Egipto ptolemaico
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O Egipto ptolemaico é um período da história do Egipto que decorre entre 305 a.C., ano em que um antigo general de Alexandre Magno, Ptolemeu I Sóter, se tornou rei do Egipto, e 30 a.C quando a rainha Cleópatra VII foi derrotada e o Egipto passou a ser integrado no Império Romano como província.
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[editar] História política
[editar] Alexandre Magno
Em 332 a.C. Alexandre Magno conquistou o Egipto, onde foi acolhido pela população local como um libertador do país face ao domínio do Império Persa Aqueménida. Alexandre foi entronizado como faraó pelos sacerdotes egípcios e permaneceu durante seis meses no Egipto para estabelecer o modelo administrativo do país. A cerimónia de coroação de Alexandre teve provavelmente lugar em Mênfis em 332 a.C.; segundo os relatos, Alexandre visitou no ano seguinte o oráculo de Amon no oásis de Siuá, onde o deus o teria reconhecido como seu filho, ao qual concedeu o domínio de todo o mundo.
No dia 7 de Abril de 331 a.C.. Alexandre fundou na região ocidental do Delta do Nilo, a cidade de Alexandria, segundo um modelo de cidade grega. Alexandria seria a nova capital política do país, bem como o grande centro cultural e económico do Mediterrâneo Oriental durante os próximos séculos.
Alexandre abandonou o Egipto em Abril de 331 a.C. para prosseguir as suas conquistas territoriais que o levariam às portas da Índia, destruindo o Império Aqueménida. No seu regresso da Índia Alexandre adoeceu, vindo a falecer na Babilónia em 323 a.C., com apenas trinta e três anos de idade. Alexandre foi sucedido pelo seu filho, mas em pouco tempo o seu império foi dividido entre os seus generais. Em 305 a.C. um desses generais, Ptolemeu, que tinha sido governador do Egipto, tomou o título de basileus (rei) e inaugurou a dinastia ptolemaica.
[editar] Ptolemeu I
A primeira parte do reinado de Ptolemeu I foi dominada pelas guerras entre os vários reinos que resultaram da fragmentação do império de Alexandre Magno. O seu primeiro objectivo foi assegurar a sua posição sobre o Egipto; de seguida partiria à conquista da Líbia, Cele Síria e Chipre.
Ptolemeu I tomou o título de faraó, que lhe concedeu legitimidade religiosa para governar o Egipto e consequentemente explorá-lo economicamente. Em 285 a.C. fez do seu filho co-regente.
Do ponto de vista da religião, Ptolemeu foi responsável pela introdução do culto de Serápis, divindade híbrida que resultou da fusão do popular deus egípcio Osíris com Ápis. Ptolemeu procedeu igualmente à deificação de Alexandre Magno.
[editar] Ptolemeu II
Ptolemeu II Filadelfo sucedeu ao pai em 283 a.C.. Procurou prosseguir a política de hegemonia do Egipto, travando duas guerras contra Antíoco I. Procurou atrair ao Egipto as elites helénicas, conhecendo o seu reinado um desenvolvimento cultural, que se manifestou na fundação do museu e biblioteca de Alexandria. Em Alexandria seria igualmente construído o famoso farol, que foi uma das Setes Maravilhas do Mundo Antigo.
O seu primeiro casamento foi com Arsínoe I, filha de Lísimaco, com a qual teria três filhos. Depois de repudiá-la, adoptou o costume egípcio do casamento entre irmãos, contraindo núpcias com a sua irmã Arsínoe II, rainha que teria influência política e que seria deificada pelo irmão após a sua morte. Foi devido a este casamento com a irmã - que chocou os Gregos - que Ptolemeu adquiriu o cognome de "Filadelfo", o que significa "que ama a sua irmã".
[editar] Ptolemeu III
Ptolemeu III Evérgeta I, filho de Ptolemeu II e de Arsínoe I, sucedeu ao pai em 246 a.C.. Nesse mesmo ano casou com Berenice, filha do rei de Cirene, reino que incorporou no Egipto. Sob o pretexto de vingar a morte da sua irmã, também chamada Berenice, entrou em guerra com o reino selêucida de Seleuco II Calinico. No fim da terceira guerra da Síria (246-241), o Egipto continuava a dominar a Síria, a Cilícia, a Panfília, Chipre, a Cária e as ilhas do norte do mar Egeu. Foi durante o seu reinado que o Egipto ptolemaico conheceria o apogeu.
[editar] O declínio dos Ptolemeus
Ptolemeu III faleceu em 221 a.C., sendo sucedido pelo seu filho, Ptolemeu IV Filopator, um monarca fraco e cruel com o qual se iniciaria a fase descendente do Egipto ptolemaico. Influenciado pelos ministros Agátocles e Sosíbio, perdeu em 219 a.C. Seleucia de Piéria para Antíoco III, o Grande, mas a grande vitória egípcia na Batalha de Ráfia (217 a.C.), na Palestina, durante a Quarta Guerra Síria, permitiu repelir Antíoco III que se preparava para atacar o Egipto.
Ptolemeu V Epifânio era apenas uma criança quando se tornou rei em 204 a.C., pelo que o governo efectivo do Egipto estava nas mãos dos ministros Agatócles e Sosíbio. Nas próximas duas décadas o Egipto conheceria uma série de revoltas locais contra os Ptolemeus. Antíoco III e Filipe V da Macedónia realizaram um pacto com o objectivo de derrotar o Egipto e dividir os territórios por este controlados, e a partir de 204 a.C. o país perderia as suas possessões na Síria, Palestina, Ásia Menor e Egeu.
Ptolemeu V fez a paz com Antíoco III, e realizou uma aliança com a potência em ascensão, Roma. O rei faleceu envenenado, sendo sucedido por Ptolemeu VI Filometor, uma criança.
Aproveitando a situação, Antíoco IV invadiu o Egipto, fez Ptolemeu VI prisioneiro e substitui-o pelo irmão, Ptolemeu VIII, em 170 a.C. Porém, Roma obrigou Antíoco a deixar o Egipto e os dois irmãos concordaram em reinar em conjunto com a irmã, Cleópatra II. No entanto os dois Ptolemeus envolveram-se em disputas e em 163 a.C. Roma resolveu o litígio, dividindo o que restava do império ptolemaico entre ambos: Ptolemeu VI governaria o Egipto e Ptolemeu VIII a Cirenaica. Quando Ptolemeu VI faleceu, Ptolemeu VIII tentaria apoderar-se do trono do Egipto, mas Cleópatra fez do filho de Ptolemeu VI o novo rei (Ptolomeu VII), que seria assassinado pelo tio.
[editar] O governo
O Egipto ptolemaico caracteriza-se pela centralização do governo na pessoa do rei, que administra o país através de leis (nomos), regulamentos (diagrammata) e ordenações (prostagmata). Esta pessoalização do poder já é detectável logo no primeiro monarca da dinastia, Ptolemeu I.
Os funcionários mais importantes da administração central eram o epistológrafo (chefe da chancelaria real), o arquidicasta (responsável pela justiça), o dioiceta (responsável pelas finanças) e o epistratego (chefe do exército).