Aquilino Ribeiro
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Aquilino Gomes Ribeiro (Tabosa do Carregal, 13 de Setembro de 1885, 13h00 — Lisboa, 7 de Maio de 1963) foi um revolucionário e escritor português de grande sensibilidade para com o bucolismo e o sofrimento da massa popular da sua Beira natal.
É um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX. Inicia a sua obra em 1913 com os contos de Jardim das Tormentas e com o romance A Via Sinuosa, 1918, e mantém a qualidade literária na maioria dos seus textos, publicados com regularidade e êxito junto do público e da crítica.
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[editar] A vida de Aquilino Ribeiro
1885 - Nasce no Carregal (concelho de Sernancelhe) em 13 de Setembro. É baptizado na Igreja Matriz dos Alhais(Concelho de Vila Nova de Paiva).
1895 - Frequenta o Colégio da Lapa. Faz exame de instrução primária.
1900 - Entra no Colégio Roseira, de Lamego. Estuda Filosofia em Viseu. Entra depois no Seminário de Beja, obedecendo a um desejo da sua mãe que queria fazê-lo sacerdote.
1903 - Por falta de vocação, abandona os seus estudos durante a primeira parte do Curso Teológico no Seminário de Beja e fixa-se em Lisboa.
1904 - Regressa a Soutosa.
1906 - Vai para Lisboa. Convive com os meios literários e revolucionários e colabora em jornais.
1907 - É preso e acusado de ser terrorista na sequência de uma explosão acidental no seu quarto, na qual morreram dois conspiradores anti-monarquia, sendo Aquilino o único sobrevivente.
1908 - Evade-se da prisão e fica alguns meses na clandestinidade em Lisboa. Dá-se o regicídio acerca do qual existem teorias, ainda não comprovadas, que apontam no sentido de que Aquilino terá sido o terceiro atirador no assassinato do rei D.Carlos. Pouco tempo depois foge para Paris.
1910 - Estuda na Faculdade de Letras da Sorbonne. Vem a Portugal e regressa a Paris, onde conhecera Grete Tiedemann.
1912 - Reside alguns meses na Alemanha.
1913 - Casa com Grete Tiedemann e regressa a Paris. Publica o primeiro livro Jardim das Tormentas.
1914 - Nasce o primeiro filho Aníbal. Declarada a 1ª Guerra Mundial, Aquilino regressa a Portugal, sem ter terminado a licenciatura.
1915 - É colocado como professor no Liceu Camões, onde ficará durante três anos.
1918 - Publica A Via Sinuosa.
1919 - Entra para a Biblioteca Nacional de Portugal, a convite de Raul Proença. Convive com o chamado grupo da Biblioteca onde pontificam Jaime Cortesão e Raul Proença. Publica Terras do Demo.
1921 - Integra a direcção da revista Seara Nova.
1922 - Publica O Malhadinhas integrado no livro Estrada de Santiago.
1927 - Entra na revolta de 7 de Fevereiro, em Lisboa. Exila-se em Paris. No fim do ano regressa a Portugal, clandestinamente. Morre a primeira mulher.
1928 - Entra na revolta de Pinhel. Encarcerado no presídio de Fontelo (Viseu), evade-se e volta a Paris.
1929 - Casa com D. Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado. Em Lisboa é julgado à revelia em Tribunal Militar, e condenado.
1930 - Nasce-lhe o segundo filho, Aquilino Ribeiro Machado.
1931 - Vai viver para a Galiza.
1932 - Volta a Portugal clandestinamente.
1933 - Recebe o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, pelo seu livro As Três Mulheres de Sansão.
1935 - É eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
1946 - Publica Aldeia. Terra, Gente e Bichos.
1951 - Publica Geografia Sentimental.
1952 - Faz uma viagem ao Brasil onde é homenageado por escritores e artistas, na Academia Brasileira.
1956 - É fundador e presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.
1957 - Publica A Casa Grande de Romarigães.
1958 - Publica Quando os Lobos Uivam. É nomeado sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa. É militante da candidatura de Humberto Delgado à presidência da República.
1960 - É proposto para o Prémio Nobel da Literatura por Francisco Vieira de Almeida, proposta subscrita por José Cardoso Pires, David Mourão-Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, José Gomes Ferreira, Maria Judite de Carvalho, Mário Soares, Vitorino Nemésio, Abel Manta, Alves Redol, Luísa Dacosta, Vergílio Ferreira, entre muitos outros.
1962 - Nasce-lhe a primeira neta, Mariana, a quem dedica O Livro da Marianinha.
1963 - É homenageado em várias cidades do país por ocasião dos cinquenta anos de vida literária. Morre no dia 27 de Maio. Nessa mesma hora, a Censura comunicava aos jornais não ser mais permitido falar das homenagens que lhe estavam a ser prestadas.
1972 - É publicado o livro de memórias Um Escritor Confessa-se.
2007 - A Assembleia da República decide homenagear a sua memória e conceder aos seus restos mortais as honras de Panteão Nacional.
[editar] A obra
A linguagem de Aquilino Ribeiro caracteriza-se fundamentalmente por uma excepcional riqueza lexicológica e pelo uso de construções frásicas de raiz popular, cheias de provincianismos.
Aquilino foi sobretudo um estilista e, por isso, a sua linguagem vernácula e sem estrangeirismos é arejada, frequentemente condimentada nos diálogos com expressões entre grotescas e satíricas.
Apesar de ter optado por uma literatura de tradição, Aquilino procurou ao longo da sua vida uma renovação contínua de temas e processos, tornando-se assim muito difícil sistematizar a temática da sua vastíssima obra.
Num número considerável de obras, Aquilino reflecte, ainda que distorcidas pela imaginação, cenas da sua vida: o convívio com as gentes do campo, a educação ministrada pelos sacerdotes, as conspirações políticas, as fugas rocambolescas, os exílios, ...
Até 1932, ano em que fixa residência na Cruz Quebrada, todos os ambientes, contextos e personagens que Aquilino cria, remetem para a sua querida Beira natal. O Malhadinhas, Andam Faunos pelos Bosques e Terras do Demo constituem o melhor exemplo desta situação. De facto, ver-nos-emos, com uma extrema facilidade, envolvidos com as suas personagens beiroas, os seus costumes, tradições e modos de falar típico. É certo que este processo tem as suas vantagens e interesse, mas limita em demasia os horizontes enquanto escritor.
Aquilino Ribeiro como escritor não pode ser enquadrado em nenhuma das escolas e tendências da sua época. Foi sem dúvida um dos maiores escritores da Lingua Portuguesa.
[editar] Obras
Contos:
- Jardim das Tormentas (1913);
- Estrada de Santiago, onde se inclui o Malhadinhas (1922);
- Quando ao Gavião Cai a Pena (1935);
- Arca de Noé I, II e III (todos de 1963);
Romances e novelas:
- A Via Sinuosa (1918);
- Terras do Demo (1919);
- Filhas da Babilónia (1920);
- Andam Faunos pelos Bosques (1926);
- O Homem Que Matou o Diabo (1930);
- A Batalha sem Fim (1932);
- As Três Mulheres de Sansão (1932);
- Maria Benigna (1933);
- Aventura Maravilhosa (1936);
- S. Bonaboião, Anacoreta e Mártir (1937);
- Mónica; (1939)
- O Servo de Deus e a Casa Roubada (1941);
- Volfrâmio (1943);
- Lápides Partidas (1945);
- Caminhos Errados (1947);
- O Arcanjo Negro (1947);
- Cinco Réis de Gente (1948);
- A Casa Grande de Romarigães (1957);
- Quando os Lobos Uivam (1958);
- Casa do Escorpião (1963);
- O Romance da Raposa (1959)
[editar] O olhar dos outros
- "É um inimigo do Regime. Dir-lhe-á mal de mim; mas não importa: é um grande escritor." - António de Oliveira Salazar, sobre Aquilino Ribeiro.