Edward Pellew Wilson
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Edward Pellew Wilson nasceu na cidade de Portsoy, norte da Escócia, a 23 de agosto de 1803, faleceu na cidade de Salvador, a 11 de novembro de 1887 e foi ali sepultado, no Cemitério dos Ingleses. Casou-se em 1830 com D. Maria Constança da Silva Freire (1815-1877), natural de Salvador e de família oriunda da cidade do Porto, Portugal, onde seus antepassados pertenciam à burguesia dominante do Porto desde o século XVI.
Filho de Alexander Wilson (1774-1817), 1º tenente da Royal Marines, e de sua mulher, Jean Gray (1775-1848), casados na Escócia a 10/03/1799; neto paterno de James Wilson e de sua mulher, Anne Ingles, casados na Escócia em 1773, e neto materno de Alexander Gray e de sua mulher, Jean Bean, casados na Escócia em 1766.
Edward Pellew Wilson veio ao Brasil em 1819, para tentar recuperar as mercadorias que sobraram do naufrágio de um dos navios que possuía com seu irmão Fleetwood Pellew Wilson, na Inglaterra. O comércio entre Brasil e Grã-Bretanha, nessa época, era muito desenvolvido, em razão de o rei Dom João VI ter assinado, em 1810 e 1812 acordos de aliança, de amizade, de comércio e de navegação com o Reino Unido; daí a vinda de britânicos para o Brasil.
A inicial Casa Comercial de importação e exportação Hett-Wilson deu lugar, no ano de 1837, à fundação da companhia de navegação Wilson Sons Co. pelos irmãos Edward e Fleetwood. A dita companhia desempenhou papel de relevância no desenvolvimento econômico marítimo do Brasil ao longo do século XIX e tinha dois pólos: um em Salvador, comandado por Edward, que para o Brasil passou, se casou e constituiu família, e o outro, em Londres, comandado por Fleetwood na Lombard street em Londres.
Os negócios que Edward desenvolveu no Brasil não se limitaram à navegação nem à importação/exportação, uma vez que o capital que se avolumou foi de sorte tal, que os irmãos começaram a expandir o negócio, quer fosse na construção de ferrovias, quer fosse na atividade bancária. Edward iniciou amizade com Irineu Evangelista de Souza, futuro Barão e Visconde de Mauá, numa variedade de negócios e foi acionista da Cia. a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis (1852), do Estaleiro e Fundição Ponta d'Areia (1846), da São Francisco Railway (1858), da Estrada de Ferro Paraguassú (1858), um dos acionistas-fundadores do Banco Mauá (1854) em Montevidéu, Uruguai. Foi, ademais, proprietário do gazômetro de Salvador, Bahia, co-introdutor da iluminação a gás em Salvador, co-fundador do British Club de Salvador. Representou, no Brasil, muitas companhias de navegação, como agente, a mais conhecida das quais foi a Western Pacific Steam Navigation Company. Em seus navios se transportava, por cortesia, os correios de Sua Majestade Britânica. A partir do ano de 1869, o Governo Imperial do Brasil concedeu a Edward Pellew Wilson concessões, para explorar minerais combustíveis em localidades na Bahia, como Maraú, Matapira, Valença etc., como já menciona o Dr. Francisco Ignacio Ferreira em sua obra Dicionário Geográfico das Minas do Brasil, publicado no Rio de Janeiro em 1885. Este fato faz que Edward Pellew Wilson seja reconhecido como um dos precursores da prospecção petrolífera no Brasil, assim como o Visconde de Mauá, cujas concessões datam da década de 1840.
Dada a importância e antigüidade da contribuição de Edward ao desenvolvimento econômico brasileiro, alguns autores ao empresário se referem, como: a) Alfredo d'Escragnolle Taunay,Visconde de Taynay, em sua obra Estrangeiros Ilustres e Prestimosos no Brasil (1800-1892); b) Gilberto Freyre, em sua obra Ingleses no Brasil; c) Henrique Dias Tavares em sua obra História da Bahia, e d) Richard Graham, brasilianista, em sua obra The Onset of Modernization in Brazil.
Figura Edward noutras publicações e na tese de doutoramento da Professora-Mestre Elizete Silva, intitulada A Comunidade Britânica na Bahia. É ponto pacífico afirmar que Edward Pellew Wilson foi o membro mais importante da Comunidade Britânica de Salvador, cuja praça comercial foi muito dinâmica nesse período, assim como a praça comercial do Recife.
Durante a Guerra do Paraguai, Edward foi um dos muitos residentes no Brasil que contribuíram, assim como tantos brasileiros, para a obtenção de fundos para a guerra, em que o Império do Brasil lutou e de que foi vencedor. Mandou construir um dique flutuante nas docas de Salvador e ajudou na compra de encouraçado, usado na Guerra do Paraguai. Por estes serviços em prol do Império, o imperador D. Pedro II o fez cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa, por decreto datado de 17 de novembro de 1866, com honras de capitão, cujo documento aqui se transcreve: "Relação das pessoas que tendo prestado relevantes serviços a bem da integridade do Império e honra nacional são condecoradas por Decreto desta data com a Imperial Ordem da Rosa" Segue longa lista de nomes. Noutro documento, datado do mesmo dia, se lê: Graças concedidas EPW P.C. em 17 de Novº de 1866 Eduardo P. Wilson, sudicto Ingles, vem hoje com todo acatamento solicitar a V.M. Imperial, se digne mandar que pela respectiva Secretaria lhe passem a carta segudno o modelo adoptado com que V.M. Imperial se dignou condecorar ao Supp.e com o Habito da Imperial Ordem d aRoza (Cavalleiro) pelos serviços que o Supp.e tem prestado a Guerra; por isso P. o Supp.e a V.M. Imperial se digne deferir na forma requerida pelo q. E.R.Mercês".
Foi pai de, entre outros, Edward Pellew Wilson Junior, 1º Conde de Wilson(1832-1899).
