Esperando Godot
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Esperando Godot ("En attendant Godot"/"Waiting for Godot") é uma peça de teatro de Samuel Beckett (1888/1976) escrita originalmente em francês e publicada em 1952. Pela sua temática e redação é classificada como Teatro do absurdo por alguns críticos teatrais. A expressão "Esperando Godot" era bastante utilizada em tempos passados para indicar algo impossível, ou uma espera infrutífera.
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[editar] A Estréia
A primeira encenação deu-se em 23 janeiro de 1953 no Theatro da Babilônia, em Paris, tendo por artistas Roger Blin, Pierre Latour, Lucien Raimbourg, Jean Martin e Serge Lecointe.
Em língua inglesa a peça estreou em agosto de 1955 no Teatro de Artes (Arts Theatre), em Londres, dirigida por Peter Hall.
No Brasil, as duas primeiras montagens de "Esperando Godot" foram amadoras: uma pela Escola de Arte Dramática - EAD, em 1955, com direção de Alfredo Mesquita e a outra, com direção de Luiz Carlos Maciel, em Porto Alegre, no ano de 1959.
Cacilda Becker junto com seu marido Walmor Chagas aceitaram o convite de Flávio Rangel para realizar, no primeiro semestre de 1969, a primeira montagem profissional do já conhecido texto de Beckett. Ela no papel de Estragon e Walmor no de Vladimir. O espetáculo foi encenado no Teatro Cacilda Becker - TCB. Durante uma apresentação diurna para uma assistência de estudantes, no dia 6 de maio, Cacilda Becker sente-se mal e é imediatamente levada para o hospital ainda em trajes do espetáculo. É diagnosticado derrame cerebral. Após permanecer em coma por 39 dias, ela morre em 14 de junho de 1969.
Em 1976, Antunes Filho dirigiu a primeira montagem brasileira com um elenco apenas de mulheres: Eva Wilma, Lillian Lemmertz, Lélia Abramo, Maria Yuma e Vera Lyma.
[editar] A Criação
Samuel Beckett escreveu a peça em 1948 e só veio a publicá-la no ano de 1952, em francês. Em 1955 ele publica a versão escrita em inglês.
A peça é dividida em dois atos. Nos dois atos, contracenam dois personagens: Vladimir (Didi) e Estragon (Gogo). Durante cada um dos atos, que são semelhantes na estrutura, surgem dois novos personagens: Pozzo e Lucky. Além destes, entra em cena no final de cada ato um garoto. Portanto, os personagens da peça são:
- Vladimir
- Estragon
- Pozzo
- Lucky
- Um garoto
[editar] O Enredo
Em um lugar indefinido - Estrada (caminho) do campo, com árvore, á noite (Route à la campagne, avec arbre. Soir) - dois amigos se encontram: Estragon e Vladimir. A primeira frase dita na peça, por Estragon, já indica a inutilidade da presença deles naquele lugar:"nada a fazer" (rien à faire). Eles lá se encontram para esperar um sujeito de nome Godot. Nada é esclarecido a respeito de quem é Godot ou o que eles desejam dele. Os dois iniciam um diálogo trivial que só será interrompido quando da entrada de Pozzo e Lucky. O aparecimento destes assusta os amigos, ainda mais pelo modo como os dois vêm: Pozzo puxa uma corda que na outra ponta está amarrada ao pescoço de Lucky. Lucky por sua vez carrega uma pesada mala que não larga um só instante. Entende-se pela situação que Pozzo é o patrão e Lucky seu criado. Os quatros trocam palavras, cada um com seu drama pessoal, até que Pozzo e Lucky saem. Em seguida, entra um garoto para anunciar que quem eles estão esperando - Godot - não viria hoje, talvez amanhã. Fim do primeiro ato.
O segundo ato é a cópia fiel do primeiro. O cenário é o mesmo, a menos da árvore que está um pouco diferente, com algumas folhas. Estragon e Vladimir voltam para esperar Godot, que talvez apareça nesse dia. Iniciam outro diálogo trivial, interrompido outra vez pela chegada de Pozzo e Lucky. Só que, inexplicavelmente, Pozzo está cego e Lucky está surdo. Dialogam. Após a partida destes, aparece um garoto (diferente do garoto do primeiro ato) anunciando que Godot não viria hoje, talvez amanhã. Pensam em se enforcar na árvore, mas desistem, ante a impossibilidade do ato ser simultâneo. O diálogo final, que encerra o ato e a peça é o seguinte:
- Vladimir: Então, devemos partir? (Alors, on y va?) (Well, shall we go?)
- Estragon: Sim, vamos. (allons-y.) (Yes, let's go.)
- Eles não se movem. (Ils ne bougent pas.) ( They do not move.)