Ciberliteratura
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CIBERLITERATURA Termo ainda mal fixado na acepção que encerra, tal como ciberarte. Muitas vezes a raiz ciber é associada em sentido lato a ciberespaço e portanto abrangendo toda a manifestação literária circulante nesse domínio; nesta acepção será mais apropriado o termo, já em uso, de webliteratura e de webarte. Numa acepção mais restrita, ciberliteratura implica a raíz ciber ligada à sua origem etimológica grega (Κυβερνήτης: significando condutor, governador, piloto) ou seja, respeitante à automação e à cibernética. Segundo Pedro Barbosa (1996), o termo ciberliteratura é proposto para designar um género literário em que o computador é utilizado criativamente como uma "máquina semiótica manipuladora de sinais". O mesmo conceito é adoptado no portal da Electronic Literature Organization (http://directory.eliterature.org). Após os experimentos pontuais de Theo Lutz, Couffignal e Balestrini, os primeiros livros em suporte papel inteiramente publicados como resultado de literatura gerada em computador foram Poemas V2, de Angel Carmona (Espanha, 1976) e Autopoemas gerados em computador, de Pedro Barbosa (Portugal, 1977). Trata-se de literatura programada em que o algoritmo gera um padrão textual (texto-matriz) e o computador explora o infinito campo de possíveis aberto potencialmente por essa estrutura literária. Daí que outras designações, em diferentes países, concorram para designar um procedimento literário similar: literatura potencial, infoliteratura, literatura algorítmica, texto automático ou literatura generativa. Alain Vuillemin no seu livro Littérature et Informatique (1996) propôs em França o termo LGO (sigla francesa de LGC: Literatura Gerada por Computador) para designar globalmente todo este tipo novo de criação literária. Na verdade o procedimento textual usado cria uma cisão entre algoritmo criativo e os textos gerados ou a gerar, daí o seu carácter virtual. No âmbito da literatura portuguesa, poderá citar-se Teoria do Homem Sentado (1996) e Motor Textual (2001), ambas de Pedro Barbosa, como exemplo de primeiras obras virtuais em suporte digital dinâmico publicadas na linha desta tendência generativista. Mais recentemente, outros autores como Rui Torres (com Amor de Clarice, 2006) vêm desenvolvendo o seu trabalho em literatura programada associando à generatividade de base componentes fortemente multimédia e interactivos que os situam numa continuidade renovada da poesia sonora e visual animada por computador. Contudo, a maioria das produções estéticas elaboradas neste domínio são directamente lançadas na Web e aí divulgadas nas respectivas línguas, o que se traduz numa enorme diversidade babélica de experiências criativas ainda difíceis de sistematizar, porque em pleno processo evolutivo.
Para informação mais ampla e pormenorizada sugere-se a consulta dos seguintes portais: Electronic Literature Organization: http://directory.eliterature.org Centro de Texto Informático e Ciberliteratura: http://cetic.ufp.pt Poesia Experimental: http://www.po-ex.net Núcleo de Pesquisas em Informática, Linguística e Literatura: http://www.nupill.org
Referências: BARBOSA, Pedro (1996). A Ciberliteratura – criação literária e computador. Lisboa, Edições Cosmos. CASTANYER, Laura Borràs (ed., 2005). Textualidades electrónicas – nuevos escenarios para la literatura. Barcelona, Editorial UOC. MOLES, Abraham (1971). Arte e Computador. Porto, Edições Afrontamento (trad. port. a partir da 2ª ed., 1990). TORRES, Rui. (2006). Poetics and politics of the Portuguese Experimental Poetry, in: The Value of Literature in and after the seventies: the case of Portugal and Italy. Ed. Paula Jordão & Monica Jansen, Universiteit Utrecht. VUILLEMIN, Alain (ed., 1996). Littérature et Informatique - la littérature générée par ordinateur. Artois Presses Université, Arras.