Eric Hobsbawm
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Eric John Blair Hobsbawm (Alexandria, 9 de Junho de 1917) é um historiador marxista reconhecido internacionalmente.
Um de seus interesses é o desenvolvimento das tradições. Seu trabalho é um estudo da construção destas no contexto da Nação-Estado. Ele argumenta que muitas vezes as tradições são inventadas por elites nacionais para justificar a existência e importância de suas respectivas nações.
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[editar] Vida
Nasceu no Egipto ainda sob o domínio britânico. É naturalizado inglês. Hobsbawn que teve seu sobrenome alterado por erro de escrituração, é filho de Leopold Percy Hobsbaum, inglês, e Nelly Grün, austríaca, ambos judeus. Tem uma irmã chamada Nancy. Passa os primeiros anos da sua vida em Viena e Berlim. Nessa época, tanto a Áustria quanto a Alemanha sofriam com a crise econômica e a convulsão social, conseqüências diretas da primeira Guerra Mundial.
Seu pai morreu em 1929, e tornou-se órfão quando sua mãe faleceu em 1931. Ele e sua irmã foram adotados pela tia materna Gretl e seu tio paterno Sydney que se casaram e tiveram um filho chamado Peter. Mudaram-se para Londres en 1933.
Hobsbawm casou-se duas vezes, primeiro com Muriel Seaman em 1943 (divorciou-se em 1951) e logo com Marlene Schwarz. Com esta última teve dois filhos, Julia e Andy, e um filho chamado Joshua de uma relação anterior.
[editar] Política, vida acadêmica e obra
Em 1933, quando Adolf Hitler chegou ao poder, Hobsbawn muda-se para Londres. Já havia nesse período iniciado seus estudos das obras de Karl Marx. Fugindo das perseguições nazistas, mas também por ter ganho uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge, Hobsbawn forma-se em História. Torna-se um militante político de esquerda, e ingressa no Partido Comunista da Grã-Bretanha, que então apoiava o regime Stalinista, o mesmo regime que anos antes exila a ala esquerda do PC soviético, incluindo Leon Trótski, fundador da Quarta Internacional.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939/1945), participa de mais um importante período do século XX, ao integrar o Exército Britânico contra os nazistas; foi responsável por trabalhos de inteligência, pois dominava quatro idiomas. Com o fim da guerra, Hobsbawn retorna à Universidade de Cambridge para o curso de doutorado. Também nessa época, junta-se a alguns colegas e forma o Grupo de Historiadores do Partido Comunista.
Foi membro do grupo de historiadores marxistas britânicos, como Christopher Hill, Rodney Hilton e E.P. Thompson que, nos anos 60, diante da desilusão com o estalinismo, buscaram entender a história da organização das classes populares em termos de suas lutas e ideologias, através da chamada "História Social".
Para analisar a história do movimento trabalhista e os diversos aspectos que a envolvem, como as revoluções burguesas, o processo de industrialização, as diferentes manifestações de resistência, luta e revolta da classe trabalhadora, Hobsbawn dedicou-se à interpretação do século XIX.
Sobre esse período, que segundo ele estende-se de 1789 (ano da Revolução Francesa) a 1914 (início da Primeira Guerra Mundial), publicou estudos importantes, como "A Era das Revoluções" (1789-1848), "A Era do Capital" (1848-1875) e "A Era dos Impérios" (1875-1914). Hobsbawn é responsável por análises aprofundadas sobre aquilo que ele chama de “o breve século XX”.
Um desse livros, em especial, rendeu-lhe reconhecimento e prestígio: "A Era dos Extremos", lançado em 1994, na Inglaterra, tornou-se uma das obras mais lidas e indicadas sobre a história recente da humanidade. Nela, analisa os principais fatos de 1917 – fim da Primeira Guerra Mundial e ano da Revolução Russa – até o fim dos regimes socialistas da ex-União Soviética, em 1991, e dos países do leste europeu.
Também importante no conjunto da sua obra é o seu mais recente livro, "Tempos Interessantes", publicado em 2002, onde discorre novamente sobre o século XX e inter-relaciona os fatos históricos com a trajetória da sua vida; por isso, é considerado uma autobiografia diferenciada.
Considerado um dos mais importantes historiadores atuais, Hobsbawm, além de velho militante de esquerda, continua utilizando o método marxista para análise da história, sempre a partir do princípio da luta de classes. É membro da Academia Britânica e da Academia Americana de Artes e Ciências. Foi professor de História no Birkbeck College (Universidade de Londres) e ainda é professor da New School for Social Research de Nova Iorque.
Entre seus livros podem ser destacados exatamente seus estudos sobre as classes populares, como
- Trabalhadores
- Bandidos e
- História Social do Jazz
Escreveu também estudos sobre a história das ideologias políticas e sociais, como
- Nações e Nacionalismos e
- A Invenção da Tradição e também uma autobiografia,
- Tempos Interessantes
[editar] Livros publicados
- Era das Revoluções
- Era do Capital
- Era dos Impérios
- Era dos Extremos
- Sobre História
- História Social do Jazz
- Pessoas Extraordinárias: Resistência, Rebelião e Jazz
- Nações e Nacionalismo desde 1780
- Tempos Interessantes (autobiografia)
- Os Trabalhadores: Estudos Sobre a História Operariado
- Mundos do Trabalho: Novos Estudos Sobre a História Operária
- Revolucionários: Ensaios Contemporâneos
- Estratégias para uma Esquerda Racional
- Ecos da Marselhesa : dois séculos revêem a Revolução Francesa / Eric J. Hobsbawm ; tradução Maria Celia Paoli. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
[editar] Co-edição ou organização
- A Invenção das Tradições
- História do Marxismo (12 volumes)
[editar] Ligações externas
- Entrevista da Folha
- Eric Hobsbawm: um espelho do mundo em mutação
- Eric Hobsbawm: a História como síntese interpretativa
- Eric Hobsbawm e o 11 de Setembro
- Artigo de Michael Lowy (traduzido para o português)
- Entrevista em fevereiro de 1989