João Carlos Martins
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João Carlos Martins (São Paulo, 1940) é considerado pela crítica especializada, inclusive internacional, como um grande pianista brasileiro. É também avaliado como um grande especialista e intérpretes da música de Bach.
[editar] Biografia
João Carlos começou seus estudos aos oito anos com o professor José Kliass e após nove meses vencia o concurso da Sociedade Bach de São Paulo. Seus primeiros concertos trouxeram a atenção de toda a crítica musical brasileira. Aos dezoito anos foi escolhido no Festival Casals, dentre inúmeros candidatos das três Américas para dar o Recital Prêmio em Washington. Aos vinte anos estreou no Carnegie Hall, patrocinado por Eleanor Roosevelt. Tocou com as maiores orquestras norte-americanas e gravou a obra completa de Bach para piano. Foi ele quem inaugurou o Glenn Gould Memorial em Toronto.
Interrompeu duas vezes a carreira por problemas físicos, o primeiro em decorrência de um acidente enquanto jogava uma partida de futebol em Nova York, já a segunda se deu em um assalto em Sofia na Bulgária. Por causa desses dois incidentes, ele teve que parar de tocar por algum tempo, mas sempre voltava a realizar a sua grande paixão. Finalmente em 2004 abandonou o piano devido ao agravamento de suas lesões nas mãos, tendo assim iniciado uma nova fase, agora como regente. Em maio de 2004 esteve em Londres regendo a English Chamber Orchestra, uma das maiores orquestras de câmara do mundo, numa gravação dos seis Concertos Branndenburguenses de Johann Sebastian Bach e, já em dezembro, realizou a gravação das Quatro Suites Orquestrais de Bach com a Bachiana Chamber Orchestra. Os dois primeiros CDs já foram lançados (lançamento internacional).
O documentário franco-alemão sobre a sua vida - "Paixão segundo Martins" - já foi visto por mais de um milhão e meio de pessoas na Europa. Também já foi exibido em algumas oportunidades na TV aberta no Brasil, no caso a TV Cultura.
Realiza também, na Faculdade de Música da FAAM, um programa de introdução à música com jovens carentes.
A história do pianista João Carlos Martins certamente o eleva a um patamar raramente alcançado por outros músicos brasileiros no século XX. Em setembro de 1982, o exigente jornal New York Times se referia a ele como um dos maiores pianistas da atualidade. Já a revista New York Magazine, juntamente com o Boston Globe, ressaltavam o talento de João Carlos Martins, colocando-o como o mais excitante intérprete de Bach a surgir depois do legendário Glenn Gould.
Toda esta relação lírica tecida com o piano teve início aos 8 anos de idade, quando João Carlos Martins passou a estudar com o professor José Kliass. Após 9 meses já se mostrava um virtuose, vencendo o concurso da Sociedade Bach de São Paulo. Jovem ainda, despertou a atenção de toda a crítica musical brasileira com suas performances, únicas pela intensidade com que eram interpretadas. Aos 18 anos foi o único escolhido no Festival Casals, entre candidatos das três Américas, a dar o Recital Prêmio em Washington. A apresentação bem-sucedida teve como conseqüência sua estréia no Carnegie Hall, de Nova Yorque, patrocinada pela ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Eleonor Roosevelt. A partir de então, passou a tocar com as maiores orquestrar americanas. E sua gravação de O Cravo Bem Temperado, de Bach, aos 23 anos, foi best-seller durante muito tempo nos Estados Unidos.
Em 1983, João Carlos Martins inaugurou o Glenn Gould Memorial, em Toronto, Canadá. Sua carreira teve como um dos pontos altos o fato de ter gravado a obra completa de Bach para teclado. A paixão de João Carlos Martins pela música originou o documentário franco-alemão ¨Martins Passion¨, vencedor de 4 Festivais Internacionais. E esta mesma paixão o fez iniciar a carreira de regente, após problemas que prejudicaram a mobilidade de suas mãos para a profissão de pianista. Em menos de um ano, já gravou 5 CDs que foram lançados internacionalmente em 2005. Três deles foram gravados com a English Chamber Orchestra em Londres. E os outros 2, com a Bachiana Chamber Orchestra, orquestra organizada e dirigida por João Carlos, que reúne alguns dos melhores músicos do Brasil. No dia 20 de junho, o agora maestro fez sua estréia para o público europeu, quando regeu a Orquestra Sinfônica Pasdeloup, em Paris, em uma programação dedicada a Beethoven, Rossini e Strauss. Em 2006, além de sua agenda com a Bachiana no Brasil, João Carlos regeu na Argentina, França, Rússia, Bélgica e Estados Unidos.
Eugenio Goussinsky www.joaocarlosmartins.com
Com uma enorme emoção no coração, conheci João Carlos Martins na noite do meu aniversário de 23 anos. Meu pai havia me perguntado se eu não me importava se fossemos jantar com alguns amigos seus. Chegando lá, eu o vi, sentado à mesa ao lado de sua esposa. “- Mas pai, esse não é o João Carlos Martins? A gente vai sentar com ele, jura?” E aquele foi um dos jantares mais interessantes dos meus poucos anos de vida. Ouvia atentamente tudo o que aqueles cabelos grisalhos falavam, suas histórias me emocionaram, me tocaram bem no fundo. João Carlos é um homem carismático. Carisma é, indubitavelmente o melhor atributo ao ex-pianista, que hoje, aos 65 anos, influencia jovens e velhos, homens e mulheres, clássicos e metaleiros, pessoas e pessoas. Pai de Carlos Eduardo, João Carlos, Daniela e Patrick, avô de Giulia, Giovanna, Gabriela e Henrique. Seu pai, José, sempre foi o maior incentivador de sua carreira. Seus irmãos seguiram carreiras de sucesso, e assim como João Carlos, todos tiveram alguma formação musical. Andar com ele na rua é uma experiência única. As pessoas o reconhecem, sabem de suas histórias, se emocionam, se aproximam, querem ver se aquelas histórias todas são verdadeiras. Em uma ocasião, após uma palestra para médicos ortopedistas, um senhor se aproxima e pede para beijar as mãos do Maestro, sua influência na escolha profissional. A vida lhe concedeu um dos maiores bens humanos, e após alguns anos, começou a tirá-lo aos poucos, sofrimento após sofrimento. Sua sinceridade e a forma como ele se abre sobre seus problemas e superações, é digna. Suas mãos realmente são fechadas, diferentemente de seu coração. As dores às quais foi submetido, físicas e talvez piores, as emocionais, sempre foram passageiras. Mesmo com todas as tristezas e frustrações ultrapassadas, João Carlos poderia ter se tornado um homem amargo, infeliz, ou até mesmo difícil. Mas não, João sabe sorrir o dia inteiro, sabe proferir apenas palavras carinhosas, sabe olhar da forma mais pura e sincera nos olhos de alguém. Seu exemplo de vida é tão marcante, tão profundo... Em qualquer situação difícil, me lembro do que passou por sua cabeça quando perdeu seus maiores atributos, e assim consigo ver o dia com outras cores. Desde o dia do meu aniversário me considero uma pessoa honrada. Naquele dia, aos 23 anos, ganhei de presente estar perto de quem é, e sempre será, um grande ídolo.
Bianca Cutait www.joaocarlosmartins.com
[editar] Curiosidades
Em fevereiro de 2004 o crítico inglês descreve na International Piano Magazine um episódio pitoresco que aconteceu na vida de João Carlos Martins, quando após um recital no Carnegie Hall, no final dos anos 60, recebeu uma recomendação de Salvador Dalí: "Diga a todos que você é o maior intérprete de Bach, algum dia vão acreditar. Faz muitos anos que digo ser o maior pintor do mundo e já há gente que acredita". O crítico termina dizendo que João Carlos Martins não teve que esperar tanto tempo.