Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais
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Fundado em novembro de 1961 por Augusto Trajano de Azevedo Antunes(Ligado a Caemi) e Antônio Gallotti (ligado a Light)[1], o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES), serviu como um dos principais catalizadores do pensamento anti-Goulart. O IPES, durante seu principal periodo de ação, era localizado no edifício Avenida Central no Rio de Janeiro, vigésimo sétimo andar, possuindo treze salas.
A função primordial do IPES, era integrar os diversos movimentos sociais de direita para criar as bases de uma oposição que pudesse deter "o avanço do comunismo sovietico no ocidente"[2].
Índice |
[editar] Fundação
O IPES foi fundado por um grupo de empresários de São Paulo e do Rio de Janeiro durante o periodo politicamente conturbado da decada de 1960, tendo sua articulação inicial em novembro de 1961, logo após João Goulart assumir a Presidência do Brasil em setembro.
Pouco após a sua fundação, em 29 de novembro de 1961, o IPES passou a ser dirigido pelo General Golbery do Couto e Silva (anos depois, um dos artífices da ditadura militar), logo após o mesmo pedir para passar para a reserva do Exército Brasileiro.
[editar] Financiadores
Os maiores financiadores do IPES foram cinco empresas: Refinaria União, Light, Cruzeiro do Sul, Icomi, Listas Telefônicas Brasileiras, além de trezentas empresas de menor porte(desde indústrias alimentícias até farmacêuticas), além de diversas entidades de classe. O capital inicial liberado para o instituto foi de quinhentos mil dólares. Muitas entidades filantrópicas de senhoras cristãs, de orientação conservadora, também colaboraram com dinheiro em espécie, jóias e trabalho voluntário.
[editar] Objetivos
A função do IPES era coordenar a oposição politica ao governo Jango, e para tal tinha financiamento de grandes empresas nacionais e multinacionais. O objetivo do instituto, era fazer um levantamento da maneira de expressão do brasileiro de forma a mapear o comportamento social do público alvo, que era a classe média baixa da população, além dos formadores de opinião, como entidades religiosas diversas, para elaborar filmes publicitários, documentários, confecção de panfletos, e propagandas.
[editar] Atividades
Basicamente o IPES trabalhava com pesquisas e estatísticas para coleta de informações para elaborar filmes publicitários, documentários, panfletos, e propagandas contra o governo de João Goulart e seus aliados.
O IPES colaborou com diversas entidades de tendencia direitista, como a União Cívica Feminina, Campanha da Mulher pela Democracia, além de outras entidades ligadas à Igreja Católica. Também tentou cooptar os estudantes e operários para a oposição anti-janguista, sendo um dos livros publicados intitulado "UNE, instrumento de subversão", de autoria de Sônia Seganfredo.
O discurso adotado pelo IPES e pelos movimentos que colaboravam com o mesmo era o da defesa da democracia. Segundo constaUm dos pontos estabelecidos para as militantes era nunca dizer que estavam combatendo o comunismo, mas, sim, trabalhando em defesa da democracia[3], assim se fez a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 19 de março de 1964[4], que definitivamente desencadeou a queda de Jango].
Durante o periodo anterior a Revolução de 1964, o IPES encomendou a elaboração de documentários que seriam exibidos em salas de cinema, bairros de baixa renda, entre outros lugares. Os principais documentários foram: [5]
- A vida marítima
- Conceito de empresa
- Criando homens livres
- Deixem o estudante estudar
- Depende de mim
- História de um maquinista
- Nordeste problema número um
- O Brasil precisa de você
- O IPÊS é o seguinte
- O que é democracia
- O que é o IPÊS
- Portos Paralíticos
- Uma economia estrangulada
[editar] Os métodos
A propaganda do IPES se baseava na égide da defesa da moral e dos bons costumes da família brasileira.
Dentre os métodos utilizados pelo IPES para mobilizar a população contra o trabalhismo de Goulart, houve palestras direcionadas as mães e donas de casa alertando para o possivel dano que o comunismo causaria a entidade familiar.
Simultaneamente eram distribuídos panfletos entre a população, endereçados aos fazendeiros e agricultores[6], outros panfletos davam ênfase à palavras chave, como democracia, subversão, liberdade[7], o clero fazia publicar mensagens dirigidas ao Presidente[8].
Por fim, o IPES mantinha contato estreito com a Igreja Catolica e mantinha diversos programas de radio em cadeia local e nacional, aonde personalidades da direita brasileira apresentavam seus discursos.
[editar] Bibliografia
- Observatório da Imprensa, Propaganda e cinema a serviço do golpe (1962-1964), de Denise Assis, Mauad/Faperj
- DREIFUSS, Rene Armand. 1964: A Conquista do Estado. 1 ed. Petrópolis: Vozes, 1981. 814 p.
- Hernán Ramiro Ramírez "Os institutos econômicos de organizações empresarias e sua relação com o Estado em perspectiva comparada: Argentina e Brasil, 1961-1996". (Tese de Doutorado). Porto Alegre, UFRGS, 2005.
[editar] Notas
- ↑ O Quartel e o Capital - Istoé Dinheiro
- ↑ Birkner, Walter Marcos Knaesel. O realismo de Golbery. Itajaí, Ed. Univali. 2002. Pg 20.
- ↑ A preparação do golpe - Observatório da Imprensa
- ↑ Marcha da Família com Deus pela Liberdade - Fundação Getúlio Vargas
- ↑ Corrêa, Marcos. O discurso golpista nos documentários de Jean Manzon para o IPÊS (1962/1963). Campinas, São Paulo. 2005. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas.
- ↑ Reprodução de panfleto
- ↑ Panfleto contrário à política agrária do governo Goulart
- ↑ Reprodução de panfleto