Elmano Soares
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Elmano Soares (Santos, 1894 - Três Lagoas, 4 de setembro de 1938) foi um jornalista, escritor, poeta e político brasileiro.
[editar] Biografia
Filho de Joaquim Soares, transferiu-se para a cidade de Três Lagoas no ano de 1916. Esposo de Lídia Soares; não tiveram descendência.
Dono de personalidade forte e de caráter íntegro, seu sonho era de possuir seu próprio jornal. Assim, em 10 de outubro de 1920, com Bernardo de Oliveira Bicca, editou o primeiro número da Gazeta do Comércio. Elmano Soares desempenhava a função de redator-chefe, tendo feito desse órgão de imprensa, publicado semanalmente, um dos mais conceituados da região do leste do sul matogrossense e do oeste paulista.
Devido a seu temperamento e a sua dura maneira de escrever, foi muitas vezes perseguido políticamente, tendo de se distanciar do trabalho e do lar algumas vezes por esse motivo.
Foi um dos fundadores da Associação de Imprensa Matogrossense.
Rosário Congro, outro poeta treslagoense, assim se expressou sobre a morte de Soares: “Elmano não deixou ouro nos bancos, mas pérolas, muitas pérolas que são os seus decassílabos. Rude e áspero na polêmica, ele também perlustrava o Parnaso, sabendo sentir as incomparáveis belezas da poesia. (...) Alheio a escolas ou correntes, não era simbolista à maneira do bardo negro, nem parnasiano ou condoreiro, como Olavo Bilac ou Castro Alves, mas fundia os seus bonitos versos com bronze do seu sentimentalismo livre e esvoaçante.”
Quando de seu falecimento precoce aos quarenta e quatro anos de idade, deixou cem poemas e sonetos escritos. Sonhava em publicá-los em forma de poemas reunidos sob o nome de "Cinzas," mas isso nunca se concretizou.
Com ele, pôs-se fim ao estilo que dera à Gazeta do Comércio e a um capítulo da história de Três Lagoas. O jornal posteriormente pertenceu a Júlio Mário Abott de Castro Pinto.
Foi patrono da cadeira de número 29 da Academia Sul-Matogrossense de Letras.
[editar] Sonetos [1]
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- Três Lagoas
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- Não era nada...Simplesmente terra adusta...
- Terra arenosa, improdutiva e má...
- Tua vegetação, rala e vetusta
- Nada produzia “fruto que Deus dá"...
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- Mas chega um dia multidão robusta
- E audaz, galgando o rio Paraná,
- Atira-se ao trabalho... não se assusta...
- E a estrada férrea logo após nos dá!
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- Desse primeiro germem de cidade
- Vem o Progresso que, imperioso e forte,
- Germina...cresce...em suma, tudo invade.
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- E cingindo-te a fronte de coroas,
- Como princesa de altaneiro porte,
- Ergueu-te um trono à beira das alagoas!
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- Rio Paraná
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- Como acurvado ancião já de cabelos brancos,
- De aspecto taciturno e os olhos rasos de água,
- Serpeias dia e noite, andas de frágua em frágua,
- Aos gritos de revolta arrebentando os flancos.
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- E no eco que se espalha empós pelos barrancos
- Cristaliza-se a dor que dentro d’alma eu trago-a
- Pois nela se reflete o turbilhão de mágoa
- Que me oprime e destrói, lentamente, aos arrancos,
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- Eu sou qual teu irmão, ó Paraná gigante,
- Neste destino igual ao dum judeu errante
- Passo os dias da vida angustiado o sentido
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- Em vão soluço e choro... Em vão exorto e clamo...
- E também como tu em raivas me derramo
- Na desesperação de eterno incompreendido.
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[editar] Notas
- ↑ Sonetos recolhidos por Flora Thomé em: THOMÉ, FLORA E.. Antologia Dimensional de Poetas Treslagoenses.