Escola austríaca
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A Escola Austríaca é uma corrente de pensamento económico que defende uma menor intervenção do Estado na economia, tendo como base o princípio de que quanto menor essa intervenção, maior a eficiência económica e consequentemente maior o bem-estar e liberdade dos indivíduos que compõem uma sociedade. [1]
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[editar] Origens
Por volta de 1870 desenvolveu-se uma nova escola de pensamento económico que tomou o nome de Escola Austríaca pelo fato de seus pricipais membros lecionarem em Viena, mas que seria talvez melhor chamada de escola marginalista. Seu movimento foi internacional e inclui nomes como Léon Walras na França e William Stanley Jevons na Inglaterra.
A chamada teoria austríaca do capital foi baseada no trabalho de Eugen von Boehm-Bawerk. Seu livro A Teoria Positiva do Capital (1889) [2] desencadeou uma controvérsia que dura até os dias de hoje.
Na visão da escola austríaca, o proceso económico se constitui na incorporação dos "fatores originais de produção" em bens de capital, de maior ou menor duração, que por sua vez produziriam valor ou utilidade, à medida em que fossem consumidos.
Entre a incorporação original do fator de produção e seu desfrute final no consumo decorre um intervalo de tempo chamado "período de produção".
Numa população em equilíbrio pode ser demonstrado que a população total ("estoque de capital") é igual ao número anual de nascimentos ou mortes ("renda") multiplicado pela longevidade média ("período de produção") . Portanto, quanto maior o "período de producão" maior será a será o número de "bens de capital" por unidade de "renda". Se o "periodo de produção" for constante, a "renda" dependerá exclusivamente do capital previamente acumulado. Isso contibuiu para mostrar os salários numa nova forma.
Infelizmente a utilidade prática da teoria de Böhm-Bawerk fica muito prejudicada pelo fato de que ela somente é válida em estados de equilíbrio. Os grandes problemas da teoria de capital são de caráter dinâmico e uma explicação baseada em comparações estáticas ajudam muito pouco para resolvê-los.[3]
[editar] Metodologia
A escola austríaca baseia-se no conceito filosófico de individualismo (em oposição ao conceito de colectivismo), sendo a sua visão Aristotélica/racionalista da economia divergente das teorias económicas neo-clássicas actualmente dominantes, baseadas numa visão Platónica/positivista da economia. [1]
A escola austríaca considera o individualismo metodológico como única fonte válida para a determinação de teorias económicas, ou seja, dada a complexidade e infinitos fatores que influenciam as decisões económicas dos vários indivíduos numa sociedade, a única forma válida de explicar essas decisões é estudar quais os princípios fundamentais que regem todas as ações humanas. [4]
À aplicação formal do individualismo metodológico dá-se o nome de praxeologia. Esta visa definir leis económicas válidas para qualquer ação humana, ou seja, preocupa-se em analisar quais os conceitos e implicações lógicas por detrás das preferências e escolhas dos indivíduos, considerando verdadeiras apenas as leis económicas que são válidas independentemente do tempo ou lugar em que se aplicam.
A praxeologia levou à definição axiomas como, por exemplo, de que o homem age sempre com a intenção de aumentar o seu conforto ou reduzir seu desconforto, respeitando sempre uma escala ordinal de necessidades que nem sempre são objectivas ou racionais.
Utilizando o mesmo axioma [4], concluem alguns, que um mercado livre da influência estatal é a forma mais eficiente de suprir as diversas necessidades que surgem numa sociedade, dada, segundo esses, a incapacidade do Estado em interpretar correctamente e suprir com eficiência as necessidades em constante mutação dos diferentes indivíduos que compõem uma sociedade.[4]
[editar] Ideias principais
- O mercado livre é a forma mais eficiente de alocação dos fatores de produção. Uma autoridade central é incapaz de gerir a informação dispersa pelos agentes económicos dado não ser possível quantificar com exactidão as necessidades de diferentes indivíduos em dado momento. Qualquer interferência estatal leva a distorções no mercado e consequente ineficiência económica. [4]
- A inflação é um fenómeno económico que não deve ser controlado ou manipulado pelo Estado. Num sistema bancário livre evitam-se as perdas de poder de compra resultantes da manipulação da massa monetária por parte dos bancos centrais. [4]
- O ciclo económico é a consequência visível das distorções induzidas pela intervenção do Estado na economia, dado ser inevitável que mais cedo ou mais tarde a economia reaja e contrarie a essas distorções com fases de reajustamento que normamlmente implicam períodos de contracção económica. Quanto maior o grau de liberdade de uma economia, menor a amplitude nominal e temporal dos ciclos económicos dada a maior eficiência na alocação dos fatores de produção. [4]
[editar] Membros da Escola Austríaca
[editar] Primeira geração
[editar] Segunda Geração
- Friedrich von Wieser
[editar] Terceira geração
- Hans Mayer,
- Leo Illy
[editar] Quarta geração
- Fritz Machlup
- Oskar Morgenstein
- Paul N. Rosenstein-Rodin
[editar] Quinta geração
- Israel Kirzner
- Ludwig Lachmann
A metodologia Austríaca pode ser encarada como a continuação de uma longa linha de pensamento económico que se estende desde Séc. XV até à era moderna, incluindo economistas como Richard Cantillon, David Hume, A.R.J. Turgot, Adam Smith, Jean-Baptiste Say, David Ricardo, Nassau Sénior, John Elliott Cairnes, e Claude Frédéric Bastiat. Alguns manuais de História do Pensamento Econômico englobam a Escola Austríaca na Escola Neoclássica, outros as consideram escolas distintas.
[editar] Ver também
[editar] Referências
- ↑ 1,0 1,1 PRUNES, Cândido. Mont Pèlerin 2005. Rio de Janeiro: Especial para o "Instituto Liberal", 19/8/2005
- ↑ ((en)) BOEHM-BAWERK, Eugen von. Positive Theory of Capital, The. Reprint Edition: Stechert & Co, 1930.
- ↑ ((en)) BOEHM-BAWERK, Eugen von. Positive Theory of Capital, The. Reprint Edition: Stechert & Co, 1930.
- ↑ 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 ((en)) Short History and Statement of Aims. Mont Pelerin Society
[editar] Bibliografia
- ((en)) BOEHM-BAWERK, Eugen von e HENNINGS, Klaus. Austrian Theory of Value and Capital, The.Editora: Edward Elgar, 1997. ISBN 1858982618
- ((pt)) BOEHM-BAWERK, Eugen von. Teoria da Exploração do Socialismo Comunismo, A. São Paulo: Editora José Olympio, 1987. ISBN 850300190X
- ((pt)) BOEHM-BAWERK, Eugen von. Teoria da Exploração do Socialismo Comunismo, A (Um extrato, online ). in Blog Olavo de Carvalho
- ((es)) BOEHM-BAWERK, Eugen von. Teoria de la explotacion, La. Editora: Union Editorail. ISBN 8472090442
- ((es)) BOEHM-BAWERK, Eugen von. Conclusion del sistema marxiano, La. Editora: Union Editorial. ISBN 8472093484
- ((es)) BOEHM-BAWERK, Eugen von. Ensayos de Teoria Economia, Vol. I. Editora: Union Editorial. ISBN 8472093476