Vemag
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Fundada em | 1945 |
Local | |
Sede | São Paulo, Brasil |
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Produtos | Automóveis |
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A Veículos e Máquinas Agrícolas ou 'Vemag foi uma fábrica brasileira de veículos que teve seu auge no final dos anos 50 e início dos anos 60, quando produziu sob licença os veículos da fábrica alemã DKW (integrante da Auto Union, atualmente Audi). A Vemag também montou, inicialmente pelo sistema SKD e depois pelo sistema CKD, caminhões e automóveis de origem norte-americana.
Os modelos produzidos pela Vemag no Brasil, com mecânica DKW, foram o sedã Belcar, a camioneta Vemaguet e suas derivadas "populares", a Caiçara e a Pracinha, o jipe Candango e o cupê Fissore, totalizando pouco mais de 115.000 unidades ao longo de doze anos.
Foi produzido ainda um protótipo único para estabelecer recordes de velocidade, o Carcará, cujo recorde de velocidade para motores com 1000cc, de 1966, permaneceu imbatível até o século XXI. Recentemente, um projeto de entusiastas (batizado de Projeto Carcará II) viabilizou a construção de duas réplicas do Carcará, uma delas para ser exibida no Museu do Automobilismo Brasileiro e a outra para tentar estabelecer novo recorde de velocidade para motores de 1000cc.
Aproveitando a mecânica DKW, simples e robusta, também foram montados alguns modelos esportivos, dos quais o Puma GT (conhecido como Puma DKW) teve produção mais numerosa e acabou resultando nos modelos Puma com mecânica Volkswagen, produzidos até o início dos anos 90. O Puma DKW é um derivado do Malzoni GT, que fora originalmente idealizado para pistas de corrida e que também tinha uma versão de passeio.
Na Europa, a Volkswagen assumiu o controle acionário da Auto Union em 1965, transformando-a em Audi. No Brasil, a Volkswagen adquiriu a Vemag em setembro de 1967, encerrando suas atividades em dezembro, contrariamente ao que fora anunciado e utilizando os pavilhões da fábrica para a produção da VW Kombi.
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[editar] Histórico
Em 1945 é fundada em São Paulo, no bairro de Ipiranga, a Distribuidora de Automóveis Studebaker Ltda., para montar automóveis da marca Studebaker.
Em 1951 passa a montar caminhões da Scania Vabis. Em 1954, tratores da Ferguson.
Em 1952 a razão social da empresa é alterada para Veículos e Máquinas Agrícolas S.A., depois da fusão da Distribuidora de Autom´[oveis Studebaker e da Elit Equipamentos para Lavoura e Máquinas Agrícolas.
Em 16 de junho de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek assina o Decreto n.39412 criando o GEIA, Grupo Executivo da Indústria Automobilística, que garantia incentivos às indústrias envolvidas na fabricação de automóveis e de autopeças.
Em novembro de 1956, coloca no mercado a camioneta DKW F-91 Universal, derivada do sedã alemão F-91 e de sua woodwagon, produzidos pela Auto Union. Essa camioneta é apontada como o primeiro automóvel brasileiro, já que a Romi Isetta, apresentada um pouco antes, "não tinha pelo menos duas portas".
Em 1958 são apresentados o sedã (o "Grande DKW Vemag"), a camioneta (a "perua DKW"), derivados do F-94 alemão, e o jipe Candango, derivado do jipe alemão Munga, com grande índice de nacionalização. Esses modelos eram equipados com o motor de 900cm³.
O "Grande DKW-Vemag" foi o primeiro automóvel brasileiro, já que um critério da época estabelecia que um automóvel deveria ter pelo menos duas portas, senão teria sido o segundo, já que sua produção foi iniciada após a produção da Romi Isetta.
Em 1961 o "Grande DKW-Vemag" e a "Perua DKW-Vemag" passam a ser denominados como Belcar e Vemaguet e a partir desse modelo passaram a contar com motor com 1000cm³.
Em 1962 é apresentado no Salão do Automóvel o sofisticado cupê Fissore, com chassis e mecânica DKW e carroceria idealizada pelo Estúdio Fissore, da Itália. Entraria em produção regular apenas no final de 1963.
Em 1963 a produção do Candango é encerrada, principalmente porque os militares não demonstraram interesse em sua aquisição. É lançada a Caiçara, uma versão popular da camioneta Vemaguet, com a porta traseira em peça única abrindo para a esquerda.
Em 1964 é finalmente lançado no mercado o Vemag Fissore e o Lubrimat. A Vemag contava com 4.013 funcionários e uma área de pouco mais de 87.000 m². Seus veículos já contavam com praticamente 100% de nacionalização.
Nesse ano, os modelos do Belcar e da Vemaguet têm suas portas alteradas, elas passam a abrir do modo convencional e não mais ao contrário. O modo de abertura ao contrário lhes valeu o apelido de "portas suicidas". Esse modo de abertura também conferiu aos modelos a alcunha de "dechavê".
Em 1965 é lançada a série Rio, em homenagem aos quatrocentos anos de fundação da cidade do Rio de Janeiro. Na Europa, a Volkswagen alemã adquire o controle acionário da Auto Union, transformando-a em Audi. No Brasil, estabelecem-se rumores sobre o fim da produção dos veículos DKW e o fechamento da fábrica.
Em 1966 é encerrada a produção da Caiçara, substituída pela Pracinha, outra camioneta popular baseada na Vemaguet. A diferença principal da Caiçara e da Pracinha são as portas, que agora abrem no sentido usual.
Em setembro de 1967, a Volkswagen do Brasil adquire a Vemag prometendo não encerrar a produção de seus veículos. Em dezembro, entretanto, seguindo uma tendência mundial de retirada do motor dois tempos do mercado, a linha de produção é encerrada.
[editar] Os automóveis DKW produzidos pela Vemag
A Vemag produziu um sedã, inicialmente denominado "Grande DKW Vemag" e que depois foi batizado como Belcar, uma camioneta, que no começo era conhecida apenas como "perua DKW" e que com o tempo recebeu o nome de Vemaguet, seus derivados "populares", a Caiçara e a Pracinha, um jipe e um cupê com carroceria projetada pelos Fissore, da Itália. Esses modelos são descritos a seguir.
[editar] O "Grande DKW Vemag" e o Belcar
O modelo sedã produzido pela Vemag foi lançado como "Grande DKW Vemag" em 1958. Ele tinha motor DKW com três cilindros e ciclo de dois tempos, com volume de 900cm³. Era um veículo relativamente confortável, com quatro portas e capacidade para até seis pessoas. Recebeu a denominação de "Belcar", pela qual todos os sedãs da Vemag são atualmente conhecidos, independentemente de seu ano de produção, apenas em 1961 e foi produzido até 1967. Acredita-se que o nome "Belcar" derive da expressão em inglês "beautiful car".
Foi o primeiro veículo a ser testado pela revista Quatro Rodas, em 1961, tendo sido testado novamente em 1965 e em 1967.
[editar] A "perua DKW" e a Vemaguet
A camioneta também foi produzida entre 1958 e 1967, mas uma versão anterior foi montada a partir de 1955. Esta primeira versão tinha duas portas traseiras que se abriam para os lados. A camioneta de 1958, por sua vez, tinha duas portas que se abriam para cima e para baixo, geometria que permaneceu até o seu último modelo, a Vemaguet S, dos últimos meses de 1967. Esteticamente, sempre acompanhou o sedã e, juntos, sedã e camioneta, formavam os produtos principais da Vemag.
[editar] A Caiçara e a Pracinha
Os derivados "populares" da Vemaguet foram produzidos entre 1963 e 1966. A Caiçara tinha "portas suicidas" e era uma versão despojada, sem os cromados nem os acabamentos da Vemaguet. A Caiçara era comercializada em apenas duas cores: bege e azul claro, com o acabamento interior em plástico vermelho. A Pracinha tinha portas com abertura "normal" e foi produzida em quantidade bastante maior. A principal diferença externa da Caiçara e da Pracinha com a Vemaguet estava na porta traseira, que era feita em peça única e abria para a esquerda.
[editar] O Candango
O jipe Candango foi produzido entre 1958 e 1963, visando principalmente o mercado militar. Era baseado no jipe Munga, produzido na Europa pela Auto Union, e teve sua denominação escolhida em homenagem aos "candangos", os trabalhadores que atuaram na construção de Brasília. Era oferecido inicialmente com tração permanente nas quatro rodas, mas depois de 1960 teve também uma versão apenas com tração dianteira. Era fornecido com capota rígida, em aço, e com capota em lona. A Vemag chegou a oferecê-lo como o "Jipe DKW Vemag", mas teve problemas com a Willis Overland do Brasil, detentora na época da marca Jeep no Brasil.
[editar] O Vemag Fissore
O Fissore foi lançado no Salão do Automóvel de 1962, mas chegou ao mercado apenas em 1964. Essa demora ocorreu principalmente devido às características do projeto da carroceria e às melhorias em acabamento (em relação à proposta inicial dos Fissore) exigidas pelos técnicos da Vemag. Foram produzidos apenas 2638 exemplares até 1967. Era considerado, em sua época, o mais belo automóvel nacional.
O motor do Fissore saía da mesma linha de produção dos motores dos outros modelos. Entretanto, como se queria conferir ao Fissore uma imagem mais "esportiva", anunciava-se que ele tinha o motor S. Esse motor teria 60CV, ao invés dos 50CV típicos dos motores DKW-Vemag. Na verdade, os motores passavam por testes em dinamômetro e os mais "capazes" eram selecionados para os Fissore, mas usualmente eles rendiam pouco mais que 10% acima dos 50CV anunciados para os outros modelos.
[editar] A produção da Vemag em números
A tabela a seguir (Sandler, 2006) mostra a produção da Vemag ao longo dos anos, restringindo-se aos modelos associados à DKW. No primeiro ano, 1957, foram apenas montados camionetas vindas da Alemanha. Essa camioneta fora na verdade lançada no mercado em novembro de 1956. A partir de 1958 começaram a ser produzidos sedãs e camionetas com índice razoável de nacionalização. O ano de maior produção foi 1962, com 15.544 exemplares entregues. O ano com maior variedade de modelos foi 1965, com 15.260 exemplares e cinco modelos diferentes (Belcar, Vemaguet, Fissore e as camionetas populares Caiçara, em final de produção, e Pracinha, recém lançada).
Ano | Sedã (Belcar) | Camioneta (Vemaguet) | Caiçara | Pracinha | Candango | Fissore | TOTAL |
1957 | 1166 | 1166 | |||||
1958 | 2189 | 1642 | 1174 | 5005 | |||
1959 | 1773 | 2524 | 1968 | 6265 | |||
1960 | 3097 | 4446 | 248 | 7791 | |||
1961 | 4642 | 4695 | 1582 | 10919 | |||
1962 | 7123 | 7806 | 615 | 15544 | |||
1963 | 7541 | 6267 | 260 | 20 | 14088 | ||
1964 | 6291 | 4975 | 814 | 624 | 12704 | ||
1965 | 5519 | 3847 | 99 | 4938 | 857 | 15260 | |
1966 | 6890 | 5392 | 1812 | 631 | 14725 | ||
1967 | 6007 | 5009 | 526 | 11542 | |||
TOTAL | 51072 | 47769 | 1173 | 6750 | 5607 | 2638 | 115009 |
Há controvérsia quanto à produção do Fissore. O site do Clube DKW Vemag do Brasil e o próprio Sandler ao longo de seu texto (Sandler, 2006), afirmam que teriam sido produzidos 2489 unidades, ao invés do valor apresentado nesta tabela.
[editar] Algumas curiosidades
- O modelo de 1961 do Belcar, quando ainda era conhecido apenas como "Grande DKW-Vemag", foi o primeiro automóvel a passar por testes pela Revista Quatro Rodas.
- O Fissore foi o primeiro modelo a ser equipado com o Lubrimat, um sistema automático para lubrificação do motor de dois tempos. O Lubrimat foi lançado juntamente com o Fissore, em meados de 1964.
- O modelo de sinaleira dianteira utilizado nos modelos do Fissore de 1966 e 1967 foi também utilizado no Puma DKW e no Puma GT P2 (o primeiro com mecânica Volkswagen). O encerramento da produção desse modelo de sinaleira juntamente com o encerramento da produção dos automóveis DKW aliados ao sucesso dos modelos da Puma fizeram com que esse modelo de sinaleira se tornasse um item bastante raro entre as autopeças da Vemag.
- O modelo de maçaneta das portas do Fissore também foi utilizado nas portas do Malzoni GT, do Puma DKW e do Puma GT P2, tornando-se também um item raro entre as autopeças da Vemag. Essas maçanetas também foram utilizadas no VW SP2.
- Os modelos da Vemag não tinham retorno automático do pisca pisca. Os manuais de instrução diziam que a lâmpada do painel indicadora do acionamento do pisca pisca continuava "piscando" após a conversão, para avisar o motorista de que a alavanca deveria ser retornada à sua posição neutra. As primeiras unidades do modelo de 1966 do Fissore traziam como opcional o retorno automático do pisca pisca, mas esse acessório apresentou tantos problemas que sua produção foi logo descontinuada. Esse acessório opcional tornou-se um item bastante raro entre as autopeças da Vemag.
[editar] Ver também
- Lista de automóveis brasileiros
- DKW-Vemag Belcar
- DKW-Vemag Vemaguet
- DKW-Vemag Caiçara
- DKW-Vemag Pracinha
- DKW-Vemag Candango
- Vemag Fissore
- Malzoni GT
- Puma DKW
[editar] Referências
- Sandler, Paulo César. DKW, a grande história da pequena maravilha. São Paulo: Alaúde Editorial, 2006. 384p. ISBN 85-98497-44-4.
- Blue Cloud, Clube DKW Vemag do Brasil. www.dkw.com.br. Acesso em 12 de março de 2007.
- Revista Eletrônica Motorcar. www.motorcar.com.br [1]. Acesso em 12 de março de 2007.