Batalha de Alarcos
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![]() Um inimigo dos cruzados, ilustração de Gustave Doré |
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Batalha de Alarcos | |||||
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Conflito: Reconquista | |||||
Data: 18 de Julho de 1195 | |||||
Localização: Alarcos | |||||
Resultado: Vitória dos mouros almóadas | |||||
Combatentes | |||||
Reino de Castela | Mouros (Almóadas) | ||||
Comandantes | |||||
Afonso VIII de Castela | Ya'qub al-Mansur Fernández de Castro |
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Forças | |||||
desconhecidas | desconhecidas | ||||
Baixas | |||||
desconhecidas | desconhecidas | ||||
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A Batalha de Alarcos 18 de Julho de 1195, foi travada entre uma aliança de almóadas, liderados pelo califa Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur, alguma cavalaria castelhana liderada por Pedro Fernández de Castro contra o rei Afonso VIII de Castela. Foi também chamada de o Desastre de Alarcos nos reinos cristãos.
[editar] Antecedentes
Em 1190, o califa almóada Ya'qub al-Mansur forçou um armistício aos reis cristãos de Castela e Leão, depois de repelir os seus ataques aos territórios muçulmanos na Península Ibérica. No fim dessas tréguas, e depois de receber notícias de uma rebelião no norte de África, o rei Afonso VIII de Castela decidiu atacar a província de Sevilha. Um forte exército sob as ordens do arcebispo de Toledo Martín López de Pisuerga, que incluía cavaleiros da ordem militar de Calatrava, assolou e pilhou a região. Os governadores de Al-Andalus fizeram um pedido de ajuda tão pungente que Ya'qub al-Mansur decidiu sair de Marraquexe para liderar ele mesmo uma expedição contra os cristãos.
Aportou em Tarifa a 1 de Junho de 1195 e, depois de atravessar a província de Sevilha, o exército almóada chegou a Córdoba em 30 de Junho. Foi reforçado pelas poucas tropas conseguidas pelos governadores locais e por um contingente de cavalaria cristã sob o comando de Pedro Fernández de Castro, rebelado contra o seu rei.
A 4 de Julho Ya'qub saíu de Córdoba, atravessou o desfiladeiro de Muradal (ou Despeñaperros, na província de Jaén) e avançou pela planície de Salvatierra. Um destacamento de cavalaria da Ordem de Calatrava, juntamente com alguns cavaleiros de castelos locais, tentaram obter informações sobre as forças mouras e o seu destino. Cercados pelos muçulmanos, quase foram exterminados, mas conseguiram informações suficientes para alarmar o rei de Castela.
Afonso VIII apressou-se a reunir o seu exército em Toledo e a marchar para Alarcos (do árabe al-Arak), perto do rio Guadiana, onde actualmente se encontra Ciudad Real, cuja fortaleza ainda estava em construção. Determinado em impedir o acesso do inimigo ao vale do Tejo, não esperou os reforços de Afonso IX de Leão e de Sancho VII de Navarra.
Quando encontrou o exército almóada a 16 de Julho, Afonso percebeu a sua inferioridade numérica, mas mesmo assim deu batalha em vez de retirar para Talavera, à distância de poucos dias de marcha e já alcançada pelas tropas leonesas. Abu Yusuf não aceitou a batalha neste dia, preferindo descansar as suas forças. Mas na madrugada de quarta-feira, dia 18 de Julho, o exército mouro fez a formação para a batalha ao redor de uma pequena colina chamada La Cabeza, a uma distância de dois tiros de arco de Alarcos.
[editar] A batalha
O califa deu o comando da forte vanguarda ao seu vizir, Abu Yahya ibn Abi Hafs: na primeira linha os voluntários merínidas sob Abu Jalil Mahyu ibn Abi Bakr, com um grande corpo de arqueiros e os berberes da tribo dos zanatas. Atrás deles, na colina, o vizir com a bandeira do califado e a sua guarda pessoal, da tribo Hintata. No flanco esquerdo o exército árabe sob Yarmun ibn Riyah e no direito as hostes de Al-Andalus sob ibn Sanadid. Ya'qub al-Mansur comandou a retaguarda, com o melhor das forças almóadas (lideradas por Yabir ibn Yusuf, Abd al-Qawi, Tayliyun, Muhammad ibn Munqafad e Abu Jazir Yajluf al-Awrabi) e uma forte guarda de escravos negros. Era um exército formidável, cuja força Afonso VIII substimara.
O rei castelhano colocou a maioria da sua cavalaria pesada em um corpo compacto de cerca 8.000 homens, e deu o comando ao aguerrido Diego López II de Haro, senhor da Biscaia. A ideia era arrasarem o inimigo em uma carga avassaladora. O rei seguiria com a infantaria e as ordens militares para aniquilar completamente os mouros.
A carga da cavalaria cristã foi um pouco desordenada, mas ganharam o momento. Os cavaleiros caíram sobre os zanatas e os merínidas e dispersaram-nos. Atraídos pelo estandarte do califa, continuaram a carga subindo a colina e mataram o vizir Abu Yahya enquanto os hintatas caíram tentando protegê-lo. A maioria dos cavaleiros virou para a esquerda e, depois de uma dura luta, dispersaram as forças de ibn Sanadid.
Depois de três horas de batalha, fazia-se sentir o calor do meio-dia. A fadiga e os projécteis dos árabes desgastaram os cavaleiros, que usavam pesadas armaduras. Yarmun ladeava o flanco e a retaguarda de castela. Agora era a vez do ataque da elite das forças almóadas, com o próprio sultão à vista nas fileiras. Os cavaleiros ficaram quase cercados.
Afonso VIII avançou com o resto das suas forças para a peleja, mas viu-se atacado por todos os lados e sob uma chuva de flechas. Lutou no corpo-a-corpo por algum tempo, até ser retirado do calor da batalha, conta-se que quase à força, pela sua guarda, até retirar para Toledo. A infantaria castelhana ficou para ser aniquilada, juntamente com a maioria dos cavaleiros das ordens que lhes davam apoio. O senhor da Biscaia ainda tentou forçar a saída através do cerco de inimigos, mas acabou por se refugiar na fortaleza incabada de Alarcos, com apenas um pequeno grupo de cavaleiros.
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O castelo foi cercado, com cerca de 3.000 pessoas no interior, metade deles mulheres e crianças. O rebelado Pedro Fernández de Castro, que pouco participara da batalha, foi enviado pelo califa para negociar a rendição. Permitem que López de Haro e os sobreviventes se retirem, deixando 12 cavaleiros como reféns para o pagamento de um grande resgate.
O exército castelhano fôra destruído. Os mortos incluiam três bispos (de Ávila, Segovia e Sigüenza), o conde Ordoño García de Roda e os seus irmãos, os condes Pedro Ruiz de Guzmán e Rodrigo Sánchez, os Mestres Sancho Fernández de Lemus da Ordem de Santiago, e Gonçalo Viegas da Ordem de Évora. As perdas também foram pesadas para os muçulmanos: morrera o vizir e Abi Bakr, comandante dos voluntários merínidas, morreria das feridas desta batalha no ano seguinte.
[editar] Consequências
O desfecho da batalha ameaçou por algum tempo a estabilidade do reino de Castela. Todos os castelos da região renderam-se ou foram abandonados: Malagón, Benavente, Calatrava, Caracuel e a Torre de Guadalferza. Estava aberto o caminho para Toledo. Mas as perdas de Abu Yusuf obrigaram-no a voltar a Sevilha. Foi lá que ele tomou o título de al-Mansur Billah - feito vitorioso por Alá.
Nos próximos dois anos, as forças de al-Mansur devastaram a Extremadura, o vale do Tejo, La Mancha e a área ao redor de Toledo. Avançaram sobre Montánchez, Trujillo, Plasencia, Talavera, Escalona e Maqueda. Algumas destas expedições foram lideradas pelo renegado Pedro Fernández de Castro. E a diplomacia almóada obteve uma aliança com Afonso IX de Leão, furioso por o rei castelhano não ter aguardado por ele para a batalha de Alarcos, e a neutralidade de Navarra. Mas o califa acabou por retirar a Península Ibérica das suas prioridades. Sentindo-se doente, e com o seu objectivo de salvar Al-Andalus um pleno sucesso, voltou a África em 1198. Morreu em Fevereiro de 1199, e o império almóada ruiria pouco depois.
O contra-ataque castelhano demoraria 17 anos, altura em que o político rei de Castela, depois de negociar alianças com os reinos cristãos sob a influência de uma cruzada proclamada pelo papa Inocêncio III, liderou a derrota de Muhammad an-Nasir, o filho de Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur, na Batalha de Navas de Tolosa.
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