História oral
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A História Oral é uma metodologia muito usada em pesquisas históricas e sociológicas. Surgida como forma de valorização das memórias e recordações de individuos, é um metódo de recolhimento de informações através de entrevistas com pessoas que vivenciaram algum fato ocorrido.
Apesar de seu uso crescente, a sua credibilidade enquando dado é questionada por parte de alguns acadêmicos: o entrevistado pode ter uma falha de memória, pode criar uma trajetória artificial, se auto-celebrar, fantasiar, omitir ou mesmo mentir. Mesmo diante dessa "não confiabilidade da memória", conseguiu-se estabelecer uma metodologia bem estruturada para a produção de dados a partir dos relatos orais.
O que poderia ser percebido como um problema, acaba se transformando em um recurso, uma vez que o próprio entrevistador, no ato de produção da narrativa histórica, não deixa de produzir uma versão do que entendeu ter acontecido. Mesmo quando o pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente, cabe a ele, entrevistador, tentar entender as razões da "mentira", ou seja, quais os motivos que estão levando a pessoa a mentir, podendo ser aplicado o mesmo no caso da ilusão biográfica, quando o individuo faz uma produção artificial de si mesmo. No caso de esquecimento, para ajudar suprir essa falha, podem-se usar os chamados "apoios de memória", como fotografias, objetos e outras coisas que possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa.
Outra forte crítica à fidedignidade das fontes orais é a que elas são carregadas de subjetividade. Essa subjetividade muitas vezes é percebida, mas é ela que muitas vezes faz a diferença, pois as fontes orais contam-nos não apenas o que um povo ou um indivíduo fez, mas também os seus anseios, o que acreditavam estar fazendo ou fizeram.
A fonte oral geralmente vem a ser uma das únicas formas de registro e estudo de algumas sociedades ágrafas ou também de alguns setores marginalizados da sociedade, uma vez que as classes dominantes, detentoras do controle sobre a escrita, por isso deixam registros mais abundantes.
Muitos pesquisadores ainda acreditam que documentos escritos são "mais confiáveis" do que as fontes orais. Note-se que, corriqueiramente, esses documentos não passam de transmissões de relatos orais, sendo produzidos por homens, sendo susceptíveis, assim, das mesmas "falhas". Edward Hallet Carr crítica esse "fetichismo" dos documentos, ao referir:
- "...nenhum documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava – o que ele pensava que havia acontecido, queria que os outros pensassem que ele pensava, ou mesmo apenas o que ele próprio pensava pensar. Nada disso significa alguma coisa, até que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o."
Apesar da dificuldade em definir o que seja uma fonte histórica, considera-se que a fonte oral pode ser fidedigna para o trabalho dos historiadores. Mas, como qualquer documento, merece um minucioso trabalho de crítica e interpretação, cabendo ao pesquisador usar a história oral de maneira correta e buscar os fatos que forem relevantes ao seu trabalho.