Arquitectura religiosa
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A Arquitectura religiosa, assenta essencialmente nos edifícios de funções sagradas, as igrejas. A sua aparência exterior ganhava importância alegórica, equivalendo ou ultrapassando a do interior. Constituindo os templos verdadeiros índices das comunidades que os patrocinam e em que se integram: a nível económico, dada a maior ou menor dimensão e riqueza decorativa do edifício; a nível cultural, em função da erudição dos programas iconográficos; a nível social e político, pela associação explícita de importantes personalidades, régias, nobres ou eclesiásticas, que escolheram o templo para seu panteão; ou mesmo nos planos mental e militar, dado o carácter de alguma da sua escultura marginal. Locais de culto e oração, as igrejas românicas, particularmente em Portugal e Espanha, são também frequentemente os locais de reunião cívica das paróquias, pólos de festejo litúrgicos e profanos.
[editar] História do templo
A construção dos templos constituía assim uma das mais importantes tarefas das comunidades recém-formadas - quando não se formavam precisamente em torno de um mosteiro pré-existente, caso que configurará uma boa parte das fundações de novos povoados, particularmente em zonas de terras férteis e militarmente seguras. O modelo básico da igreja românica era o basilical, herdado da tradição paleocristã, que adaptou estes edifícios - de interior aberto e claro - às novas necessidades do culto, que exigia uma reunião dos fiéis para a celebração eucarística. Não serviam então para os primeiros cristãos, os templos da Antiguidade Clássica, abertos em grandes colunatas mas sem um verdadeiro espaço interior; facto que determinará, em boa medida, o pouco uso da coluna isolada em toda a arquitectura românica. Mesmo nos interiores, em que a função estrutural - suportando os arcos de separação das nave - era fundamental, são substituídas por pilares mais sólidos e de mais fácil factura, cuja composição se tornará progressivamente mais complexa, até chegar aos grandes feixes compósitos das grandes catedrais ou abaciais medievais. Exceptuando os casos em que a tradição da arquitectura romana era mais forte - como na Itália ou na França meridional, em exteriores como o de Pisa, ou interiores como de San Miniato al Monte em Florença, ou Saint Phillibert Tournus - a coluna seria remetida para funções decorativas, adossada a portais ou frestas, suportando os arcos do trifório ou dos deambulatórios, sobretudo nas igrejas de peregrinação ou que expunham relíquias; este seria, de resto, o único caso em que mantinham alguma autonomia, constituindo verdadeiras colunatas semicirculares, como podemos observar em Portugal na obra experimental de S. João de Alporão, em Santarém ou em Alcobaça. A Sé do Porto terá apresentado, seguindo o modelo de Santiago de Compostela, uma charola com este tipo de arranjo arquitectónico, ladeada de duas capelas poligonais e rematada por absidíolos radiais.
A basílica servia, no mundo romano, propósitos essencialmente civis, sediando tribunais ou bolsas comerciais, sendo a sua adaptação ao culto cristão. Eram edifícos de três naves de altura desigual, sendo a central mais alta e eiluminada por um amplo clerestório, aberto nas paredes laterais do nível superior, a separação das naves laterais, mais baixas e menos iluminadas, fazia-se por colunas que suportavam, em regra, uma arquitrave. As primeiras alterações introduzidas pelos cristãos foram no sentido de realçar a zona terminal do edifício. Às naves laterais foi frequentemente acrescentado um piso suplementar, assim se constituindo uma tribuna onde as mulheres poderiam assistir ao ritual litúrgico sem se misturarem com os homens. Todo este modelo evoluiria, com o advento da segunda construção da abacial de Cluny, operada entre 954 e 981, para a planta basilical beneditina, com um corpo de três ou cinco naves, um transepto desenvolvido e a multiplicação das capelas em torno da cabeceira - os absidíolos e as capelas radiantes, quando circundavam um deambulatório, no modelo comum das igrejas de peregrinação. A cobertura por abóbadas - de pleno cintro suportadas por arcos torais - tornava-se igualmente comum, cobrindo frequentemente as primeiras a nave central, e as segundas as laterais, assim contribuindo para travar as forças centrífugas exercidas a partir do centro da cobertura. O cruzeiro fica também consagrado como o centro simbólico do templo, local da eucaristia, e portanto da teofania, marcado pela luz que entra pela torre-lanterna que o cobre; a sua é mais complexa, com sistemas de cruzamento de ogivas ou cúpulas, aproximando o espaço quadrado do cruzeiro circular - por meio de um octógono como acontece na Sé de Lisboa - ligado por um sistema de trompas ou pendentes às paredes da cobertura.
Pelo que ficou dito depreende-se que a planta adoptada pela generalidade dos templos românicos é de carácter longitudinal, favorecendo um percurso interior e permitindo uma grande comunhão espacial e visual entre os crentes. A partir do modelo basical desenvolveu-se a cabeceira e os braços do transepto, dando a esta planta a forma comum de cruz latina, cujo intuito simbólico era extremamente importante já que se assemelhava à cruz de Cristo, a Santa Cruz que foi instrumento do seu martírio.
[editar] Tipologias da arquitectura religiosa
Templos | |||||||||
Mesopotâmia | Zigurate | ||||||||
Antigo Egipto | Templo egípcio | ||||||||
Antiguidade clássica | Templo grego - Templo romano | ||||||||
Budismo | Pagode - Templo budista | ||||||||
Cristianismo | Basílica - Capela – Catedral – Igreja - Paróquia | ||||||||
Hinduísmo | Templo hindu | ||||||||
Islamismo | Mesquita - Minarete | ||||||||
Judaísmo | Sinagoga |
Edifícios de comunidades religiosas | |||||||||
Abadia - Arrábita – Convento – Mosteiro |
Estruturas e edifícios funerários | |||||||||
Anta - Catacumba – Cripta – Jazigo – Mastaba – Mausoléu – Necrópole – Panteão – Pirâmide egípcia – Stupa |
[editar] Ver também
- Terminologia da arquitectura religiosa
- História da Arquitetura