Melodrama
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
O termo melodrama tem significados muitas vezes contraditórios e é aplicado com diferentes significados a formas artísticas diversas e ocorrências variadas e/ou em distintas ocorrências dentro dos meios de comunicação de massas. Refere-se, algumas vezes, a um efeito utilizado na obra, outras como estilo dentro da obra e outras como gênero. Existe desde o Século XVII principalmente na ópera, no teatro, na literatura, no circo-teatro, no cinema, no rádio e televisão. Ele será melhor definido se reconhecermos sua diferença nos diferentes meios ou formas artísticas em que ele ocorre.
Falando em circo, por exemplo, sempre caimos em equívocos quando dizemos que existe um "melodrama circense" propriamente dito. O melodrama apresentado no circo brasileiro é uma forma constante de manifestação teatral circense e, de certa forma, segue algo do estilo do melodrama teatral do final do século XIX, desenhado em ações, com conflitos polarizados, uma dramaturgia simples, baseada em conflitos familiares, atuado de uma forma grandiosa ou exagerada, tendo em vista os padrões de interpretação atuais, onde os atores sublinham suas ações.
O melodrama na ópera teria surgido pela primeira vez como forma de inserir o texto falado ou recitativo na forma cantada. Ariadne auf Naxos (Ariadne em Naxos / Ariadne auf Naxos texto de Brandes e arranjos de Georg Anton Benda,1774) seria uma das primeiras tentativas desta relação musical. O melodrama operístico alemão tem esta característica. O iluminista francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), discutindo a ópera e sua transformação, utiliza uma definição que erroneamente tem sido utilizada para definir toda e qualquer forma melodramática. Num comentário a Alceste de Gluck, em 1777, ele define melodrama como um procedimento onde a fala e a música, em vez de andarem juntas se alternam, quando uma frase musical anuncia e prepara a frase falada.
Se na ópera este termo distingue uma forma ou estilo musical, o melodrama teatral surge oficialmente em 1800 definindo um tipo complexo de espetáculo teatral iniciado após a Revolução Francesa. Com forte influência do teatro das feiras e da pantomima utiliza máquinas, cenas de combate e danças para construção de suas cenas e conta, em sua construção dramática, com a alternância de elementos da tragédia e da comédia.
O melodrama teatral surgiu com grande sucesso de público em temporadas que, pela primeira vez na história do teatro, ultrapassaram as mil representações, isto o fez o primeiro gênero teatral de características internacionais. Seu fundador é o dramaturgo frances René-Charles Guilbert de Pixérécourt (1773-1844) e os principais representantes em outros países são: o inglês Thomas Holcroft (1745-1809) seu introdutor na Gran Bretanha, o alemão August Friederich von Kotzebue(1761-1819) e, nos Estados Unidos, Dion Boucicault (1822-1890). Seu sucesso duradouro o tornou o principal gênero teatral e literário do século XIX e fez com que o melodrama teatral fosse absorvendo e exportando elementos a todos os estilos e gêneros que surgiram durante este período, principalmente o folhetim.
Ao final do século XIX, as novas propostas estéticas que surgiam, entre elas o naturalismo, acabaram negando muitas das formas super utilizadas do melodrama, que foram consideradas anti-naturais, o que disseminou um excessivo valor negativo a tudo que fosse considerado melodramático, que se tornou sinônimo de uma interpretação exagerada, anti-natural, assim como de efeitos de apêlo fácil à platéia. O início da cultura de massas no século XX veio trazer mais confusão a este gênero de sucesso.
O melodrama no cinema aporta diferentes significados, os filmes de aventura e ação das duas primeiras décadas do século XX eram chamados de melodrama e foi o principal estilo durante a fase muda do cinema, com grande influência do teatro popular de onde vinham a maioria de seus artistas. Por outro lado, na segunda metade do século XX, os filmes dirigidos a um certo público feminino, de características totalmente distintas dos filmes de ação, também foram chamados melodrama.
Muitos diretores confudem ao nomear alguns elementos da técnica de clown como melodrama. O clown utiliza-se do estilo melodramático como um recurso, uma paródia ou uma distorção, sendo que a interpretação do clown pode se dirigir comumente a um estilo de interpretação contido que evita a gestualidade ou o exagêro melodramático.
Com o surgimento das novelas de rádio e posteriormente as de televisão, o termo melodrama acabou se generalizando como um sinônimo de certo tipo de produção que procura efeitos fáceis e conhecidos de envolvimento do público, com a utilização de fundos musicais que procuram induzir a platéia ao choro ou ao suspense, com um sentimentalismo exagerado.
[editar] Referências
- Brooks, Peter. Melodramatic Imagination. NY: Yale University Press. 1995.
- Camargo, Robson Corrêa de. Espetáculo do Melodrama: arquétipos e paradigmas. Tese de Doutorado apresentada na ECA/Universidade de São Paulo. 2005. A ser editada pela Universidade de Brasília em 2007.
- Huppes, Ivete. Melodrama. SP: Atelie Editorial. 2000.
- Thomasseau, Jean-Marie. Melodrama. SP: Editora Perspectiva. 2005.