Aftássidas
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Os Aftássidas (ou Aftásidas, do ár. Banu-l'Aftas, Banu al-Aftas) foram uma dinastia de berberes arabizados que assumiu o poder na taifa de Badajoz, e que logrou manter o seu domínio durante a maior parte do século XI (1022-1095).
Durante a fitna que levou à queda do califado omíada de Córdova, em 1022, Abdallah ibn Muhammad ibn Maslamah ibn al-Aftas (donde deriva o nome da dinastia aftássida), antigo mercenário berbere, tomou o poder em Badajoz, por morte de Sabur al-Jatib (um servo de origem eslava, que servira na corte do califa al-Hakam II e que se autoproclamara senhor de Badajoz em 1009, e para o qual Ibn al-Aftas exercera funções governamentais). Adicionou ao seu nome o epíteto (laqab) de al-Mansur Billah, ou seja, «vencedor em nome de Allah» e governou uma extensa taifa que se extendia por parte significativa do Ġarb al-Ândalus, desde a linha do Douro até ao sul do Tejo, vindo a falecer em 1045.
A este sucedeu-lhe o filho Abu Bakr Muhammad ibn Abdallah al-Muzzaffar (1045-1065), que teve lutar contra os propósitos expansionistas dos Abádidas de Sevilha (que pretendiam, muito provavelmente, refazer em proveito próprio a velha unidade política do califado omíada), bem como contra as investidas do Norte cristão, que pela primeira vez se afirmava como potência no quadro da Península Ibérica, com a união de todo o Noroeste debaixo da coroa de Fernando Magno de Leão e Castela, o qual viria sucessivamente a tomar ao reino de Badajoz velhas praças de fronteira, nas quais nunca verdadeiramente se chegaram a afirmar como senhores incontestados: Lamego (29 de Novembro de 1057), Viseu (finais de 1057 ou inícios de 1058), e como corolário, Coimbra (24 de Julho de 1064), reduzindo assim em definitivo o território sob a autoridade dos Aftássidas ao Sul da bacia do Mondego. Para além disso, viu-se ainda obrigado, a partir de 1055, a pagar páreas (tributos) ao rei leonês, para evitar as depradações sobre o seu território.
Por morte de al-Muzzaffar, sucederam-lhe dois filhos, Yahya ibn Muhammad al-Mansur (que governou entre 1065 e 1072 em Badajoz) e 'Umar ibn Muhammad al-Mutawakkil (que governou entre 1065 e 1072 em Évora, e após essa data e até 1094 refez a unidade do reino em proveito próprio, a partir de Badajoz). Al-Mutawakkil tentou, durante um breve lapso de tempo (1080-1081), anexar a taifa de Toledo (dos Dulnúnidas), o que lhe daria prestígio e força na luta contra os cristãos, mas o projecto saiu gorado. Ao mesmo tempo, teve que fazer face aos ataques que os Abádidas lançavam ao Sul do seu território.
Alguns anos volvidos, Afonso VI de Leão e Castela conseguiu alcançar o desiderato de tomar Toledo (1085), o que levou os principais reis de taifa (Badajoz, Sevilha, Granada) a reunirem-se e a solicitar a intervenção de uma potência externa (os Almorávidas de Marrocos) na luta contra os cristãos. Estes viriam a derrotar Afonso VI em Zalaca (1086), após o que iniciaram a anexação dos diferentes reinos de taifa. Al-Mutawakkil, vendo-se perdido, invocou a protecção de Afonso VI, e entregou-lhe em 1093 as praças da linha do Tejo (Lisboa e Santarém); de pouco lhe serviu, pois em 1094 caiu em poder dos Almorávidas e foi executado com dois dos seus filhos. Um outro, porém, al-Mansur III, sobreviveu, e continuou a governar, até data incerta, em Montánchez. Em 1095, todo o antigo reino aftássida tinha sido reconquistado pelos Almorávidas, com excepção de Santarém.
[editar] Lista de soberanos aftássidas
- Abdallah ibn Muhammad ibn Maslamah ibn al-Aftas (1022-1045)
- Abu Bakr Muhammad ibn Abdallah al-Muzzaffar (1045-1065)
- Yahya ibn Muhammad al-Mansur (1065-1072, em Badajoz)
- 'Umar ibn Muhammad al-Mutawakkil (1065-1072, em Évora; 1072-1094, em Badajoz)
- al-Mansur III (1094-?, em Montánchez)