Aveiras de Cima
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Brasão | |
Gentílico | aveirecense ou cima-aveirense |
Concelho | Azambuja |
Área | 26,081 km² |
População | 4 661 hab. (2001) |
Densidade | 178,7 hab./km² |
Orago | Nossa Senhora da Purificação e Mártir São Sebastião |
Código postal | 2050 |
Freguesias de Portugal |
Aveiras de Cima é uma freguesia portuguesa do concelho de Azambuja.
Com uma superfície de 26, 081 km² a Vila de Aveiras de Cima tinha, segundo os Censos de 2001, 4661 habitantes o que a tornava a segunda freguesia mais populosa a seguir à sede do Concelho.
A população está distribuída pela sede da freguesia e pelos lugares de Casais das Amarelas, Casais da Fonte Santa, Casais Monte Godelo, Casais Vale Brejo, Casais Vale Coelho, Casais das Inglesias, Casais das Comeiras e Casais Vale Tábuas e pelos bairros satélite da Milhariça e Soldadico.
Índice |
[editar] História
Compartilhando com a actual freguesia de Vale do Paraíso o mesmo território e administração até meados da segunda década do século XX, comungaram desde o início da nacionalidade de uma história comum. Com origens muito pouco concisas como território autónomo de administração e circunscrição local até D. João I, não oferecem dúvidas quanto à malha geográfica paroquial tardo-medieva, coincidente com a malha concelhia do Antigo Regime . Sendo um concelho de jurisdição régia com assembleia dos homens-bons da Vila, não passou este território ao lado das atenções da Coroa. Demonstram-no os sucessivos instrumentos imanados do Poder Central para o bem-comum da comunidade e a particulares, assim como as estadas e itinerários conhecidos de alguns monarcas.[1]
Povoação conhecida desde o tempo da reconquista cristã, recebeu carta de aforamento de D. Sancho I em 1210. Na literatura existem rumores da existência de um castelo:
"Ora, antes de morrer no Alcáçar de Coimbra, o Senhor D. Sancho suplicara a Tructesindo Mendes Ramires, seu colaço e Alferes-Mor, por ele armado Cavaleiro em Lorvão, que sempre lhe servisse e defendesse a filha amada entre todas, a Infanta D. Sancha, senhora de Aveiras." (...)
"Imediatamente Alenquer e os arredores doutros castelos são devastados pela hoste real que recolhia das Navas de Tolosa" (...)
Esta dúvida, porém, não angustiara a alma desse Tructesindo rude e leal que o Fidalgo da Torre rija-mente modelava. Nessa noite, apenas recebera pelo irmão do Alcaide de Aveiras, disfarçado em beguino, um aflito recado da senhora D. Sancha - ordenava a seu filho Lourenço que, ao primeiro arrebol, com quinze lanças, cinqüenta homens de pé da sua mercê e quarenta besteiros, corresse sobre Montemor.(...)
"No entanto o irmão do Alcaide, sempre disfarçado em beguino, de volta ao castelo de Aveiras com a boa nova de prestes socorros, transpunha ligeiramente a levadiça da cárcova..."
In Eça de Queiróz, A Ilustre Casa de Ramires
Até ao século XIX, Aveiras de Cima foi sede de município.
[editar] Cronologia
1210 - D. Sancho I outorga "carta de aforamento" a Aveiras.
1401 - D. João I concede aos moradores de Aveiras e seu termo, carta de jurisdição própria, pela grande distância do lugar a Santarém, a que pertencia, Cabendo a D. João Afonso Esteves de Azambuja, então bispo do Porto, a confirmação dos oficiais concelhios.
1434 - A pedido do cavaleiro João Afonso de Brito, D. Duarte reforça e confirma a "Aveiras de Fundo" a jurisdição própria e autónoma de Santarém, excepto assuntos de natureza militar e que seu pai concedera em 1401.
1493 - D. João II recebe Cristóvão Colombo em Vale do Paraiso.
1493 - A 12 de Março, D. João II emite documentos de despacho ordinário, datados de Vale do Paraíso.
1499 - É deste ano o último documento oficial que pela última vez Aveiras de Cima é designada pela tradição medieval como Veiras ou Aveiras de Fundo , numa concessão que D. Manuel faz a João Fogaça do seu Conselho, das coimas por devassa de rebanhos, nos pomares e hortas pertencentes à capela do Espírito Santo.
1513 - Foral novo, outorgado por D. Manuel e datado de 13 de Setembro, a Aveiras de Cima e Vale do Paraíso.
1570 - Frei Agostinho de Santa Maria fixa o início da lenda da descoberta da imagem de Nossa Senhora do Paraíso e de como D. Ana de Alencastro, comendadeira de Santos, se tornou administradora da sua igreja.
1630/1640 - Alvará de Filipe III, para (re)instalar os serviços concelhios de Aveiras de Cima.
1680 - Brás Teixeira de Távora, descendente de Vasco Martins Teixeira, é autorizado a instituir o morgadio de Vale do Paraíso, por Alvará datado de 25 de Janeiro.
1722 - D. João V concede a D. Maria Francisca de Mendonça, dama da Rainha e aia do infante D. Carlos, autorização para casar com António de Moura Borralho, com a atribuição de uma tença anual de 100$000 reis.
1758 - O Cura de Aveiras, P. João Pena de Morais redige as Memórias Paroquiais, com a data de 15 de Março. Segundo ele, Aveiras de Cima tinha "cento e setenta vizinhos, quatrocentas e setenta e três pessoas de Comunhão e cinquenta para sessenta de Confissão somente" e Vale do Paraíso, 40 vizinhos.
1826-1842 - Pela legislação produzida entre 1832 e 1836 para ordenamento e administração do território, sobretudo o Decreto de 6 de Novembro deste último ano, Aveiras de Cima passa a integrar o concelho de Azambuja.
1842 - Conclusão da "Demonstração Genealógica em que s'aprova a Descendência de Francisco José de Queiróz e Vasconcellos de Sousa, e de sua mulher D. Francisca Cândida de Mendonça e Moura.
1853 - Francisco de Almeida Grandella é baptizado na igreja de Nossa Senhora da Purificação de Aveiras de Cima, paróquia em que nasceu a 23 de Junho do mesmo ano.
1906 - Inauguração da Escola Dr. Francisco Maria de Almeida Grandella, (médico) em Aveiras de Cima, obra erigida por Francisco de Almeida Grandella.
1916 - Vale do Paraíso é elevada à categoria de Freguesia, tornando-se a 7.ª freguesia do Concelho de Azambuja.
1934 - No seu palacete da Foz do Arelho, Francisco de Almeida Grandella, morre a 20 de Setembro.
[editar] Actividades económicas:
Agricultura, vitivinicultura, indústria, comércio e serviços.
[editar] Património
Igreja matriz, Edifício da Escola Grandella e Fonte das Bicas.
[editar] Outros Locais
Miradouro do Moinho do Miranda.
[editar] Artesanato
Latoaria, correaria, tapeçaria e bordados.
[editar] Feiras
Mercado mensal no segundo sábado do mês.
[editar] Festas e Romarias
Nossa Senhora das Candeias (1.º fim-de-semana de Fevereiro) e [(Nossa Senhora da Purificação]] (10 de Junho). ÁVINHO, Festa do Vinho e das Adegas.
[editar] Gastronomia:
Torricado, Açorda, Sopas de Batata com Bacalhau, Jaquinzinhos Fritos, Pívia de Bacalhau.
[editar] Turismo
Terra de Grandella, a singularidade desta vila é conhecida em todo o Concelho. No entanto não há precisão na data em que foi fundada nem quem foi o seu fundador, apenas se sabe que foi D. Sancho I que a povoou e lhe deu o foral em 1210. Vila de solos férteis, tem a sua actividade centrada na agricultura, com predominância da vinha.
A vila foi marcada pelo filantropo Francisco de Almeida Grandella, o fundador da primeira grande superfície comercial em Portugal, os “Armazéns Grandella”. Filho de um médico pobre, foi para a grande cidade com apenas 11 anos, onde teve o seu primeiro contacto com os negócios . Começou por ser caixeiro na Rua dos Fanqueiros; mais tarde, o destino conduziu-o a uma brilhante carreira no mundo dos tecidos, tendo começado por ser empregado numa loja de fazendas, camisaria e modas onde ganhou o gosto pelo negócio, o que o levou a criar um novo conceito de venda - surgiam assim os armazéns Grandella. Com a fortuna acumulada construiu no início do séc. XX a escola primária para as crianças da sua terra natal, um edifício de linhas sóbrias em estilo neo-clássico, que dedicou a o pai, dando-lhe o nome de Escola Primária Dr. Francisco Maria de Almeida Grandella. Aconselha-se ainda uma volta pela aprazível vila, com as suas características casas térreas, os seus largos , o coreto etc.
Como curiosidade, refira-se a existência de um exemplar secular de oliveira, Olea europaea L. var. europaea. Trata-se de uma árvore de porte médio com copa bem desenvolvida assim como o sistema radicular.
De realçar o tronco desta oliveira pelo seu aspecto. O facto de se apresentar “oco” leva a crer que poderá estar condenada, o que não corresponde à verdade, visto que as oliveiras desenvolvem “cordas” que são troncos de menor diâmetro e que no seu conjunto dão um aspecto muito “ suis generis ”. São essas cordas que permitem à árvore a realização das suas funções vitais e explicam a longevidade da mesma. Vão ver que vale a pena visitá-la. [2]
[editar] Escolas
- Escola Básica do 1º Ciclo de Aveiras de Cima
- Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de Aveiras de Cima
- Escola Básica do 1º Ciclo de Vale do Brejo
[editar] Colectividades:
- Casa do Povo de Aveiras de Cima
- Aveiras de Cima Sport Clube
- Filarmónica Recreativa de Aveiras de Cima
- Centro Social e Paroquial de Aveiras de Cima
- O Giribaldo - Associação de Dinamização Cultural
- Casa do Benfica de Aveiras de Cima
- Núcleo Sportinguista de Aveiras de Cima
- Núcleo de Aveiras de Cima da Cruz Vermelha Portuguesa
[editar] Bibliografia
- Rui de Azevedo, P. Avelino da Costa e Marcelino Pereira, Documentos de D. Sancho I , Universidade de Coimbra, 1979.
- IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de D. João I, Livro 2, f. 91 v.º e 92.
- IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de D. Duarte, Livro 1, f. 80 e 80 v.º.
- Garcia de Resende, Crónica de D. João II , capítulo 165 e Joaquim Veríssimo Serrão, Itinerários de El-rei D. João II , v. II.
- IAN-TT, Corpo Cronológico, I, 2-9.
- IAN-TT, Livro 1 da Comarca da Estremadura, f. 258 v.º.
- IAN-TT, Livro dos Forais Novos da Estremadura, f. 93 e 93 v.º.
- Frei Agostinho de Santa Maria, Santuário Mariano , t. II, Lisboa, 1707, p. 363.
- IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de Filipe III, Livro 18, f. 327.
- IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de D. Pedro II, Doações e Mercês, f. 258 v.º.
- IAN-TT, Desembargo do Paço, Consultas. - Colecção de Leis e Outros Documentos Oficiais, Imprensa Nacional, Lisboa, 1.ª a 11.ª séries e Luís Nuno Espinha da Silveira, Território e Poder - Nas Origens do Estado Contemporâneo em Portugal , Patrimónia Histórica, Cascais, 1997, p. 150.
- IAN-TT, Registos Paroquiais, Lisboa, Azambuja, Aveiras de Cima, caixa 3, Livro B-8 e J. Pereira, Francisco de Almeida Grandella, O Homem e a Obra , CMA, 1998, p. 7.
- J. Pereira, Francisco de Almeida Grandella, O Homem e a Obra , CMA, 1998, p. 10.
[editar] Ligações externas
- Câmara Municipal de Azambuja
- História de Aveiras de Cima
- Locais de interesse em Aveiras de Cima
- Agrupamento de Escolas Vale Aveiras