São Paulo Tramway, Light and Power Company
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São Paulo Tramway, Light and Power Company, mais conhecida como Light São Paulo, foi uma empresa de capital canadense que atuou em São Paulo, Brasil em atividades de geração, distribuição de energia elétrica e transporte público por bondes.
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[editar] História
Em 7 de abril de 1899, em Toronto, no Canadá, foi fundada The São Paulo Tramway, Light and Power Company, que em 17 de julho do mesmo ano, foi autorizada, por decreto do presidente Campos Salles, a atuar no Brasil. Sua atuação em São Paulo começou no mesmo ano, através da construção da Usina Hidrelétrica Parnaíba, concluída em 1901.
Posteriormente, a Light São Paulo passaria a operar os serviços de geração e distribuição de energia elétrica e os serviços de bondes elétricos do município de São Paulo, uma revolução para a época, quando haviam apenas bondes puxados a burro.
No dia 9 de Junho de 1904, os mesmos sócios canadenses criam a The Rio de Janeiro Tramway, Light and Power. A partir de 1912, as duas empresas passaram a ser controladas pela holding Brazilian Traction Light and Power Co. Ltd.
Entre 1920 e 1930, a Light São Paulo realizou inúmeras obras de expansão dos serviços de energia elétrica na capital de São Paulo e municípios vizinhos, construindo a represa de Guarapiranga e usinas hidrelétricas, como Edgard de Souza e Rasgão, localizadas no Rio Tietê, em Santana do Parnaíba, a 40 quilômetros da capital. Eram obras necessárias para acompanhar o crescimento econômico e populacional da cidade e arredores e consecutivo aumento do consumo de energia elétrica.
Mais tarde, na década de 1940, a Light São Paulo também foi responsável pela retificação do Rio Tietê, Rio Pinheiros e pela construção da represa Billings e da usina hidrelétrica Henry Borden.
Em meados da década de 1940, a Light São Paulo encerra os serviços de transporte público por meio de bondes elétricos, repassando-os à prefeitura de São Paulo, através da CMTC, que extinguiria o serviço de bondes no fim dos anos 1960.
Em 1956, a holding Brazilian Traction Light and Power Co. Ltd. começa a atuar em inúmeros ramos, dentre os quais o imobiliário, hoteleiro, serviços de engenharia, agropecuária, entre outros, e muda de nome, passando-se a chamar Brascan - Brasil Canadá Ltda. A empresa São Paulo Tramway, Light and Power Company se funde com a Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Company, numa única razão social, agora chamada de Light – Serviços de Eletricidade S/A, vinculada à Brascan Ltda.
[editar] Fim das atividades
No final da década de 1970, o contrato de concessão da Light – Serviços de Eletricidade S/A com o governo federal, assinado no início do século e com validade de setenta anos seria encerrado, com a entrega dos ativos investidos pela empresa ao governo brasileiro. Porém em circunstâncias obscuras, principalmente no momento político vigente (ditadura militar brasileira), o então ministro das minas e energia Shigeaki Ueki, através da Eletrobrás, adquiriu o controle acionário da Light – Serviços de Eletricidade S/A em 1979.
Na seqüência, em 1981 o governo do estado de São Paulo adquiriu a Light paulista e criou a sua própria empresa de energia, com o nome de Eletropaulo, que na década de 1990 foi cindida em várias empresas de porte menor, sendo algumas privatizadas pelo governador Mário Covas.
O grupo Brascan - Brasil Canadá Ltda. depois da venda da Light, continua operando no Brasil nos negócios remanescentes, nos ramos imobiliário, hoteleiro, serviços de engenharia, agropecuária, bancos, seguros e de shopping centers. É proprietário dos shoppings Rio Sul, Madureira Shopping, Bay Market, Paço do Ouvidor e Centro Empresarial Mourisco, no RJ, e o Brascan Open Mall, em SP e recebem 50 milhões de pessoas/ano, movimentando anualmente cerca de US$ 35 milhões em locação de lojas.
[editar] Memória arquitetônica e cultural
A marca e empresa Light, apesar de há muito tempo extinta pela sucessora Eletropaulo, deixou alguns legados pela cidade de São Paulo.
As estações de transmissão de energia elétrica mais antigas, como em Santana, Cambuci e Bela Vista, conservam traços do estilo arquitetônico da época e influências de arquitetos canadenses. O antigo edifício-sede da Light São Paulo, batizado de Alexandre Mackenzie, em homenagem a um dos sócios da empresa, localizado na Praça Ramos de Azevedo, ao lado do Teatro Municipal e do Viaduto do Chá, é considerado de relevante valor histórico e foi tombado pelo Condephaat. Construído na década de 1930, foi internamente adaptado para ser utilizado como um shopping-center na década de 1990, porém externamente conserva as características originais.
Ainda hoje, pais e avós, que viveram na época da Light, reclamam das elevadas contas de energia elétrica atuais e das luzes acesas sem necessidade aos filhos e netos dizendo "vocês acham que eu sou sócio da Light?", numa prova de que o nome da empresa extinta ainda é forte no inconsciente coletivo paulistano.
A Fundação Energia e Saneamento, criada em 1998 para preservar e divulgar o patrimônio histórico-cultural do setor energético, herdou boa parte de documentos e objetos antigos da Light e de outras antigas empresas de energia e saneamento já extintas.