Hidrocefalia
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Hidrocefalia é um problema de saúde que, na maior parte das vezes, está associado ao aparecimento de Spina Bifida. Pode ser caracterizado, de forma genérica, pela acumulação de líquido cefalorraquidiano (LCR) no interior da cavidade craniana.
O líquido cefalorraquidiano passa, no cérebro, de um ventrículo para o seguinte (existem, ao todo, quatro) através de canais relativamente estreitos, circulando depois na superfície do cérebro e sendo, finalmente, absorvido pela sistema sanguíneo. Existe ainda uma parte do líquido que circula ao longo da espinal medula.
Ora, a acumulação já referida de LCR no interior da cavidade craneana dá-se quando, por qualquer razão, existe uma obstrução à drenagem do líquido para o sistema sanguíneo. Essa obstrução pode estar relacionada, como já se disse, com o aparecimento de Spina Bifida mas pode, efectivamente, ocorrer por outras razões.
A hidrocefalia pode resultar de excesso de produção de LCR (situação normalmente rara, diga-se) ou quando é impedida a circulação ou absorção desse líquido. Quando o líquido cefalorraquidiano é constantemente produzido mas, de facto, está impedido de circular, acumula-se e causa um aumento, por vezes muito grande, da pressão no interior do cérebro. Os ventrículos incham e o tecido cerebral pode vir a sofrer lesões.
A Hidrocefalia pode ocorrer através de três grandes causas.
- A causa genética, isto é, sabe-se que, em circunstâncias muito raras, o aparecimento de Hidrocefalia pode estar ligado a questões de hereditariedade.
- O aparecimento de spina Bifida que, como já se referiu, está normalmente associado ao aparecimento de Hidrocefalia.
- A grande prematuridade dos bebés que, ao nascerem antes do tempo considerado normal, correm o risco de desenvolver esta patologia.
A hidrocefalia ocorre normalmente à nascença. Sabemos hoje que, no entanto, este problema pode ocorrer em qualquer altura da vida, embora, na realidade, saibamos também que os casos em que tal acontece são muito poucos.
Por ser uma doença que ocorre, regra geral, à nascença, é também tratada, regra geral, à nascença. A Hidrocefalia tem tratamento, na maioria dos casos, eficaz, embora quase sempre seja cirúrgico. A introdução de uma derivação é, normalmente, a solução clínica para impedir a acumulação de líquido cefalorraquidiano na cavidade cerebral e eventuais lesões que daí decorram.
Em que consiste a derivação? Na introdução de um tubo (válvula ou shunt) que fará o LCR derivar do interior da cavidade craneana para outras partes do corpo (normalmente, o coração ou o estômago) que permitam a sua absorção na corrente sanguínea.
A Hidrocefalia, embora passível de tratamento, pode, enquanto ocorre, provocar alguns problemas. Quem sofre Hidrocefalia pode vir a sofrer problemas de aprendizagem, normalmente associados a problemas de concentração, de raciocínio lógico ou de memória de curto prazo. Problemas de Coordenação, de organização, dificuldades de localização espácio-temporal, problemas relacionados com a motivação, puberdade precoce ou dificuldades na visão podem, também, ocorrer. No entanto, não é certo que tais situações tenham, necessariamente, de ocorrer na pessoa com Hidrocefalia.
No que respeita à realidade portuguesa, são muito poucos os estudos relacionados com o aparecimento desta patologia, que é, por vezes erradamente, sempre relacionada com o aparecimento de Spina Bifida. Existem formas de tratamento da Hidrocefalia relativamente desenvolvidas mas, no entanto, é ainda muito pouco desenvolvido o acompanhamento das crianças, jovens ou adultos que sofrem sequelas do aparecimento de Hidrocefalia. O tratamento, nestes casos, deve ser um tratamento multidisciplinar, dado que os problemas causados pela patologia em questão podem também eles ser mais ou menos complexos.
A ASBIHP - Associação "Spina Bifida e Hidrocefalia" de Portugal [1], Instituição Pública sem fins lucrativos, tem, desde o final dos anos setenta, vindo a acompanhar, do ponto de vista social, os casos de aparecimento desta patologia e, na medida do possível, vindo a aconselhar as pessoas interessadas nesta questão.
A nível internacional, a If [2], Federação Internacional das Associações de Spina Bifida, tem vindo a promover um importante contributo no tratamento desta questão, auxiliando as populações mais carenciadas que, pelo facto da Hidrocefalia pedir, na maioria das vezes, tratamento cirúrgico, não podem custear o seu tratamento.
Fonte: ASBIHP - Associação "Spina Bifida e Hidrocefalia" de Portugal (2006)