Sagarana
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Sagarana é um livro de novelas publicado por João Guimarães Rosa em 1946.
É a primeira publicação que não foi posteriormente renegada pelo autor. Os textos exemplificam bem o estilo do autor, a sua linguagem inovadora e os seus temas, atrelados à vida rural de Minas Gerais.
O título, Sagarana é formado por um hibridismo: "saga", radical de origem germânica que significa "canto heróico", "lenda"; e "rana" palavra de origem indígena que significa "à maneira de; à espécie de". Assim Sagarana significa "À maneira de fábulas", uma espécie de saga.
João Guimarães Rosa combina e recombina habilmente as informações do meio, confundindo lugares e paisagens, mesclando o real, o imaginário e o lendário em sua obra. O gênero regionalista é totalmente reelaborado, revitalizando e revalorizando um universo cultural.
Índice |
[editar] Índice de novelas
O livro é composto pelas seguintes novelas:
- O Burrinho Pedrês
- A volta do marido pródigo
- Sarapalha
- Duelo
- Minha Gente
- São Marcos
- Corpo Fechado
- Conversa de bois
- A hora e a vez de Augusto Matraga
Originalmente, o livro possuía outras três novelas:
- Questões de Família
- Uma História de Amor
- Bicho Mau
[editar] Características Gerais da Obra
[editar] Linguagem
Guimarães Rosa cria neologismos em Sagarana, utilizando-se de palavras formadas por derivações sufixal, prefixal, parassintética e também por abreviação, composição aglutinada e composição justaposta. A obra é repleta de neologismos que se sobressaem em composições e derivações novas, além “de novos tipos de construção frasal”, ditos "neologismos sintáticos”, segundo Mattoso Câmara.
Algumas figuras de linguagem tais como: metáforas, anacoluto e silepse têm também grande destaque.Além disso, o autor faz uso de recursos melopéicos, que são únicos em sua obra. É o que o escritor chama de “plumagem e canto das palavras”. Com efeito, amiúde Guimarães apela para os aspectos auditivos (“canto”) e visuais (“plumagem”), fazendo uma verdadeira orquestração sonora com as palavras. Isso se sobressai principalmente em O Burrinho Pedrês e São Marcos.
[editar] Fabulação
É outra característica de Guimarães Rosa que se sobressai em Sagarana: o seu extraordinário poder de fabulação. Suas narrativas, repletas de incidentes, casos fantásticos e imaginários, contém às vezes mais de uma “estória” dentro da “estória”. É o que se pode notar, principalmente, em O Burrinho Pedrês.
De um modo geral, entretanto, esses casos secundários são postos em função do principal: têm a finalidade de comprovar ou preparar terreno para a história principal.
[editar] Espaço e personagens
Em carta a João Condé, Guimarães Rosa (2001, p.25) revela que Saragarana se passaria no interior de Minas Gerais, na paisagem das fazendas e vaqueiros [1] - mundo da infância e juventude do autor .
As histórias são ligadas entre si pelo espaço em que acontecem, e captam os aspectos sociais, físicos e psicológicos do homem interiorano.
[editar] Provérbios e Quadras
É outra característica do estilo rosiano que evidencia um gosto bem popular: o gosto por ditados e provérbios, além das quadrinhas que harmonizam as noites sertanejas, sob um céu palpitante de luar e de estrelas que pululam encantadas dos sons gotejantes das melodias populares.
[editar] Narração
As novelas O Burrinho Pedrês, A Volta do Marido Pródigo, Sarapalha, Duelo, Conversa de bois e A hora e vez de Augusto Matraga são narrados em terceira pessoa. A onisciência do narrador nas novelas em terceira pessoa é relativizada, acentuando a dimensão mítica, política e a alternância de focos narrativos no transcorrer do texto.
Já nas novelas São Marcos, Minha Gente e Corpo Fechado o narrador aparece em primeira pessoa. Narrado em primeira pessoa, o foco narrativo ilumina os passos do protagonista, mas também revela certas sutilezas que servem para esclarecer o sentido mais profundo da história.
[editar] Referências
- ↑ Gumarães Rosa, João. Sagarana. São Paulo: Nova Fronteira, 2001.