Figueira
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
- Nota: Para outros significados de Figueira, ver Figueira (desambiguação).
Ficus spp. | ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
![]() Ficus carica |
||||||||||||
Classificação científica | ||||||||||||
|
||||||||||||
Espécies | ||||||||||||
|
As figueiras são árvores do gênero Ficus, família Moraceae. Também são conhecidas como fícus, gameleira ou gomeleira. Há mais de 1000 espécies de figueiras no mundo, especialmente em climas tropicais e subtropicais (o gênero Ficus é um dos maiores do Reino Vegetal). Não é indicado que se cultive essa planta perto das casas, pois ela tem a capacidade de rachar as paredes devido a sua raiz.
Índice |
[editar] Morfologia
As figueiras são normalmente árvores, embora algumas espécies não cresçam muito e permaneçam como arbustos, outros tenham hábito trepador, e haja até espécies rasteiras. Em todos os casos são plantas lenhosas, muitas com caule de forma irregular, ou escultural, com raizes adventícias e superficiais. As folhas são alternas, usualmente providas de látex. As flores são diminutas, unissexuais, reunidas em inflorescências especiais denominadas sincônio, que consiste em um receptáculo fechado, com as flores inseridas no lado de dentro, e um orifício de saída no ápice, ou ostíolo. Os frutos são aquênios que amadurecem dentro do próprio sincônio - quando este pode então ser chamado de figo.
As principais diferenças entre as espécies se dão pelo porte, forma do caule, forma, textura e consistência das folhas, cor, textura e forma dos sincônios. Há 4 subgêneros de Ficus separados entre si por características microscópicas em suas pequenas flores, e pela ocorrência de plantas unissexuais ou hermafroditas.
[editar] Ecologia
As figueiras possuem um dos sistemas de reprodução mais curiosos da natureza. Suas flores, encerradas nos sincônios, não têm contato direto com o ambiente externo, de forma que o pólen não pode ser transferido de uma planta a outra espontaneamente.
Há uma série de espécies de vespas minúsculas que se aproveitam da proteção do sincônio para depositar seus ovos. Elas procuram sincônios cujas flores femininas estejam maduras, e depositam seus ovos em seus ovários, de modo que as larvas, ao eclodir, se alimentarão das sementes. Quando atingem a fase adulta, os machos rapidamente fecundam as fêmeas e morrem (sem jamais terem saído dos figos). As fêmeas então procuram sair pelo ostíolo, escalando as paredes internas do sincônio. É neste momento que as flores masculinas estão maduras, de modo que depositam seu pólen sobre as fêmeas antes destas ganharem a liberdade. As fêmeas então repetirão seu ciclo, buscando um sincônio com flores femininas para depositar seus ovos, e ao mesmo tempo fertilizar as flores que não serão inoculadas.
Algumas espécies de figueiras só produzem figos com flores masculinas ou femininas. Neste caso, é comum os sincônios "masculinos" apresentarem flores femininas estéreis, incapazes de produzir sementes, mas que ainda assim servirão de alimento às larvas das vespas, assegurando que o processo acima descrito ocorra.
[editar] Espécies de figueiras mais populares
- F. elastica, árvore-da-borracha ou falsa-seringueira, é uma das árvores tropicais mais cultivadas do mundo. Nativa da Índia, é uma árvore de porte imponente, cujo caule e raízes - e até mesmo o tamanho das folhas - pode se apresentar de maneiras diferentes, de acordo com a variedade e as condições de cultivo. Normalmente produzem muitas raízes adventícias que, ao alcançar o solo, engrossam-se como verdadeiros troncos auxiliares. Alguns usam seu látex como bronzeador. Na verdade este látex é extremamente tóxico, e exposto ao sol, ele destrói a pele (o efeito de "bronzeamento", na verdade, é conseqüência da morte do tecido). Exposição prolongada ainda pode causar câncer.
- F. benjamina, fícus, ou figueira-benjamim originária da Índia, é cultivada por sua folhagem brilhante e delicada. É comum vê-la em vasos, com porte baixo e copa podada, mas é uma planta que pode ultrapassar os 20 metros de altura, e suas raízes podem destruir muros e pavimentos com facilidade.
- F. microcarpa, ou laurel-da-índia, é outra espécie indiana introduzida no Brasil como ornamental. Mas ao contrário das anteriores, a partir da décadas de 1970 e 1980, o Brasil foi colonizado, a partir do Havaí e do território continental dos Estados Unidos, por vespas capazes de efetuar a sua polinização de modo que, atualmente, a figueira consegue se reproduzir espontaneamente e ser propagada por pássaros. Suas sementes germinam em quase quaisquer condições, inclusive em rachaduras de construções, pontes, muros, calçadas... esta espécie cresce tanto quanto a figueira-benjamim, e em pouco tempo pode destruir tudo à sua volta.
- F. pumila, ou hera, ou figueira-trepadeira, é muito apreciada como ornamental. Possui raízes adventícias pequenas que se prendem a qualquer superfície, permitindo que a planta cresça sobre muros.
- F. clusiifolia, ou figueira-vermelha, nativa do Brasil, é uma das que se comportam como "estranguladoras". Ocasionalmente germinam sobre outras árvores, e comportam-se como epífitas até que suas raízes alcancem o solo. Então as raízes engrossam, crescem em volta da árvore hospedeira, até que a sufocam por apertamento e destruição dos feixes vasculares, e a matam. Seus frutos são vermelhos, pequenos, mas saborosos.
- F. gomeleira, ou gameleira branca, é nativa do centro-sul do Brasil, e cultivada por propriedades medicinais.
- F. carica, ou figueira comum, é a árvore que produz os figos comestíveis. Nativa do Oriente Médio e Mediterrâneo, seus frutos são consumidos desde a antigüidade. São popularmente usados in natura, em compotas e doces.
- F. benghalensis, ou bâniam, nativa da índia, possui raízes adventícias monumentais, por vezes crescendo mais em envergadura do que em altura. Em seu país de origem, há feiras e salas de aula construídas em meio às suas raízes.

- F. sycomorus, ou sicômoro, nativa do Oriente Médio, possui tronco forte, de grande circunferência. É provavelmente a árvore citada na Bíblia, no livro de Lucas, quando Zaqueu teria subido numa árvore desta espécie para ver a chegada de Jesus a Jerusalém.
- F. doliaria
- F. pandurata
- F. utilis
[editar] Precauções
Dentre as cerca de 1000 espécies, há muitas figueiras venenosas, e muitas com frutos comestíveis. As espécies do subgênero Pharmacosyce são quase todas tóxicas, enquanto nos outros 3 subgêneros são predominantemente inofensivas. Porém, a principal diferença entre estes grupos reside nas minúsculas flores inseridas no interior dos sincônios, cuja observação pode escapar aos olhos até mesmo de um botânico profissional. Portanto, antes de consumir figos desconhecidos, ou usar seu látex ou suas folhas para fins medicinais, procure um botânico que possa identificar as espécies corretamente e dizer se a espécie em questão é adequada ao consumo.
[editar] Leitura recomendada
Carauta, J. P. P. & Dias, B. E. 2002. Figueiras do Brasil. Editora UFRJ. 211pp.