ele não poupou despesas nos reparos e melhorias do Beagle, com o levantamento do convés e a instalação do melhor e mais recentes equipamentos de navegação. Ele contratou um construtor de instrumentos matemáticos para manter os 22 cronômetros posicionados dentro de sua cabine, e o artista/desenhista Augustus Earle. Durante a viagem anterior, três fueguianos haviam sido trazidos para Inglaterra e foi planejado que eles retornassem para Terra de Fuego no Beagle junto com o missionário Richard Matthews.
FitzRoy estava ciente do estresse e solidão que o comando trazia durante esse período. Desmond e Moore sugeriram que sua patente o teria barrado de jantar com seus subordinados, e ele estava bem alerta acerca do suicídio do capitão Stokes e de seu próprio tio Visconde de Castlereagh. Ele abordou seu amigo Harry Chester com a idéia de que ele o acompanhasse, sem muito sucesso. Não era muito fora do comum que naturalistas fossem convidados para tais expedições como passageiros que pagam suas próprias despesas, e em agosto de 1831, FitzRoy escreveu apressadamente paro o Almirantado, presumidamente para seu amigo e superior Capitão Francis Beaufort, pedindo que um cavalheiro bem educado e com conhecimentos científicos fosse procurado para preencher essa vaga. Os pedidos e inquéritos de Beaufort através de seu amigo George Peacock na Universidade de Cambridge foram recusados pelo Reverendo Leonard Jenyns, vigário de Swaffham Bulbeck, e pelo professor John Stevens Henslow, que tinham outros compromissos. Porém, ambos recomendaram o jovem de 22 anos Charles Darwin que tinha acabado de completar seu curso de teologia e estava na época em uma viagem de campo de geologia.
Consequentemente, quando tinha retornado, Darwin recebeu cartas de Henslow dizendo “Eu lhe asseguro, acredito que você é o homem que eles estão procurando” para a posição de “mais um companheiro do que um mero colecionador”, e de Peacock que disse que o posto estava s sua “absoluta disposição”. Inicialmente, o pai de Darwin rejeitou a proposta, mas foi persuadido por seu cunhado Josiah Wedgwood II a ceder e bancar a expedição de seu filho. Então, FitzRoy mandou uma carta se desculpando já que a posição já havia sido prometida a um amigo, mas quando Darwin chegou para a entrevista, FitzRoy disse a ela que seu amigo o havia recusado nem há cinco minutos atrás. O tori FitzRoy estava desconfiado com o cenário de ter como companheiro de viagem um desconhecido jovem com um passado Whig (partido político), e por isso eles passaram uma semana juntos, para se conhecerem melhor. Embora FitzRoy quase rejeitou Darwin devido ao formato de seu nariz que indicava uma falta de determinação (veja fisiognomonia), ambos acharam o outro agradável. Beaufort aconselhou que a parte dos custos de Darwin fosse de até £500, e que ele estaria livre para sair em qualquer estágio da expedição e teria controle sobre seu “corpo publico” e sua própria coleção também.
Darwin ficou encarregado de obter seu próprio equipamento e de meios para preservar seus espécimes, procurando conselhos com seu velho mentor Robert Edmund Grant entre outros. O geólogo Charles Lyell pediu a FitzRoy para registrar observações de características geológicas como, por exemplo, de blocos erráticos, e antes da expedição sair da Inglaterra, FitzRoy deu a Darwin uma cópia do primeiro volume do livro de Lyell Principles of Geology (Princípios da Geologia) que explicava as características(geológicas) como o resultado de um processo gradual através de longos períodos de tempo.
[editar] A Viagem
O Beagle não estava pronto para velejar até o inicio de Novembro, e foi então repetidamente atrasado por ventos fortes, zarpando só em 27 de dezembro de 1831. Passou pela Ilha da Madeira (mas não aportou nela) indo então para Tenerife, mas proibido de desembarcar por causa da quarentena de cólera imposta a barcos vindo da Inglaterra. Eles fizeram sua primeira parada na ilha vulcânica de Santiago no Arquipélago do Cabo Verde, e é onde o Diário de Darwin começa. Enquanto leituras precisas eram feitas para confirmar dados sobre a longitude, ele foi à praia e ficou fascinado com sua primeira visão da vegetação tropical, e da geologia do lugar, analisando uma faixa branca bem elevada de conchas do mar, dando suporte a teses de Lyell da elevação e queda da crosta da Terra.
Depois de passar por várias outras ilhas eles chegaram à Bahia (Salvador), Brasil em 29 de fevereiro, onde Darwin ficou maravilhado com a floresta tropical. A visão da escravidão foi considerada ofensiva por Darwin. Ao retrucar isso a FitzRoy quando ele disse que a mesma era justificável, fez com que FitzRoy perdesse a calma e o baniu da expedição. Os oficiais do barco apelidaram o capitão de “hot coffe” (café quente) devido ao seu temperamento na situação, e após algumas horas ele pediu desculpas a Darwin e pediu para que ele permanecesse na expedição.
O navio foi descendo à costa até Rio de Janeiro. Como era de praxe na época, o cirurgião do barco tomava o lugar de naturalista. Robert McCormick, o cirurgião do Beagle, sentia (e com razão) que ele estava sendo substituído por Darwin, já que ele e não o doutor recebia convites de dignitários, deixando-o suficientemente frustrando e pensando em abandonar o barco ali mesmo (e abandonou). Darwin, agora assumindo um estado quase oficial dos deveres de naturalista do barco e ganhando um apelido de Philos, ainda fazia coleções pessoais de espécimes, que mandava para Henslow em Cambridge que esperava seu retorno, ao invés de fazer coleções para a expedição. Entretanto, outros a bordo, incluindo FitzRoy e o novo cirurgião fizeram coleções para a Coroa, as quais o Almirantado colocou no Museu Britânico.
[editar] Levantamento a América do Sul
Enquanto o Beagle continuava com o seu trabalho de levantamento, navegando junto a costa, Darwin passou muito de seu tempo longe do navio. A certos intervalos, o Beagle retornava a certos portos em que a correspondência poderia ser recebida e onde as anotações, diários de Darwin e suas coleções eram mandadas de volta para Inglaterra. Darwin fez várias visitas ao continente, com companheiros de viagem das regiões que visitava. Na Patagônia ele percorreu o território com gaúchos e os viu usarem boleadeiras para derrubarem emas, e até comeu tatu assado. Na praia de Punta Alta em setembro de 1832 ele encontrou ossos fossilizados de mamíferos gigantes extintos. Um que ele achou que poderia vir a ser de um rinoceronte, veio a ser um Megatherium, uma preguiça gigante, e o outro foi o de um tatu gigantes, o Glyptodon. Em novembro, na cidade de Montevidéu a correspondência que chegava da Inglaterra incluía uma cópia do segundo volume dos Princípios da Geologia de Lyell, que apresentava uma variação de Criacionismo relatando a idéia de mudança gradual, onde espécies eram criadas em “centros de Criação” e iam a extinção a medida que o ambiente mudava, para sua desvantagem.
Eles chegaram à Terra do Fogo em 1 de dezembro de 1832 e Darwin ficou perplexo com o estado “crú” de selvageria dos nativos, em grande contraste com o comportamento civilizado dos três fueguianos que eles estavam retornando como missionários (que haviam recebido os nomes cristãos York Minster, Fuegia Basket e Jemmy Button). Ele descreveu seu primeiro encontro com os nativos fueguianos como sendo “sem exceção o espetaculo mais interessante e curioso que ele já tinha visto: eu não podia acreditar quão grande era a diferença entre os selvagens e os homens civilizados: era maior do que de um animal selvagem e um doméstico, visto que o homem tem um grande poder de melhoramento.” Em contraste, ele falou sobre Jemmy “que parecia ainda esplêndido para mim, quando eu penso em todas as suas boas qualidades, que ele era da mesmo raça, e indubitavelmente compartilha do mesmo caráter, dos miseráveis, selvagens degradados que primeiramente conhecemos aqui. (Quatro décadas depois em a Descendência do Homem, ele usaria suas impressões desse período como evidência de que o homem tinha evoluído a civilização, de um estado mais primitivo).
Na ilha da “Terra de Buttons” em 14 de janeiro de 1833 eles criaram um posto missionário, com cabanas,jardins, mobília e louças feitas de barro, mas quando eles retornaram nove dias depois as posses haviam sido roubadas e divididas igualmente pelos nativos. Matthews (possivelmente um missionário) desiste e retorna ao navio, deixando os três fueguianos civilizados para continuar o trabalho missionário. O Beagle foi então para as Ilhas Malvinas, chegando logo depois da invasão de 1833. Darwin estudou a relação das espécies e dos habitates e encontrou fósseis antigos como os que ele encontrou em Gales. Fitzroy trouxe uma escuna para ajudar no levantamento. Eles retornaram a Patagônia, onde a escuna foi provida com uma superfície inferior de cobre e rebatizado de Adventure (Aventura). Darwin foi assistido em preservar espécimes, por um jovem marinheiro chamado Syms Covington, que o ajudou a montar coleções tão boas, que com o aval de Fitzroy tomou-o para si em Covington como servo de tempo integral por £30 ao ano.
As duas embarcações navegaram pelo Rio Negro na Argentina onde Darwin deixou o Beagle para outra viagem ao continente com os gaúchos. Em 13 de agosto de 1833 ele conheceu o General Juan Manuel de Rosas que estava envolvido em uma guerra de extermínio contra os "índios" nativos, e obteu dele um passaporte. Enquanto cruzavam os pampas os gaúchos falaram a Darwin sobre uma rara espécie pequena de emas. Em Bahia Blanca, esperando pelo Beagle, ele revisitou Punta Alta e encontrou ossos de outro megatherium, dessa vez não perturbado em sua posição original (em relação a morte do animal) em um contexto de camadas de sedimento que incluíam conchas modernas, o que indicava que o clima havia sido pouco alterado desde de sua extinção, e não apresentava nenhum sinal de uma grande enchente catastrófica. Outras expedições ao continente quase acabaram de forma desastrosa quando Darwin acabou adoecendo e entrou no meio de uma revolução, já que rebeldes aliados a Rosas bloquearam Buenos Aires, mas o passaporte o ajudou e ele e Covington conseguiram escapar em um barco cheio de refugiados. Eles reencontraram o Beagle em Montevidéu. Como os levantamentos ainda estavam em progresso, Darwin fez outra viagem "galopante" de 600km a Mercedes, Buenos Aires perto do Rio Uruguai. Em 22 de novembro ouviu falar de "ossos gigantes" em uma fazenda e trouxe consigo um crânio do tamanho do crânio de um hipopótamo por dezoito pence (centavos de libra). Ele o carregou até Montevidéu por 190km. Este seria o primeiro fóssil identificado por Richard Owen, uma capivara gigante extinta que Owen chamou de Toxodon.
No Beagle, o artista Augustus Earle deixou a expedição devido a problema de saúde e foi substituído por Conrad Martens. Eles navegaram para o sul, Parando no Porto Deseado em 23 de dezembro. Lá Martens atirou em uma ema que serviu de um delicioso jantar. Darwin então percebeu que a ema era fazia parte da espécie anã, e preservou os restos mortais. Em janeiro de 1834, 180 km mais ao sul, eles chegaram ao Porto San Julián e explorando a geologia local em desfiladeiros perto da costa, Darwin encontrou fósseis de pedaços de espinha e um membro anterior de algum tipo de “grande animal, penso eu ser de um Mastodonte”. Em 26 de janeiro eles entraram no Estreito de Magalhães e na Baia de San Gregório eles encontraram “quase-civilizados” patagonianos “gigantes” (1.80m de altura), descritos por Darwin como “excelentes naturalistas práticos” que explicaram a eles que as emas menores eram a única espécies do sul, enquanto que as grandes emas ficavam ao norte, as espécies se encontravam perto do Rio Negro.
Após outro levantamento na Terra do Fogo eles retornaram em 5 de março de 1834 para visitar os missionários, mas encontraram as cabanas desertas. Então canoas se aproximaram e eles perceberam que um dos selvagens nativos era Jemmy, que havia perdido seus pertences e havia se reintegrado aos costumes nativos, tomando para si uma esposa. Darwin nunca havia visto “mudança tão completa e penosa”. Jemmy foi a bordo e recusou usar seus talheres apropriadamente, falando inglês melhor do que nunca, assegurou a eles que “não tinha a mínima vontade de retornar a Inglaterra” e estava “feliz e contente”, deixando a todos presentes de peles de lontra e pontas de flechas antes de retornar a canoa para sua se juntar a sua mulher Sobre a primeira visita Darwin havia escrito que “vendo tal homem, pode-se vir a acreditar que eles são criaturas-iguais, e habitantes de nosso mesmo mundo. É um assunto comum conjetura que tipo de felicidade em vida alguns dos animais menos dotados podem aproveitar: E quanto mais racionalmente a mesma pergunta pode ser feita sobre esses bárbaros.”, e mesmo assim um desses selvagens tinha rapidamente se adaptado ao mundo civilizado e então escolheu o retorno aos seus costumes primitivos Isso não se conformou muito bem com a visão da humanidade dos dons de Cambridge como a melhor criação de Deus, inexoravelmente superior aos animais.
Eles retornaram as Ilhas Malvinas em 16 de março logo após uma revolta de gaúchos e nativos ter massacrado os britânicos nacionais, e ajudaram a acabar com a revolta. Darwin recebeu notícias de Henslow de que seus espécimes haviam chegado a Cambridge, com os fósseis da América do Sul sendo extremamente valorizados e colocados a amostra para a nata científica britânica, fazendo assim a reputação de Darwin. O Beagle partiu então para o sul da Patagônia, e em 19 de abril uma expedição incluindo Fitzroy e Darwin foram com barcos o mais longe possível rio acima, no Rio Santa Cruz na província de Santa Cruz, Argentina. Do porto de Santa Cruz, com todos os envolvidos tomando turnos em times arrastando os barcos corrente acima. O rio é cortado por uma seria de elevações e platôs formando vastas planícies cobertas de conchas e finas telhas de madeira, e Darwin conversou com Fitzroy sobre sua interpretação do ambiente, e que esses “terraços” haviam sido praias que haviam gradualmente elevadas de acordo com a teoria de Lyell. Eles se aproximaram dos Andes, mas tiveram que retornar.
[editar] Costa oeste da América do Sul
O Beagle e o Adventure agora faziam o levantamento no Estreito de Magalhães antes de navegarem para o norte passando para a costa oeste, chegando a ilha de Chiloé no Arquipélago de los Chonos em 28 de junho de 1834, um lugar úmido e abundante em florestas. Eles então passaram os próximos seis meses coletando dados da costa e da parte sul da ilha. Em Valparaíso em 23 de julho de 1834, Darwin comprou cavalos e foi até ao Andes vulcânicos, mas quando retornava, adoeceu, e passou um mês de cama. É possível que ele tivesse contraido doença de Chagas, levando ao seu problema de saúde após seu retorno, mas o diagnóstico de seus sintomas até hoje é aberto a disputas.
Darwin descobriu que o Almirantado havia repreendido Fitzroy pela compra do Adventure. Fitzroy ficou mau com a notícia, vendendo o navio e anunciando que iria retornar e conferir o levantamento feito nele, depois iria abdicar de seu comando pois duvidava de sua sanidade, mas foi persuadido por seus oficiais a desistir da abdicação e continuar. O artista Conrad Martens deixou o navio e foi para a Australia.
Depois de esperar por Darwin o Beagle zarpou dia 11 de novembro para fazer levantamentos do Arquipélago de los Chonos. Dali eles viram a erupção do vulcão Osorno nos Andes. Eles então partiram para o norte chegando ao porto de Valdivia em 20 de fevereiro de 1835. Darwin estava em terra firme quando experiênciou um terremoto, e retornou para encontrar o porto da cidade severamente destruido. A 320km dali em Concepción, Chile, eles encontraram a cidade devastada por repetidos choques e ondas de mare, deixando até a catedral da cidade em ruínas. Tentando fugir do horror da morte e destruição da cena, Darwin notou que as camadas de mexilhões estavam depositadas acima da maré alta com os moluscos mortos . Havia evidências claras de que o chão havia elevado-se 2,7m, e ele pessoalmente experimentou o processo gradual do continente emergindo do oceano como Lyell havia indicado.
De volta a Valparaiso, Darwin participou de outra excursão para os Andes em 21 de março alcançando a divisão continental a 4000m de altura: até ali ele encontrou fósseis de conchas do mar nas rochas. Depois de ir a Mendoza quando estavam retornando por uma passagem diferente eles encontraram uma floresta petrificada de árvores fossilizadas, cristalizadas em uma escarpa de arenito. Darwin percebeu que essas árvores estavam na praia atlântica quando a terra afundou, enterrando-as na areia que foi então comprimida em rocha, e foi então gradualmente elevada junto com o continente a 2100m nas montanhas. Retornando a Valparaiso com mulas carregadas de espécimes ele escreveu a seu pai que seus achados, se aceitos, seriam cruciais para a teoria da formação do mundo. Após outra expedição aos Andes enquanto o Beagle estava sendo consertado, Darwin finalmente se juntou ao resto da expedição e eles velejaram para Lima, mas encontraram uma insurreição em progresso e tiveram que permanecer no navio. Nessa ocasião ele estava escrevendo suas notas quando percebeu que a idéia de Lyell de que atóis de corais estavam na borda de vulcões extintos que se elevavam fazia menos sentido do que vulcões afundando gradativamente para que os recifes de corais em volta da ilha continuassem sendo formados perto do nível do mar e se transformassem em atóis enquanto o vulcão desaparecia no mar. Essa era uma teoria que ele iria examinar quando eles chegassem a tais ilhas.
[editar] Ilhas Galápagos
Uma semana fora de Lima, eles chegaram as Ilhas Galápagos em 15 de setembro de 1835. Na Ilha de San Cristóbal Darwin encontrou lava vulcânica negra rochosa queimando sobre o Sol quente, e crateras vulcânicas que o faziaM lembrar das casas de fundições de ferro da industrial Staffordshire. Ele notou um tipo de arbusto fino espalhado pela ilha sendo composto de 10 espécies, e encontrou poucos insetos. A impressionante tartaruga gigante para seu gosto pessoal parecia antedeluviana, embora ele tenha pensado naquela época que elas haviam sido trazidos para a ilha por piratas, como fonte de alimento.
Na colônia prisão na Ilha de Santa Maria foi dito a ele que as tartarugas apresentavam pequenas diferenças de ilha para ilha, mas aparentemente isso não foi óbvio nas ilhas que Darwin visitou tanto é que ele nem se preocupou em coletar suas cascas. As iguanas marinhas eram tremendamente feias, e devido a um erro na colocação das etiquetas no museu ele achou que essas criaturas únicas eram uma espécies Sul Americana. Os pássaros, notavelmente não tinham medo da presença humana,e eram tipos diferentes, únicos, e que lembravam as espécies da America do Sul. Ele notou que os pássaros canoros eram diferentes de ilha em ilha e tomou cuidado etiquetando espécimes, mas não se preocupou em anotar onde outras espécies, como os tentilhões haviam sido encontradas. Felizmente, outros realizaram um processo mais metódico enquanto etiquetavam suas coleções. Eles saíram da ilha em 20 de outubro.
[editar] Taiti até Austrália
Ele partiram para outros destinos, jantando uma tartarugas de Galápagos, e em 9 de novembro avistaram as Ilhas da Sociedade que a primeira vista pareceram desinteressantes para Darwin, somente praias brancas e palmeiras. No Taiti ele logo se interessou pela vegetação luxuriante e pelos agradáveis e inteligentes nativos que mostraram uma visão amigável do cristianismo, refutando alegações que Darwin teria lido (que as missões estavam destruindo as culturas indígenas locais).
Em 19 de dezembro eles chegaram na Nova Zelândia onde Darwin formou opiniões ruins sobre o lugar e seus habitantes. Ele viu os tatuados Maori como selvagens como caráter de ordem bem menor do que os dos taitianos, e notou que suas casas eram “imundas sujas e ofensivas”. Ele viu os missionários trazendo aperfeiçoamento em suas personalidades e também com novas praticas agrícolas com um exemplo de “fazenda inglesa” com mão-de-obra nativa. Richard Matthews foi deixado aqui com seu irmão mais velho Joseph Matthews que eram um missionário em Kaitaia. Darwin e Fitzroy concordaram que os missionários haviam sido mau interpretados nos panfletos, especialmente um escrito por Augustus Earle o qual ele havia deixado no navio. Darwin também notou muitos residentes ingleses, a maioria deles de caráter deplorável, incluindo fugitivos condenados da Nova Gales do Sul. Em 30 de dezembro, Darwin estava feliz em deixar a Nova Zelândia.
O primeiro avistamento da Austrália em 12 de janeiro de 1836 o lembrou muita da Patagônia, mas o continente do país se mostrou melhor e Darwin logo ficou cheio de admiração com a movimentada cidade de Sydney. Em uma viagem ao interior do país ele deparou-se com um grupo de aborígenes que lhe deram uma demonstração de lançamento de lanças por um shilling, contradizendo a idéia comum de que eles eram “criaturas degredadas”, e Darwin tristemente refletiu em com seus números estavam diminuindo rapidamente. Em uma grande fazenda de ovelhas ele se juntou a um grupo de caça e pegou seu primeiro marsupial, um “potoroo”, fazendo-o pensar que um incrédulo “poderia exclamar 'Claramente dois criadores distintos deviam estar a trabalhar'.” Ele então foi apresentado ao ainda mais estranho ornitorrinco e ficou surpreso ao descobrir que muitos colonos acreditavam que ele colocava ovos como um réptil uma questão ainda muito debatida na comunidade científica britânica; Ainda na Austrália, O Beagle visitou Hobart, Vand Diemens Land (nome antigo dado a Tasmânia), depois velejaram para Albany no sudoeste da Austrália. Ali Darwin participou de uma dança aborígene, uma “cena rude e bárbara” “tudo se movimentado em uma horrível harmonia” embora ele tenha gostado dos “bem humorados” aborígenes “com espíritos tão elevados”. A partida do Beagle foi atrasada devido a uma tempestade que o encalhou. Depois que o navio foi colocado a flutuar novamente ele continuaram a viagem.
[editar] Ilhas Cocos
Na chegada as Ilhas Coco no Oceano Indico em 1 de abril, Darwin encontrou uma economia baseada no coco servindo tanto os habitantes quanto a vida selvagem. Eles investigaram as lagoas de coral, e os levantamentos de FitzRoy revelaram um perfil consistente com a teoria dos Atóis que Darwin havia desenvolvido em Lima. Novamente Darwin sofreu de fortes enjôos na viagem para Maurício, onde ele ficou impressionado pelo grau de civilidade da colónia francesa, e fez um tour pela cidade, metade do tempo montado em um elefante.
O Beagle chegou ao Cabo da Boa Esperança em 31 de maio. Na Cidade do Cabo, Darwin recebeu correspondência de sua irmã dizendo a ele que 10 de suas cartas sobre a geologia da América do Sul haviam sido editadas e imprimidas por Henslow para distribuição privada, estabelecendo sua reputação. Após uma semana na ilha, Darwin e FitzRoy visitaram o notável astrônomo Sir John Herschel que além de fazer observações astronômicas tinha um grande interesse em geologia, já que mantia correspondência com Lyell sobre a formação dos continentes e sobre o mistério de como novas espécies de formas de vida surgiram, tópicos que ele pode ter discutido com ambos durante um jantar. Na Cidade do Cabo, FitzRoy foi convidado para contribuir ao South African Christian Recorder e após eles terem partido em 18 de junho ele escreveu uma carta aberta sobre o Estado Moral do Taiti, incorporando partes do diário de Darwin e defendeu a reputação dos missionários. A carta foi dada para um navio que passava, levando-a para a Cidade do Cabo. Essa carta tornou-se o primeiro trabalho publicado de FitzRoy (e Darwin).
Eles pararam em Santa Helena por alguns dias, e ali Darwin notou a predominancia de plantas inglesas importadas. Ele examinou uma faixa de fosseis de concha a 600 metros de altura, o que poderiam indicar que Santa Helena teria-se elevado do mar em um período recente, mas Darwin conseguiu refutar essa hipótese identificando que elas eram na verdade uma espécies extinta de concha terrestre.
O Beagle então velejou para a Ilha da Ascensão onde Darwin viu os cones vulcânicos vermelhos de “cinza” no oceano. Em 23 de julho eles zarparam com a esperança (da maior parte dos tripulantes) de voltarem logo para casa, mas FitzRoy queria assegurar-se da exatidão das medidas longitudinais, levando o navio pelo Atlântico até Bahia no Brasil para fazer revisões nas leituras. Darwin aproveitou a oportunidade para revisitar a floresta por cinco dias, mas a viagem de retorno foi adiada por onze dias devido ao tempo que forçou o Beagle a procurar abrigo mais acima na costa. O Beagle partiu para casa em 17 de agosto, e após uma viagem conturbada, incluindo uma parada para reabastecimento de suprimentos nos Açores. O Beagle finalmente chegou a Falmouth, Cornwall, Inglaterra em 2 de outubro de 1836.
[editar] Retorno
Logo após seu retorno, Darwin rapidamente pegou uma carruagem para casa, chegando tarde da noite de 4 de outubro de 1836 ao Mount House, a casa da família em Shrewsbury, Shropshire. Darwin teria ido direto para cama e saudado sua família durante o café da manhã. Depois de passar dez dias “matando a saudade”, ele foi para Cambridge, levando em conta o conselho de Henslow em organizar, descrever e catalogar suas coleções.
O pai de Darwin o patrocinou, de tal forma que o permitiu colocar de lado outras carreiras, e como ele se tornou uma celebridade científica com uma reputação estabelecida por seus fósseis e da publicação de Henslow de suas cartas sobre a geologia da América do Sul, a também realizar uma turnê pelas instituições de Londres. Já nessa época ele fazia parte do “establishment científico”, colaborando com especialistas naturalistas, classificando seus espécimes, e trabalhando em suas idéias que ele vinha elaborando durante sua viagem. Charles Lyell o deu suporte entusiástico. Em dezembro de 1836, Darwin apresentou uma palestra para Sociedade Filosófica de Cambridge. Ele escreveu um ensaio provando que o Chile, e o continente sul americano, estavam lentamente elevando-se, o qual ele leu para a Sociedade de Geologia de Londres em 4 de janeiro de 1837.
Syms Conington ficou com Darwin trabalhando como seu auxiliar até o casamento de Darwin em 1837, quando ele partiu em bons termos e migrou para Austrália.
[editar] Publicação do livro de Darwin
Darwin foi convidado por FitzRoy para contribuir com a sessão de história natural do relatório do capitão acerca da viagem, e usando suas notas de campo e seu diário que ele vinha mandando para sua família ler, completou essa sessão em setembro de 1837. Além de escrever seu próprio relatório da viagem e de duas expedições anteriores, FitzRoy ainda tinha que editar as notas do capitão anterior do Beagle. O relatório foi completado e publicado em maio de 1839 como Narrativa da Viagem de Levantamento dos Navios de nossa Majestade Adventure e Beagle em quatro volumes. O volume um cobre a primeira viagem sobre o comando de Philip Parker King, volume dois é o relatório de FitzRoy sobre a segunda viagem. O Diário e Anotações de Darwin 1832-1836 forma o terceiro volume, sendo o quarto volume um extenso apêndice. A contribuição de Darwin provou ser bem popular, tanto que o editor, Henry Colburn de Londres, a tomou na reedição do mesmo texto em agosto com um novo título de pagina: Diário de Pesquisas na Geologia e Historia natural dos vários países visitados pelo HMS Beagle, aparentemente sem buscar qualquer permissão por parte de Darwin ou lhe pagando uma taxa.
[editar] Edições posteriores: mudanças na ideia da evolução
O livro passou através de várias edições, e foi subsequentemente publicado com vários títulos diferentes. O mais conhecido foi a segunda edição de 1845 que incorporava extensas revisões a luz da interpretação das coleções de Darwin e do desenvolvimento das idéias em relação à evolução. Essa edição foi autorizada pelo editor John Murray, que de fato pagou uma taxa a Darwin.
Na primeira edição relacionando as similaridades da vida selvagem de Galápagos com a do continente da América do Sul, Darwin observa: “As circunstâncias seriam explicadas, de acordo com a visão de alguns autores, dizendo que o poder Criador havia agido de acordo com a mesma lei em uma extensa área” em referência as idéias de Charles Lyell nos “centros de criação”. Ele notou as gradações do tamanho dos bicos de espécies de tentilhão, suspeitando que as espécies “estão confinadas a ilhas diferentes”, “Mas não há espaço nesse trabalho, para entrar nesse assunto curioso.”
Edições posteriores dão dicas de suas novas idéias na evolução:
“Considerando o pequeno tamanho das ilhas, nos sentimos mais surpreendidos com o número de seus seres aborígines, em sua área confinada... com um período geológico recente, o oceano inquebrável foi aqui dividido. Consequentemente, ambos no espaço e tempo, parece que somos trazidos de alguma forma para aquele grande fato –aquele mistério dos mistérios- a primeira aparição de novos seres nessa terra.”
Falando sobre os tentilhões e de suas gradações no tamanho dos bicos, ele escreveu que “alguém poderia realmente imaginar que da escassez original de pássaros neste arquipélago, uma espécie tenha sido tomada e modificada para diferentes fins.".
[editar] Sumário - lugares que Darwin visitou
O sumário do livro que apresenta os lugares onde Darwin foi (não está em ordem cronológica
- Prefácio
- Santiago - Cabo Verde
- Penedos de São Pedro e São Paulo
- Rio de Janeiro
- Maldonado
- Rio Negro até Bahia Blanca
- Bahía Blanca
- Bahía Blanca para Buenos Aires
- Buenos Aires e St. Fé
- Banda Oriental e Patagónia
- Santa Cruz, Patagónia, e as Ilhas Malvinas
- Tierra del Fuego
- Estreito de Magalhães
- Chile Central
- Chiloe e Ilhas Chonos
- Chiloe e Concepción: Grande terremoto
- Passagem pela Cordilheira
- Norte do Chile e Peru
- Arquipégalo Galapágos
- Taiti e Nova Zelândia
- Australia
- Ilhas Cocos- formação de corais
- Maurício até Inglaterra
[editar] Fontes
- Darwin, Adrian Desmond e James Moore, Michael Joseph, the Penguin Group, Londres 1991 ISBN 0-7181-3430-3
- Voyage of the Beagle, Charles Darwin (including Robert FitzRoy's 'Remarks with reference to the Deluge'), Penguin Books, London 1989 ISBN 0-14-043268-X
- Charles Darwin (1999), by John Patrick Michael Murphy
[editar] Ligações externas
[editar] Textos completos
- A Viagem do Beagle texto do Projeto Gutenberg ((en))
- A Viagem do Beagle- Texto completo ((en))
- texto completo ((en))
- texto completo,vários formatos ((en))
[editar] outros recursos
- The Voyage of the Beagle and Darwin's explorations - uma página com sinopse e ótimos mapas.((en))
- Bright Sparcs - The Journal of Syms Covington, Assistant to Charles Darwin Esq. on the Second Voyage of the HMS Beagle ((en))