Pedagogia crítica
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As idéias de Gramsci passaram a ser discutidas no Brasil a partir da década de 70. Cinqüenta anos depois de escritas e vinte de publicadas. Essa defasagem deve ser levada em conta em qualquer aproximação textual da obra gramsciana que se faça agora. O Brasil da década de 1930 era um país essencialmente agrário e dependente – infinitamente mais que hoje –, vivendo ainda sob a tutela das oligarquias rurais formadas na Colônia ou no processo de criação do “baronato do café”. A força do pensamento gramsciano na academia brasileira – bem mais que em sua própria terra, diga-se de passagem – pode ser medida pela forte influência nas teses e dissertações na área da educação, produzidas a partir de 1970, principalmente. A pesquisa educacional brasileira privilegiou os aspectos lógico-formais dos conceitos gramscianos em detrimento da visão historicista tão presente na obra daquele pensador. Tal perspectiva lógico-formal transformou as idéias de Gramsci em um modelo abstrato aplicável de maneira geral. A recusa da visão historicista deformou o pensamento de Gramsci de maneira a torná-lo padrão de esterilidade e de simplificações teóricas, pois a visão historicista possibilita a compreensão histórica dos problemas filosóficos e a problematização filosófica dos acontecimentos históricos e tais possibilidades ficam bastante prejudicadas quando submetidas ao reducionismo generalizante procedido. A apropriação formalista, movida por modismos teóricos, diluiu a força do pensamento gramsciano no âmbito da pesquisa educacional. A publicação póstuma, por Palmiro Togliatti, dirigente máximo do Partido Comunista Italiano, no pós-guerra, fez surgir uma série de desconfianças quanto à seleção e originalidade dos escritos. Além do mais, por serem escritos na prisão, os textos de Gramsci são labirínticos e destituídos de notas e citações bibliográficas que facilitariam a pesquisa e o entendimento. Acrescente-se que as idéias do Autor foram formuladas em situação que não permitia o rigor metodológico: no embate das lutas intestinas de organizações políticas de esquerda ou na prisão. Assim, há vários e contraditórios Gramsci. Mesmo que se consiga identificar a origem e autoria de conceitos como “filosofia da práxis”, “revolução passiva”, “reforma ético-política”, “bloco histórico” e “hegemonia”; na obra de Gramsci tais conceitos adquirem significados diferentes dos originais. Em conseqüência, a interpretação do pensamento gramsciano demanda cuidados adicionais na decodificação do universo semântico utilizado. Entre os estudiosos da obra gramsciana, acredita-se que a edição crítica de 1975 é a melhor fonte para a compreensão do pensamento do Autor. Considera-se que o pensamento gramsciano associa intensamente o conhecimento histórico, a práxis política, a luta cultural e o processo de formação humana. Gramsci é formalmente contra qualquer interpretação histórica do homem, fundamentada no Naturalismo ou no Positivismo. Entende o homem como produto histórico e não natural. Considerando que o homem é o sujeito de sua história, Gramsci propõe a difusão da cultura humanista e filosófica no âmbito da classe operária; formar o hábito da pesquisa, do método e da disciplina nos estudos; a valorização da vontade moral do homem.