Bombeiros Voluntários de Lisboa
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Memória descritiva da bandeira da Associaçao dos Bombeiros Voluntarios de Lisboa
Artigo 1º
A Bandeira da Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, a seguir designada por ABVL, tem como sua cor fundamental o branco, a qual tem uma bordadura de cor vermelho vivo com a espessura de um doze avos, que perfaz um sexto lido na vertical. Ao centro da bandeira tem o emblema da ABVL, o qual é constituído pelo Escudo das Armas Nacionais, que se apresenta em campo de prata, cinco escudetes de azul postos em cruz e carregando cada um cinco besantes do primeiro, postos em aspa. O escudo com bordadura de vermelho carregado, de sete castelos de ouro, postos três em faixa e dois em cada flanco. Escudo assente sobre uma esfera armilar em amarelo debruada de negro com o formato Manuelino. Na esfera armilar são inclusos e cruzados no seu último terço, dois machados de honra do tipo acha de armas, encabeçados com folha larga de gume em arco de circulo e na parte contrária a esta uma ponta aguçada a direito, na parte superior termina em bola e na parte inferior, na base do olhal, é encabeçado através de haste de madeira no qual é incrustado no seu términos chapa de conto e conto. Os machados apresentam-se cruzados no seu ultimo terço após o contra-chefe do Escudo Nacional, com os gumes em direcções opostas e as pontas convergindo, no seu último terço apresenta uma facha orlada a vermelho escarlate com inscrição a vermelho forte, a divisa “HUMANITAS VITA NOSTRA TUA EST”. No terço superior e no inferior da Bandeira da ABVL, equidistantes em relação à bordadura e ao símbolo, com a espessura de um doze avos e com o cumprimento igual à metade do campo e centradas encontram-se duas fachas não bordadas, com inscrições em letra Old English ou Gótica em vermelho vivo, com o dizer “ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS” no terço superior em crescente invertido; e em crescente no terço inferior o dizer”VOLUNTÁRIOS DE LISBOA”.
Artigo 2º
O cumprimento da Bandeira da ABVL, será de vez e meia a altura da tralha. O emblema central ocupará dois quintos da altura da tralha ficando equidistante das orlas superiores e inferiores.
Artigo 3º
A Bandeira Regimental da ABVL será talhada em seda, com esfera armilar em ouro. A mesma apresenta-se montada em haste de madeira ou metal, com o tamanho mínimo de duas vezes e um quarto da tralha, encimada por uma coroa de louros a qual tem incluso o dizer “1868” e é assente em base de lança, com o intuito de ali serem colocadas as insígnias. A Bandeira Regimental apresentar-se-á com bordadura de cordão entrelaçado, com duas borlas superiores de cores vermelho e branco e terá quatro alças de fixação à haste de cor vermelho vivo.
[editar] Resumo Histórico da Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa
Em 1868 a farmácia Azevedo, no Rossio, era o ponto de reunião de destacadas individualidades, numa época em que o serviço de incêndios na capital não estava a altura do que deveria de ser, a população da Cidade andava deveras preocupada com os numerosos e violentos incêndios que, por toda a cidade, se manifestavam sem ser possível domina-los convenientemente, por deficiência do pessoal e material, dada a exígua verba destinada pelo erário municipal aos respectivos serviços.
As conversas da Farmácia Azevedo assistia Guilherme Cossoul que em dia de acesa discussão com o vereador do Serviço de Incêndios Dr. Isidoro Viana, alvitrou que se organizasse uma Companhia de Voluntários Bombeiros a exemplo do que se fazia no estrangeiro. Cossoul soube contagiar os ouvintes, fez propaganda e nesse mesmo mês, promovia uma reunião no edifício da Albegoaria Municipal onde estava instalada a Inspecção dos Incêndios. Reunião essa que deu corpo á formação da Companhia de Voluntários Bombeiros e foram estas aqueles que pelo lema “HUMANITAS, VITA NOSTRA TUA EST” lhe deram corpo:
Abraão Athias; Domingos; Henrique F. Jauncey; Eduardo Costa Coimbra; Guilherme Cossoul; Francisco Alfredo Nunes; Isidoro José Viana; Visconde de Ribamar; Darlaston Shore; John B. Jauncey; Yosef Amzalak; Francisco Gellespie; António Campos Valdez; André de Aquino Ferreira; Manuel Nunes Correia Júnior; José Mendes de Carvalho Júnior; Walter Daggs; João Maria da Silva; Francisco Manuel Mendonça; Carlos Nandim de Carvalho; Oswald B. Ivens; José Vargas Ollero; Horácio Jauncey; Capitão Felipe de Mesquita; Francisco Alves da Silva Taborda e Carlos José Barreiros.
Guilherme Cossoul, foi nomeado por El. Rei Dº Luís, Capitão Chefe de Bombeiros Voluntários, e empossado comandante da nova Companhia e foi alugada uma casa, na Travessa André Valente para quartel e recolha da bomba braçal, encomendada ao Industrial Cannel por 180 000 reis, na Travessa André Valente, recrutaram-se condutores e os aguadeiros do Chafarizes de São Paulo, Rua Formosa, Tesouro Velho e Carmo; marcaram-se exercícios para todas as quintas-feiras e assim tornou-se realidade a aspiração daqueles beneméritos cidadãos que tiveram para sede associativa, uma casa na Travessa do Carvalho.
O príncipe D. Carlos adere como sócio para que a Companhia ostentasse o Título de “Real”; e na histórica tarde de 18 de Outubro de 1868 fazia-se no pátio da Albegoaria Municipal o primeiro exercício público, com bomba.
O baptismo de fogo dos novos bombeiros deu-se na madrugada de 22 de Outubro de 1868 no edifício das Tercenas, na Travessa da Praia de Santos, 1 a 7. O povo, apreciando e querendo distinguir os novos soldados da paz, que tanto entusiasmo mostravam na sua arriscada e desinteressada missão, passou a distingui-los com a denominação de «Bomba dos Fidalgos».
No relatório apresentado a Câmara Municipal de Lisboa pelo Inspector de Incêndios Sr. Carlos José Barreiros, relativo ao estado do serviço de Incêndios em 1870 destacamos esta passagem:
«Ocupando-me de bombeiros não posso terminar sem aproveitar o ensejo de pagar o devido tributo de homenagem e reconhecimento à Humanitária Associação que sob modesto Titulo de “Bombeiros Voluntários” tantos e tão apreciáveis serviços tem feito a esta cidade nos dois últimos anos.
Alguns dos sócios, que tem procurado instruir-se, já são bombeiros tão aptos como os homens de profissão, e não só se chegam para o fogo, mas como batem-se com tanto acerto e tanto sangue frio como eles. Prosperam rapidamente em Inglaterra e mesmo em França, as sociedades desta índole, havendo algumas que possuem, alem dum excelente material de socorros, um pessoal respeitável, tanto pelo número e qualidade como pela instrução. No nosso pais é uma ideia apenas nascente, mas prometedora, porque já tem adquirido incontestáveis direitos não só aos aplausos, mas como a bênção do público.»
A 26 de Novembro de 1880, falecia Guilherme Cossoul sucedendo no comando Darlaston Shore, neste ano a Real Companhia de Voluntários Bombeiros transformou-se por imperativos legais na Real Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, titulo que perdura até hoje.
Em 18 de Maio de 1885 realizou-se no hipódromo de Belém um concurso de ginástica, organizado pelo Real Ginásio Clube Português, entre os números do programa figurava um simulacro de incêndio. Os Voluntários de Lisboa se apresentaram e executaram as manobras a que o clube organizador conferiu diploma e medalha de prata «pelo arrojo e perícia dos seus componentes».
O uniforme dos sócios activos consistia em calça e casaco de pano azul, este com duas ordens de botões, charlateiras de três pernas de verniz preto, cinto de couro, machado com guardas de metal, espia entrelaçada a tiracolo, e capacete de couro do padrão dos Bombeiros Municipais de Lisboa, com um emblema composto por um V sobreposto por dois machados cruzados e encimado pela coroa real.
Em Outubro de 1889 o corpo activo era comandado por John B. Jauncey tendo 30 bombeiros e 30 auxiliares (condutores e aguadeiros), tendo duas Estações a 1ª era na Rua das Flores ( onde hoje se encontra a oficina) e a 2ª na Rua dos Navegantes a Lapa.
Em 1906 foi o material da Associação enriquecido com a aquisição de uma bomba a vapor da casa Shand Mason & C.º, de Londres a qual era um elemento de mais valia para o combate a fogos por ser a única do tipo na Cidade. Devidamente apetrechados e formados, marcaram os Voluntários de Lisboa, nesta época, um dos padrões mais gloriosos da vida da «Bomba dos Fidalgos».
A 18 de Outubro de 1918, quando a associação celebrava as bodas de ouro, a Câmara Municipal de Lisboa, criou a única medalha de Ouro Vernil da Cidade de Lisboa, conferindo-a à Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, pelos grandes e prestigiosos serviços á Cidade.
No ano de 1919 a Republica, pela primeira vez conferiu a uma Associação as insígnias de “Valor, Lealdade e Mérito” ao conceder o GRAU DE OFICIAL DA ORDEM DA TORRE E ESPADA, aos Bombeiros Voluntários de Lisboa por actos excepcionais de abnegação e sacrifício pela Pátria e pela Humanidade.
Ao longo do seu historial (que já não é pequeno) á Bomba dos Fidalgos foram-lhe concedidas as Ordens de Cristo, como Cavaleiro e Oficial, as do Infante Dº Henrique e de Benemerência, como Comenda, bem como é possuidora de todas as mais altas condecorações de bombeiros a nível nacional.
Actualmente a “Velhinha” como é do seu apanágio, conta com um corpo operacional de especializações diversas, mantendo uma frota adequada a área operacional a qual envolve toda a parte histórica da Cidade de Lisboa.
Para se fazer uma história tanto quanto possível detalhada, teríamos que nos embrenhar em bibliotecas e arquivos pesquisando demoradamente tudo o que se registou durante mais de um século de empenho e dedicação á cidade de Lisboa. Sem o destacado colorido que a nossa competência literária não permite, a nossa prosa dá o que dentro dos limites impostos, a conhecer a quem nos ler, muito laconicamente, o que tem sido uma existência de mais de cem anos, por vezes atribulada, mas vencendo todos os escolhos e erguendo sempre o símbolo augusto da nossa casa e lembrando também ás novas gerações que “HUMANITAS, VITA NOSTRA TUA EST”. E bem para todos aqueles, que um dia ousaram sonhar, em amesquinhar o bom-nome da nossa Associação, perdoai-lhes Senhor pois não sentiram o que faziam.
Elaborado pelo Departamento Histórico dos Bombeiros Voluntários de Lisboa Chefe Paulo Vitorino e Bombeiro de 2ª Classe Hugo Simões