José D'Assunção Barros
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Escritor, historiador, musicólogo e músico, nascido na cidade do Rio de Janeiro (Brasil). Publicou diversos livros e artigos. Na área de História, publicou, entre outras obras, os livros "O Campo da História" (Petrópolis: Vozes, 2004); "O Projeto de Pesquisa em História" (Petrópolis: Vozes, 2005); "Cidade e História" (Petrópolis: Vozes, 2006). Na área de Música, publicou os livros "Raízes da Música Brasileira" (São Paulo: Hucitec, 2006) e "Nacionalismo e Modernismo - a Música Erudita Brasileira nas seis primeiras décadas do século XX" (São Paulo: Hucitec, 2006), sendo que esta última obra recebeu em 2005 o Prêmio da União Brasileira de Escritores (UBE) do Rio de Janeiro na categoria "ensaio". Na área de Literatura, publicou em 1987 um livro de contos intitulado "O Avesso do Pau de Arara" (Rio de Janeiro: Achiamé, 1987).
No seu primeiro livro publicado na área de História - "O Campo da História - especialidades e abordagens" (2004) - José D'Assunção Barros elabora um panorama historiográfico e crítico sobre as diversas modalidades em que se organiza nos dias de hoje o conhecimento histórico, examinando campos históricos tão diversos como a História Política, a História Cultural, a Micro-História, a História Econômica, a História Serial, e inúmeros outros. Sua tese nesta obra, indo muito além da mera descrição de campos históricos específicos, é a de que qualquer bom trabalho historiográfico não se limita a uma modalidade, mas sim a uma determinada conexão de modalidades diversas conforme o objeto de estudo e o problema histórico a ser examinado pelo historiador. Segundo o autor, existiriam basicamente três critérios principais a partir dos quais os historiadores costumam estabelecer subdivisões no campo disciplinar da História de modo a compreender a sua própria ciência e o seu próprio ofício: (1) as 'dimensões', critério que preside a divisão da História em campos como a História Econômica, a História Cultural, a História Política, a História Social e alguns outros, e que basicamente se relaciona ao aspecto de uma dada sociedade que o historiador decide examinar em primeiro plano (mas sendo na verdade possível combinar duas ou mais dimensões numa mesma apreensão historiográfica); (2) as 'abordagens', critério que estaria relacionado ao "fazer histórico", gerando modalidades como a História Oral, a História Serial, a Micro-História, e outras; e (3) os 'domínios', relacionados às inúmeras temáticas ou campos temáticos que se abrem ao historiador (A História da Mulher, a História da Arte, a História do Direito, a História Rural, a História Urbana, e uma infinidade de outros). No mínimo, um trabalho de história qualquer deveria combinar pelo menos uma 'dimensão', uma 'abordagem' e um 'domínio', mas na verdade as conexões historiográficas poderiam combinar mais de uma modalidade também no mesmo campo de critérios. Outra proposta veiculada em "O Campo da História" é a de ultrapassar o nível mais limitador da mera hiper-especialização histórica, investindo criativamente na intradisciplinaridade (diálogo interno entre os campos históricos) e na interdisciplinaridade (diálogo da História com outras disciplinas e campos do saber). O trabalho histórico, enfim, tenderia a se desenvolver em torno de uma complexidade criada pelo próprio historiador, complexidade esta que traria uma riqueza singular e autêntica a cada estudo desenvolvido por cada historiador em especial.
José D'Assunção Barros também escreveu uma série de artigos e ensaios sobre as "Desigualdades e Diferenças", examinando a historicidade e a interrelação entre estes conceitos. O artigo que deu origem a esta série foi publicado no verão de 2005, no número 175 da revista Análise Social - publicação do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa - com o título "Igualdade, Desigualdade e Diferença: em torno de três noções". Seu ponto de partida foi discutir a distinção entre 'Desigualdade' e 'Diferença' no seu contraste semiótico em relação ao conceito de 'Igualdade'. A partir daí, o autor examina o fato de que não apenas as Desigualdades, mas também muitas das Diferenças que se tornam evidenciadas em meio à vida social, são na verdade construções culturais sujeitas à historicidade. Postula que diversos processos históricos de dominação consistem de fato na transformação de determinadas Desigualdades em Diferenças e vice-versa. Nesta mesma linha, o autor escreveria depois um ensaio intitulado "A Construção Social da Cor", na qual discute o problema histórico da Escravidão de africanos nos tempos do Brasil Colonal e do Brasil Império. O Escravismo Colonial, ao transportar milhões de negros para as Américas, teria consistido na sistemática reclassificação da população africana sub-saariana a partir da gradual desmontagem das diversas 'etnias de origem da África' com vistas à construção de uma nova Diferença, a noção de uma "raça negra", sendo esta ainda secundada no processo de desenvolvimeento do tráfico negreiro pelas chamadas "etnias do tráfico" (classificações de acordo com áreas geográficas ou circuitos de apresamento e exportação de escravos). Para a montagem do escravismo colonial, a 'Diferença Negra' teria se combinado à Desigualdade Escrava e à prática ocidental de obter escravos de um único continente, a África. Além disto, em fases e momentos distintos, a 'Desigualdade Escrava' também teria sido alternativamente vista pela elite senhorial como uma 'Diferença Escrava' (isto é, como uma essência, e não como uma circunstância), e por isso uma das principais tarefas dos abolicionistas foi a de reconduzir a discussão da questão escrava do âmbito das diferenças para o âmbito das Desigualdades. / Em outro ensaio sobre "desigualdades e diferenças", o autor examinou também as relações entre desigualdades e diferenças sexuais, e, em um terceiro ensaio da mesma série, buscou examinar as múltiplas trajetórias históricas da noção de "Igualdade" no âmbito do pensamento político, do imaginário e da história dos movimentos sociais.
Outro trabalho relevante do autor consistiu em reescrever - à luz de um profícuo diálogo entre História, Musicologia, Estética e Análise Musical - uma História da Música Erudita Brasileira, principiando neste caso pelas suas origens desde os tempos do Brasil Colonial ("Raízes da Música Brasileira", 2006), daí passando ao estudo subsequente desta história nas seis primeiras décadas do século XX ("Nacionalismo e Modernismo - a música erudita brasileira nas seis primeiras décadas do século XX"). Este último trabalho foi premiado em 2005 pela União Brasileira de Escritores, no Rio de Janeiro, na categoria de "ensaios inéditos".
No campo da História da Arte, José D'Assunção Barros escreveu também alguns ensaios, incluindo "Arte Moderna e Alteridade", no qual busca mostrar como o diferencial da Arte Moderna, a partir de fins do século XIX e sobretudo no decorrer do século XX, estabeleceu-se precisamente a partir da capacidade que os artistas ocidentais modernos desenvolveram no sentido de renovarem seus próprios padrões criativos e suas práticas artísticas a partir do que puderam aprender da arte de outros povos de sua época e de outras épocas - as artes orientais (japonesa, chinesa, islâmica), as artes da África negra, a arte do Antigo Egito, a arte bizantina, as artes dos nativos das três Américas. Ao deixar de perceber a arte de outros povos meramente como "arte exótica" ou com o limitado interesse dos estudos antiquários, tal como faziam os românticos, o homem ocidental pôde utilizar estas artes oriundas da alteridade como fonte de recursos para renovar e recriar a sua própria arte, daí originando-se os vários movimentos da Arte Moderna que vão desde o Impressionismo até o Fauvismo, o Cubismo, a Arte Noveau e outros.
Ao mesmo tempo em que desenvolveu sua carreira de escritor e ensaísta, José D'Assunção Barros também atuou simultaneamente no Ensino de História e no Ensino de Música, e suas teses de Mestrado e Doutorado combinam estes dois campos de saber (a História e a Música) conjuntamente com a Literatura, dando origem a estudos sobre os Trovadores do período medieval ("A Arena dos Trovadores", UFF,1995) e sobre a expressão do Imaginário Político na música, na literatura e nas genealogias medievais ("As Três Imagens do Rei - o imaginário régio na poesia trovadoresca e nos livros de linhagens da Idade Média Portuguesa", UFF, 1999).