Ordem do Cardo-selvagem
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A Mais Antiga e Venerável Ordem do Cardo-selvagem é uma ordem cavalheiresca associada à Escócia. A data original de sua fundação é desconhecida, tendo sida recriada por Jaime II de Inglaterra em 1687. A Ordem é composta pelo soberano e por dezesseis cavaleiros e damas, bem como certos cavaleiros extras, feito os membros da família real britânica e alguns monarcas estrangeiros. Apenas o soberano concede a Ordem, não sendo aconselhado pelo Governo, como ocorre com outras ordens cavalheirescas. Exige-se que os dezesseis membros tenham naturalidade escocesa, mas não dos cavaleiros extras.
O emblema primordial da Ordem é o cardo-selvagem, a flor nacional da Escócia. O mote é Nemo me impune lacessit (latim Ninguém me provoca impunemente); o mesmo mote também é usado na Cota de Armas Real do Reino Unido quando usado na Escócia e em algumas moedas britânicas. O orago da Ordem é Santo André.
A maioria das ordens cavalheirescas britânicas abrangem todo o Reino, mas as três mais importantes pertencem cada qual a um país respectivo. A escocesa Ordem do Cardo-selvagem é a segunda mais antiga. Equivale à inglesa Ordem da Jarreteira, a ordem cavalheiresca britânica em atividade com os mais antigos registros (meados do século XIV), e à irlandesa Ordem de São Patrício, a qual se mantém suspensa desde a independência da maior parte da Irlanda — seu último cavaleiro morreu em 1974.
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[editar] História
A data original da fundação da Ordem é desconhecida. De acordo com uma lenda, Óengus mac Fergusa, rei dos pictos, enquanto lutava em Athelstaneford contra o saxão Aethelstan de Ânglia Oriental, viu nos céus a cruz de Santo André. Após vencer a batalha, é dito que Angus fundou a Ordem do Cardo-selvagem, dedicada ao santo, em 787. Não se acredita muito nessa lenda, não apenas pela improbabilidade de tal milagre, como também porque ambos os protagonistas dessa batalha foram reis em épocas muito distintas. Outra história afirma que Angus fundou a Ordem em 809 afim de comemorar a aliança com Carlos Magno, sendo essa uma hipótese mais provável haja vista os mercenários escoceses contratados por Carlos Magno. Ademais, há a tradição de que essa Ordem foi fundada, ou refundada, nos campos-de-batalha por Roberto I de Escócia durante a batalha de Bannockburn. Muitos creditam-na a Jaime III de Escócia, que adotou o cardo-selvagem como flor real e ordenou que se cunhassem moedas com a mesma planta. Outros alegam que Jaime V de Escócia, membro das ordens da Jarreteira em Inglaterra, da de São Miguel em França e do Velo de Ouro no Sacro Império Romano-Germânico, fundo a Ordem do Cardo-selvagem em 1540 porque vexava-se pelo fato de não ter nenhuma honraria a ser concedida a monarcas estrangeiros. Ele alegadamentePredefinição:Fact conferiu título da Order of the Burr or Thissil a Francisco I de França.
Algumas ordens cavaleirescas escocesas definitivamente existiram durante o século XVI, mas extinguiram-se ao longo das décadas. Jaime VII de Escócia expediu decreto revivendo e restaurando a Ordem do Cardo-selvagem em sua total glória, brilho e magnificiência em 1687. De oito cavaleiros a doze cavaleiros foram indicados, mas o rei fora deposto em 1688. Seus sucessores, Guilherme III de Inglaterra e Maria II de Inglaterra, não fizeram indicações posteriores à Ordem, com seu conseqüente desuso. Em 1703, no entanto, Ana I da Grã-Bretanha reviveu mais uma vez a Ordem do Cardo-selvagem, perdurando até hoje.
[editar] Composição
O rei de Escócia — posteriormente rei do Reino Unido — serviram como soberanos da Ordem. Quando Jaime VII a reviveu, os estatutos estabeleceram que a Ordem consistira do Soberano e doze cavaleiros em alusão ao Salvador e seus doze apóstolos. Em 1827, Jorge IV do Reino Unido ampliou a Ordem para dezesseis membros. Mulheres (para além da rainha) eram originalmente excluídas da Ordem; Isabel II do Reino Unido, no entanto, permitiu a admissão de Damas do Cardo-selvagem em 1987.
De tempos em tempos, indivíduos podem ser admitidos na Ordem por estatutos especiais. Tais membros são conhecidos como Cavaleiros Extras e não são contabilizados no limite de dezesseis membros. Membros da família real britânica são geralmente admitidos por esse procedimento; o primeiro a ser assim admitido foi o filho mais novo de Jorge III do Reino Unido, Guilherme IV do Reino Unido. Olaf V de Noruega, o primeiro estrangeiro a ser admitido na Ordem, por meio do estatuto especial, em 1962.
O soberano tem historicamente o poder de escolher os cavaleiros e damas da Ordem. Do século XVIII em diante, o soberano fez suas escolhas baseado nos conselhos do Governo, até que Jorge VI do Reino Unido passou a achar que as Ordens da Jarreteira e do Cardo-selvagem estavam sendo usadas para fins políticos, em vez de ser uma premiação por mérito. Assim, em acordo com o primeiro-ministro, Clemente Attlee e com o líder da oposição, Winston Churchill, em 1946, a Ordem retornou a ser concessão pessoal do soberano.
Os cavaleiros e damas do cardo-selvagem podem também ser admitidos na Ordem da Jarreteira. Formalmente, muitos, mas não todos, os cavaleiros elevados à Ordem sênior renunciariam à Ordem do Cardo-selvagem. O primeiro a renunciá-la foi João Campbell, 2º duque de Argyll, em 1710; o último a fazê-lo foi Tomás Dundas, 2º conde de Shetland, em 1872. Cavaleiros e damas do cardo-selvagem podem também ser privados de seus títulos. O único a sofrer tal sanção foi João Erskine, 6º conde de Mar, que perdeu tanto a cavalaria quanto seu condado após participar da Revolta jacobita de 1715.
A Ordem tem cinco oficiais: o deão, o chanceler, o arauto, o rei-de-armas e o secretário. O deão, como o próprio termo indica, normalmente é um clérigo da Igreja Escocesa. O chanceler é normalmente um dos cavaleiros, apesar de não necessariamente o sênior. O arauto é o Arauto Cavalheiro do Bordão Sinople (diferentemente do equivalente na Ordem da Jarreteira equivalente, o Arauto Cavalheiro do Bordão Sable, ele não exerce função na Câmara dos Lordes). O rei-de-armas da Ordem, responsável pela heráldica, é o Lorde Lyon Rei d'Armas, o chefe da heráldica escocesa. O Lorde Lyon geralmente — mas não sempre — também serve como secretário.
[editar] Vestuário e acessórios
Para as ocasiões especiais da Ordem, como o encontro anual entre junho e julho, bem como para a coroação do monarca britânico, os cavaleiros e damas vestem um elaborado traje:
- o manto é uma toga verde vestida sobre seus ternos ou uniformes militares. O manto é listrado com tafetá branco; é amarrado com borlas douradas ou verdes. No ombro esquero do manto, uma estrela da Ordem (veja abaixo) é ostentada.
- o chapéu é feito de veludo preto encimado por penas brancas de águia-pescadora.
- o colar é feito d'ouro e ostenta cardos-selvagens e ramos de ruta; vestido sobre o manto.
- o Santo André, também chamado distintivo-apêndice, pendurado pelo colar. Composto de uma figura esmaltada de Santo André, vestindo um manto verde e púrpura, segurando uma cruz branca. Raios dourados emanam da cabeça do santo.
À parte dessas ocasiões especiais, vestimentas mais simples são usadas sempre que um membro da Ordem comparece a algum evento.
- a estrela da Ordem consiste de uma cruz de Santo André prateada, com fulgores entre seus braços. No centro figura-se um círculo verde ostentando o mote da Ordem com capitulares douradas; dentro do círculo, figura-se um cardo-selvagem em campo dourado. Usa-se presa na altura do peito esquerdo. Sendo essa ordem a segunda mais antiga do Reino Unido, seus membros usarão sua estrela acima das insígnias d'outras ordens.
- a banda larga é uma cinta verde-escura vestida de atravessado pelo tronco.
- o distintivo, preso à banda larga na altura do ombro direito. No anverso, o distintivo figura Santo André da mesma forma que a estrela. No reverso, figura um cardo-selvagem, em campo verde rodeado pelo mote da Ordem.
Contudo, em determinados dias de colar designados pelo soberano, os membros comparecem vestindo o colar da Ordem sobre seus trajes formais. Substitui-se então a banda larga da Ordem por outra d'alguma outra Ordem a qual o membro pertença (se pertencer), haja vista que a banda da Ordem é representada pelo colar.
Mediante a morte d'algum cavaleiro ou dama, a insígnia deve retornar à Chancelaria Central das Ordens Cavalheirescas. A banda e a estrela são devolvidas pessoalmente ao soberano pelo parente mais próximo do falecido membro.
Oficiais da Ordem também vestem togas verdes. O Arauto Cavalheiro do Bordão Sinople ostenta, como sugere o título, um bastão verde. O Lorde Lyon veste um talar no qual aparecem as armas reais.
[editar] Capela
Quando Jaime VII reviveu a Ordem em 1687, determinou que a abadia do palácio de Holyrood se convertesse na capela da Ordem do Cardo-selvagem, talvez inspirado na capela da Ordem da Jarreteira, localizada no Castelo de Windsor. Jaime VII, no entanto, foi deposto em 1688; a capela, entrementes, fora destruída durante protestos. Assim a Ordem não teve uma capela até 1911, quando uma foi adicionada à catedral de Santo Egídio, em Edimburgo. A cada ano, o soberano reside no palácio de Holyrood por uma semana em junho ou julho; durante a visita, comparece à Ordem. Qualquer novo cavaleiro ou dama é elevado nesse encontro anual.
Cada membro da Ordem, incluso o soberano, é alocado num púlpito próximo ao coral da capela, acima do qual os elementos heráldicos do nobre são exibidos, encimado pelo timbre das respectivas armas. De acordo com as regras heráldicas, mulheres que não sejam monarcas não ostentam elmos ou brasões; em vez disso, o coronel apropriado para o ranque da dama é utilizado. Diferentemente doutras ordens britânicas, as flâmulas heráldicas dos cavaleiros e damas do cardo-selvagem não são penduradas dentro da capela, mas fora. No púlpito de cada membro existe, todavia, uma pequena placa de metal contendo o brasão, nome e data de admissão na Ordem de cada ocupante.
Quando da morte de um cavaleiro, seu elmo, manto, brasão (coronel ou coroa se for o caso) e espada são removidos. As placas, porém, permanecem fixas, compondo um colorido mosaico com os brasões de todos os ocupantes de cada púlpito, desde 1911.
[editar] Precedência e privilégios
Cavaleiros e damas do cardo-selvagem assumem posições na ordem de precedência, ranqueando acima de todos os outros cavaleiros, e acima de baronetes. Viúvas, filhos e enteados de cavaleiros do cardo-selvagem também se encontram na ordem de precendência; parentes de damas do cardo-selvagem, todavia, não recebem tais privilégios.
Cavaleiros do cardo-selvagem prefixam seus nomes com Sir, e as damas Lady. Viúvas de cavaleiros podem utilizar Lady em seus prenomes, mas o mesmo não ocorre com maridos de damas da Ordem. Tais prefixos não são utilizados por príncipes ou herdeiros, a não ser quando utilizam seu nome completo por escrito.
Cavaleiros e damas usam as letras KT e LT, respectivamente, como abreviação do prefixo. Quando um indivíduo é entitulado com múltiplas abreviações, KT ou LT aparecem antes de todas, à exceção de Bt ou Btss (baronete), VC (Cruz Vitoriana), GC (Cruz de Jorge) e KG ou LG (cavaleiro ou dama da Jarreteira).
Cavaleiros e damas podem circundar suas armas com o colar e o moto da Ordem. O distintivo é representado suspenso pelo colar. As armas reais figuram o colar apenas quando em Escócia; ostentam a Jarreteira em Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte]].
Também é permitido a cavaleiros e damas utilizar suportes e tenentes. Esse grande privilégio é compartilhado apenas por membros da família real, cavaleiros e damas da Jarreteira, e cavaleiros e damas que sejam grã-cruzes ou grã-comandantes das ordens menores.
[editar] Atuais membros e oficiais
[editar] Soberano
[editar] Cavaleiros e damas consortes
- David Charteris, 12º conde de Wemyss KT (1966)
- John Scott, 9º duque de Buccleuch KT VRD (1978)
- Andrew Bruce, 11º conde de Elgin KT VRD DL (1981)
- George Thomson, barão Thomson de Monifieth KT PC DL (1981)
- David Ogilvy, 13º conde de Airlie KT GCVO PC (1985)
- John Arbuthnott, 16º visconde de Arbuthnott KT CBE DSC (1996)
- Robert Lindsay, 29º conde de Crawford KT GCVO PC (1996)
- Marion Fraser LT (1996)
- Norman Macfarlane, barão Macfarlane de Bearsden KT DL (1996)
- James Mackay, barão Mackay de Clashfern KT PC (1997)
- David Wilson, barão Wilson de Tillyorn KT GCMG (2000)
- Stewart Sutherland, barão Sutherland de Houndwood KT (2002)
- William Eric Kinloch Anderson KT (2002)
- David Steel KT KBE PC (2004)
- George Robertson, barão Robertson de Port Ellen KT GCMG PC (2004)
Há uma vaga.
[editar] Cavaleiros e damas supranumerários
- Filipe, duque de Edimburgo KG KT OM GBE AC QSO PC (1952)
- Carlos, Príncipe de Gales KG KT GCB OM AK QSO PC ADC (1977)
- Ana, Princesa Real LG LT GCVO QSO (2000)
[editar] Oficiais
- Deão: Gilleasbuig Iain Macmillan CVO
- Chanceler: Sua Graça o duque de Buccleuch e Queensberry KT VRD
- Arauto do Bastão Sinople: Almirante real Christopher Hope Layman CB DSO LVO
- Rei-de-armas e secretário: Robin Orr Blair LVO WS (Lorde Lyon Rei-de-armas)
[editar] Bibliografia
- Burnett, C. J., Burnett, H. and Bennet, H. "The Green Mantle: A Celebration of the Revival in 1687 of the Most Ancient and Most Noble Order of the Thistle." Edinburgh: Royal Scottish Museum.
- Burnett, C. J. and Hodgson, L. Stall Plates of the Most Ancient and Most Noble Order of the Thistle in the Chapel of the Order within St Giles' Cathedral, The High Kirk of Edinburgh. Edinburgh: Heraldry Society of Scotland.
- Debrett's Limited. (2004). "A Mais Antiga e Venerável Ordem do Cardo-selvagem."
- "Knighthood and Chivalry." (1911). Encyclopædia Britannica, 11th ed. London: Cambridge University Press.
- Rayment, L. (2003). "Cavaleiros do Cardo-selvagem"
- Velde, F. R. (2003). "Ordem de Precedência em Inglaterra e Gales".