Clítoris
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Clitóris, clítoris, berbigão ou clitóride (entre diversas outras alcunhas, embora a pronúncia consagrada no Brasil seja mesmo a paroxítona clitóris) é um pequeno prolongamento carnoso localizado na vulva, na parte superior dos pequenos lábios, onde se encontram. A palavra deriva do grego kleitorís. É uma zona erógena altamente sensível que, quando tocada corretamente, pode provocar o orgasmo.
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[editar] Estrutura
O clitóris localiza-se na parte superior dos pequenos lábios (labia minora), logo acima da uretra. É preenchido internamente por gordura e tecido muscular. Por fora, é revestido por uma epiderme muito fina. O ápice do clitóris é bulboso, chamado de glande (glans clitoridis, em alusão à glande do pênis dos homens), onde encontram-se a maior parte dos terminais nervosos responsáveis pela sensação de prazer.
Logo acima do clitóris encontra-se uma película conhecida como capuz, ou prepúcio (também em alusão à estrutura que cobre a glande do pênis dos homens), que cobre total ou parcialmente o clitóris quando em repouso.
Os músculos que compõe a estrutura do clitóris são responsáveis pela sua ereção em ocasiões de excitação sexual. Deste modo, o clitóris emerge do prepúcio e torna-se mais acessível ao toque. Ao contrário do pênis, o clitóris ereto é capaz de ser pressionado em qualquer direção, o que favorece a sensação de prazer - e não de dor - durante o ato sexual.
Como a maior parte das estruturas do corpo humano, o clitóris varia em tamanho e constituição de mulher para mulher. Algumas mulheres podem apresentar clitóris muito reduzidos (que nem quando eretos conseguem emergir do prepúcio) ou muito desenvolvidos, embora isso não influencie na sensação de prazer, mas há casos em que terminações nervosas são defeituosas e o clitóris é incapaz desta sensação. Há casos raros em que o clitóris é hipertrofiado ao ponto de se assemelhar a um pênis incompleto. Alguns casos de hermafroditismo estão associados a essa anomalia.
[editar] Origem do clitóris
Pesquisadores têm se dedicado a estudar as origens ontogenéticas dos órgãos sexuais masculinos e femininos, observando seu desenvolvimento desde o embrião até a puberdade. Muitos desses estudos apontaram uma homologia, ou seja, uma origem comum entre pênis e clitóris.
No início do desenvolvimento do embrião, suas células ainda indiferenciadas são influenciadas pelos hormônios maternos, direcionando o desenvolvimento do corpo dos embriões masculinos e femininos para uma forma feminina. Somente quando as gônadas masculinas se diferenciam e começam a produzir testosterona é que o órgão sexual masculino começa a se desenvolver de maneira diferenciada. Ou seja, é basicamente pela influência de um hormônio que existe diferenciação sexual entre homens e mulheres no início de seu desenvolvimento. Alguns pesquisadores concluem que, portanto, o pênis seria algo como um clitóris super desenvolvido, visto apresentar estrutura e função (como principal zona erógena dos homens) semelhantes.
[editar] O clitóris em outras espécies
O clitóris, como descrito acima, só é conhecido em mamíferos, embora outros grupos de animais possam apresentar estruturas análogas. Em muitas espécies de mamíferos, o clitóris não apresenta uma função evidente ligada ao sexo, visto que nessas espécies não é detectado o orgasmo nas fêmeas. Em hienas, por exemplo, o clitóris é tão grande quanto o pênis dos machos, e durante a cópula, a fêmea sente dores intensas ao passo em que seu clitóris sofre lacerações. Em muitas espécies, o clitóris é pequeno ou quase inexistente. Em baleias, pode chegar a 8 centímetros de comprimento. Em algumas espécies, sobretudo em marsupiais, o clitóris apresenta duas glandes. Em gatos e civetas, o clitóris é sustentado por um pequeno osso, que o torna rígido e semelhante a um pênis.
[editar] Função evolutiva
Em seres humanos, o clitóris é especialmente sensível, e assume função importante durante o ato sexual. O prazer ligado ao sexo é um mecanismo evolutivo que favorece a reprodução, oferecendo o orgasmo como recompensa ao ato sexual. Nas mulheres, o clitóris é uma das estruturas envolvidas diretamente na penetração capazes de causar orgasmo (a outra, interna, é uma zona sensível no interior da vagina, chamada popularmente de ponto G). Na posição sexual mais comum em nossa espécie, onde o homem deita-se de frente sobre o corpo da mulher, o clitóris é constantemente friccionado pela pelve do homem, o que pode levar ao orgasmo mesmo sem a excitação do "ponto G".
O clitóris sensível pode ter sido, portanto, uma solução evolutiva, uma característica selecionada para se adequar à anatomia e ao posicionamento durante o ato sexual, de forma a produzir prazer intenso e favorecer a reprodução.
[editar] Clitóris e as sociedades
O clitóris é tradicionalmente encarado pela maioria das sociedades humanas como um tabu que não pode ser visto, tocado, ou mencionado sem que haja extrema intimidade entre a mulher e seu parceiro, mesmo em culturas onde não se utilizam vestimentas cobrindo as genitálias.
A castração feminina, ou seja, a laceração ou amputação do clitóris é praticada em algumas sociedades, especialmente em algumas tribos africanas, famosas por relatos na imprensa qualificando este ritual como uma "barbárie" e uma "violação dos direitos humanos" aos olhos ocidentais. O termo técnico para a "castração feminina" é clitoridectomia.