Ibn Tumart
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Abu Abd Allah Muhammad Ibn Tumart (c. 1080 - 1128) (do berber amghār, filho da terra[1], em árabe أبو عبدالله محمد ابن تومرت), foi o líder religioso da tribo berber Masmuda e o fundador do movimento religioso dos mouros almóadas, que viria a dominar a região de Al-Andaluz (moderna Andaluzia) na Península Ibérica.
[editar] Origens
Ibn Tumart era membro da tibo berber Masmuda, na Cordilheira do Atlas. Filho de um do encarregado de acender as lamparinas de uma mesquita, e notado pela sua piedade desde a juventude, seria um rapaz pequeno e deformado que vivia como um mendigo devoto.
Terá passado um ano a estudar os escritos de teólogos como Ibn Hazm (994-1064) em Córdoba, Al-Andaluz. Depois fez a peregrinação a Meca, de onde foi expulso pelas suas críticas ferozes à laxidão de outros e foi para Bagdade, onde aderiu a uma escola ortodoxa.
Mas construiu ele mesmo um sistema próprio, combinando os ensinamentos do seu mestre com o misticismo e partes das doutrinas de outros, centrado no unitarismo e que representava uma revolta contra o que na sua opinião seria o antropomorfismo de Alá na ortodoxia muçulmana.
[editar] Criação do movimento almóada
Após o seu regresso a Marrocos, com a idade de 28 anos, começou a pregar contra os princípios religiosos da interpretação pessoal, aceitando apenas a tradição (Suna) e o consenso (Ijma). Liderou ataques a comerciantes de bebidas alcoólicas e a outras manifestações de heterodoxia. Terá chegado a atacar a irmã do emir almorávida Ali ibn Yusuf, nas ruas de Fez, por esta sair à rua sem véu.
Este emir chegou a convocar um debate teológico na cidade, convocando Ibn Tumart. Na conclusões deste debate foi declarado que os pontos de vista deste eram demasiado radicais. Ibn Tumart foi condenado à prisão mas o emir ter-lhe-á permitido a fuga.
Depois de expulso de várias outras cidades pelas suas demonstrações de zelo religioso, Ibn Tumart refugiou-se junto do seu povo, os Masmuda, na cordilheira do Atlas. Fundou o movimento dos almóadas, autoproclamou-se mahdi (o guiado, profeta redentor do Islão) e exortou todos os muçulmanos, especialmente os da Península Ibérica, a retornar às origens da sua fé, o Corão. A aceitação das suas ideias foi ajudada pelo descontentamento gerado pelo fracasso dos almorávidas em travar a Reconquista na Península Ibérica.
O mahdi era considerado impecável e infalível, exercendo uma autoridade que ninguém contestava. As tribos obedeciam a uma hierarquia, sendo os primeiros desta ordem os Hargha, de Ibn Tûmart. A própria sociedade era hierarquizada e a prática dos ritos religiosos era obrigatória.
Em 1125 começou uma rebelião aberta contra o poder almorávida. Estes atacaram Tinmel, a base de Ibn Tumart, mas foram repelidos. Depois foi a vez de os almóadas cercarem Marraquexe.
Apesar de morrer três anos depois, depois de uma grave derrota frente aos seus inimigos, o movimento de Ibn Tumart continuou. Liderados por Abd al-Mu'min, que por dois anos manteve a sua morte em segredo, viriam a vencer a luta pelo poder no norte de África e na Península Ibérica muçulmana.
[editar] Referências
- Histoire de l'afrique du Nord, des origines à 1830, Charles-André Julien, Paris, 1994
Precedido por Almorávidas (fundador do movimento) |
Líder almóada c. 1110 - 1128 |
Sucedido por Abd al-Mu'min (califa almóada) |